Primeiro sonho:
O dia tinha sol, mas continuava frio. Logo ao acordar "Alra" relatou-me seu sonho: “Primeiro sonhei que minha mãe foi pegar o tapete da porta do banheiro e havia uma cobra dentro dele, entre o tecido de cima e o forro. Ela achou que a cobra não ia sair dali de dentro. Mas a cobra não apenas saiu como picou o pé dela e ficou agarrada a seu pé sem se soltar. Fui buscar um vidro para capturar a cobra pensando que ia ter de levar minha mãe num médico e mostrar-lhe a espécie a fim de que ela pudesse ser medicada corretamente. Embora exista a repetição da cobra nos sonhos, nesse caso a ameaça e tensão pareceu estar mais voltada para a figura materna do que para mim. Há alguma diferença de significado a ser analisada?”
Em geral fico fascinada com o universo onírico e com a sutileza com que nos coloca de frente para o sentido primordial da vida. Recomendei "Alra" a ver esse sonho, em princípio, como curto, parecido com qualquer outro sonho que envolva um réptil tão “comum” como a cobra. Não considerei a simbologia de uso corrente, apenas a primordial. Mãe e cobra são símbolos arquetípicos fundamentais, origem da energia, mediadora e a energia propriamente dita. Há dinâmica de libido em movimento natural de integração de energia ainda selvagem e bruta que se agrega à consciência. A energia surge como sinal na extremidade do corpo, na ponta dos pés, indicando que precisará ser tratada e trabalhada para atingir níveis mais elevados da consciência. Essa energia elevará suas polarizações (tensão), anunciando a necessidade de cautela, calma, resposta ativa, iniciativa, para que consiga superar a transição nas mudanças que se operam na sua dinâmica corporal. Lidar com energias primordiais exigem sempre muito cuidado, entre outras coisas, indica necessidade de aumento do tempo de resposta frente aos acontecimentos diários na sua vida, para diminuir a reatividade e ter mais tempo para elaborar respostas menos tempestivas e impulsivas. Simbolicamente para crescer é preciso matar os pais dentro de nós, pois isso abre espaço para a maturação pessoal. Assim o sonho indica o inicio desse processo de transformação da mãe para uma significação abstrata e simbólica (no divino). O sonho sinaliza a necessidade de "Alra" se preparar para a sua separação da mãe, na realidade, a morte da mãe, já que uma perda deste naipe tenderá a provocar-lhe um aumento de tensão num nível perigoso. Também há o outro lado que faz referencia à sua natureza de mulher como mãe, geratriz e fonte de vida. O momento pode ser indicativo de maiores possibilidades para fecundação. A alternativa de procurar um vidro para a captura da cobra simboliza transparência, uma resposta mais favorável do que a opção de matar a mesma. Em síntese o sonho indica uma busca sensata frente ao imprevisível, ao invés de uma resposta emocional passional e de desespero.
O dia tinha sol, mas continuava frio. Logo ao acordar "Alra" relatou-me seu sonho: “Primeiro sonhei que minha mãe foi pegar o tapete da porta do banheiro e havia uma cobra dentro dele, entre o tecido de cima e o forro. Ela achou que a cobra não ia sair dali de dentro. Mas a cobra não apenas saiu como picou o pé dela e ficou agarrada a seu pé sem se soltar. Fui buscar um vidro para capturar a cobra pensando que ia ter de levar minha mãe num médico e mostrar-lhe a espécie a fim de que ela pudesse ser medicada corretamente. Embora exista a repetição da cobra nos sonhos, nesse caso a ameaça e tensão pareceu estar mais voltada para a figura materna do que para mim. Há alguma diferença de significado a ser analisada?”
Em geral fico fascinada com o universo onírico e com a sutileza com que nos coloca de frente para o sentido primordial da vida. Recomendei "Alra" a ver esse sonho, em princípio, como curto, parecido com qualquer outro sonho que envolva um réptil tão “comum” como a cobra. Não considerei a simbologia de uso corrente, apenas a primordial. Mãe e cobra são símbolos arquetípicos fundamentais, origem da energia, mediadora e a energia propriamente dita. Há dinâmica de libido em movimento natural de integração de energia ainda selvagem e bruta que se agrega à consciência. A energia surge como sinal na extremidade do corpo, na ponta dos pés, indicando que precisará ser tratada e trabalhada para atingir níveis mais elevados da consciência. Essa energia elevará suas polarizações (tensão), anunciando a necessidade de cautela, calma, resposta ativa, iniciativa, para que consiga superar a transição nas mudanças que se operam na sua dinâmica corporal. Lidar com energias primordiais exigem sempre muito cuidado, entre outras coisas, indica necessidade de aumento do tempo de resposta frente aos acontecimentos diários na sua vida, para diminuir a reatividade e ter mais tempo para elaborar respostas menos tempestivas e impulsivas. Simbolicamente para crescer é preciso matar os pais dentro de nós, pois isso abre espaço para a maturação pessoal. Assim o sonho indica o inicio desse processo de transformação da mãe para uma significação abstrata e simbólica (no divino). O sonho sinaliza a necessidade de "Alra" se preparar para a sua separação da mãe, na realidade, a morte da mãe, já que uma perda deste naipe tenderá a provocar-lhe um aumento de tensão num nível perigoso. Também há o outro lado que faz referencia à sua natureza de mulher como mãe, geratriz e fonte de vida. O momento pode ser indicativo de maiores possibilidades para fecundação. A alternativa de procurar um vidro para a captura da cobra simboliza transparência, uma resposta mais favorável do que a opção de matar a mesma. Em síntese o sonho indica uma busca sensata frente ao imprevisível, ao invés de uma resposta emocional passional e de desespero.
Segundo sonho:
“Sonhei que estava dentro de um ônibus quando uma moça entrou acompanhada do namorado. Ela parecia bastante cansada e ele atencioso. Fiquei a observar a cena imaginando como seria se eu estivesse naquela situação. O sonho lembrado foi só esse, mas deixou alguns pontos reflexivos. Nunca me imaginei namorar um homem que não tivesse condições suficientes para ao menos ter um carro. Algumas vezes até tentei namorar rapazes de condições precárias, mas minha mãe criticava tanto que eu no final acabava dando razão para ela de que não valia à pena. Claro que na verdade não existia amor de fato nas tentativas iniciais de relacionamento, pois caso contrário eu pressuponho que não deixaria de viver um amor com alguém por uma justificativa tal banal. Entretanto, sempre fiquei com a idéia pré-concebida do tipo de homem que podia estar dentro das minhas expectativas e necessidades.
Há algum tempo venho tentando deixar isso cair por terra. Sei que o valor de uma pessoa está em sua moral, na índole de suas atitudes, mas na prática apenas isso nunca me foi suficiente pelo interesse de encontrar alguém que preencha aquilo que não tenho vontade de ser ou ter pessoalmente, mas que tenho vontade de vivenciar através de outra pessoa. Pior é que já tive experiências desgastantes por conta disso, mas o ego parece uma máquina de fabricar ilusões convincentes e expectativas de que o improvável pode um dia se tornar real. Voltando ao sonho, o carro é um exemplo básico de exigência do ego: não sei dirigir e nem tenho vontade de aprender, muito menos de ter um carro. Entretanto gosto (e gostaria) de usufruir disso através de outro alguém. A profissão bem sucedida é outro grande exemplo. Enfim, é quase a necessidade de estar com alguém que eu admire por ter e fazer aquilo que não tenho e não faço e nem pretendo ter ou fazer, mas que por vezes me cobiça o ego. Há um tempo atrás eu jamais olharia para um casal de namorados dentro de um ônibus e ficaria me imaginando em tal situação, entretanto, em tal sonho, (não sei se na realidade aconteceria o mesmo), eu provoquei em mim uma espécie de re-análise da minha própria situação, dos meus condicionamentos limitadores. Estou tentando ver as coisas por outro nível de análise e daí eu fico pensando que talvez eu possa me sentir muito melhor com alguém como eu, mesmo que isso possa geral uma vida de privações materiais, do que me limitar a ilusões que, realizáveis ou não, serão sempre ilusões. Estou tentando acordar sozinha para a simplicidade da vida e deixar de ser uma branca de neve a espera de ser acordada através de um príncipe encantado. O sonho seria um indicio dessa necessidade de modificar meu condicionamento de compensação frente aos relacionamentos ou será que já é uma demonstração do início dessa mudança?”
Respondi-lhe que sua reflexão era bastante pessoal, mas era necessário que re-avaliasse seus conceitos e sua forma de conduzir a vida. Percebi equívocos que prejudicavam seus vôos, suas liberdade e que a levavam direto para o século passado, para a submissão ao macho. A vida no presente exige-lhe que assuma, antes de tudo, compromisso com suas realizações, pré-requisito básico para escapar da submissão, da dependência do outro. Quando ela deixa de realizar aquilo que significará sua independência, material, econômica, de sobrevivência, "Alra" deixa ao outro a responsabilidade da sua manutenção e passa a se submeter à vontade do outro. Tudo bem que ela possa se entregar ao rico, ou ao plebeu, sonhando com o príncipe, mas antes dessa entrega ela precisa investir na segurança de suas realizações e conquistas, para não ficar na submissão da presença subjetiva do outro. A vida moderna exige de todos nós esta conquista e exige mais das mulheres que se fazem servas dos desejos masculinos. E mais, o esforço de sobrevivência exige um comprometimento do casal, nas conquistas, nas divisões das tarefas, na prosperidade que os dois conquistam, na realização dos sonhos e no crescimento. A independência nasce quando nos voltamos para construir nosso destino independente do outro. Sem rodeios disse para "Alra" aprender a dirigir sua vida, a se sustentar e a se cuidar. A mensagem era essa, mas é claro que "Alra" não se permitiria tal autonomia enquanto pudesse estar sobre os cuidados de alguém, no caso, da mãe. Primeiro "Alra" precisaria aprender a admirar suas próprias conquistas, realizações e superações para só depois se encantar com a realização alheia.
Há algum tempo venho tentando deixar isso cair por terra. Sei que o valor de uma pessoa está em sua moral, na índole de suas atitudes, mas na prática apenas isso nunca me foi suficiente pelo interesse de encontrar alguém que preencha aquilo que não tenho vontade de ser ou ter pessoalmente, mas que tenho vontade de vivenciar através de outra pessoa. Pior é que já tive experiências desgastantes por conta disso, mas o ego parece uma máquina de fabricar ilusões convincentes e expectativas de que o improvável pode um dia se tornar real. Voltando ao sonho, o carro é um exemplo básico de exigência do ego: não sei dirigir e nem tenho vontade de aprender, muito menos de ter um carro. Entretanto gosto (e gostaria) de usufruir disso através de outro alguém. A profissão bem sucedida é outro grande exemplo. Enfim, é quase a necessidade de estar com alguém que eu admire por ter e fazer aquilo que não tenho e não faço e nem pretendo ter ou fazer, mas que por vezes me cobiça o ego. Há um tempo atrás eu jamais olharia para um casal de namorados dentro de um ônibus e ficaria me imaginando em tal situação, entretanto, em tal sonho, (não sei se na realidade aconteceria o mesmo), eu provoquei em mim uma espécie de re-análise da minha própria situação, dos meus condicionamentos limitadores. Estou tentando ver as coisas por outro nível de análise e daí eu fico pensando que talvez eu possa me sentir muito melhor com alguém como eu, mesmo que isso possa geral uma vida de privações materiais, do que me limitar a ilusões que, realizáveis ou não, serão sempre ilusões. Estou tentando acordar sozinha para a simplicidade da vida e deixar de ser uma branca de neve a espera de ser acordada através de um príncipe encantado. O sonho seria um indicio dessa necessidade de modificar meu condicionamento de compensação frente aos relacionamentos ou será que já é uma demonstração do início dessa mudança?”
Respondi-lhe que sua reflexão era bastante pessoal, mas era necessário que re-avaliasse seus conceitos e sua forma de conduzir a vida. Percebi equívocos que prejudicavam seus vôos, suas liberdade e que a levavam direto para o século passado, para a submissão ao macho. A vida no presente exige-lhe que assuma, antes de tudo, compromisso com suas realizações, pré-requisito básico para escapar da submissão, da dependência do outro. Quando ela deixa de realizar aquilo que significará sua independência, material, econômica, de sobrevivência, "Alra" deixa ao outro a responsabilidade da sua manutenção e passa a se submeter à vontade do outro. Tudo bem que ela possa se entregar ao rico, ou ao plebeu, sonhando com o príncipe, mas antes dessa entrega ela precisa investir na segurança de suas realizações e conquistas, para não ficar na submissão da presença subjetiva do outro. A vida moderna exige de todos nós esta conquista e exige mais das mulheres que se fazem servas dos desejos masculinos. E mais, o esforço de sobrevivência exige um comprometimento do casal, nas conquistas, nas divisões das tarefas, na prosperidade que os dois conquistam, na realização dos sonhos e no crescimento. A independência nasce quando nos voltamos para construir nosso destino independente do outro. Sem rodeios disse para "Alra" aprender a dirigir sua vida, a se sustentar e a se cuidar. A mensagem era essa, mas é claro que "Alra" não se permitiria tal autonomia enquanto pudesse estar sobre os cuidados de alguém, no caso, da mãe. Primeiro "Alra" precisaria aprender a admirar suas próprias conquistas, realizações e superações para só depois se encantar com a realização alheia.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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