Obrigada pela visita!

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Passeio na fazenda da titia "Florymel"...










Acordei bem cedo para ir com mamãe até a chácara. Primeiro fomos até a chácara da tia “Florymel” e somente depois do almoço é que seguimos até a nossa. Vovó há vários dias está na chácara dela e, resumindo, posso dizer que tudo decorreu tranquilo. O mato na minha chácara está batendo no joelho e fora isso o sol quente e o imenso calor estava super desanimador. Fiquei bastante cansada e não vejo a hora de ir dormir para repor as energias. Virada de ano dessa vez vai ser no terceiro sono...

Que assim seja!

Carla de Airaf Parreira e Mateus Eduardo desejam a todos um feliz e próspero ano novo...

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sonho de esquivar-me sempre...


Sonhei que minha irmã, cunhado e sobrinha estavam aqui em casa com mais uma turma de amigos. Eu permanecia esquiva na garagem quando minha mãe veio conversar comigo. Havia uma viagem programada para Caldas Novas, mas eu não queria ir, pois não achava que fosse um passeio agradável se ia ter que aguentar a “convivência familiar”. Nisso a turma de amigos já de saída para irem embora vieram se despedir de mim. Enquanto apertava na mão de algumas senhoras, uma delas perguntou algo que não lembro, e minha resposta um tanto objetiva demais foi: “porque assim tenho sossego”. Havia um homem já de meia idade que invocado queria dançar comigo, mas eu não estava interessada e me esquivava. Nisso uma jovem me abraçou para se despedir e percebendo que meu abraço era com descaso ela mandou-me abraçá-la forte. Embora também não estivesse interessada em tal abraço, o fiz pensando que assim ela me largaria logo. Entretanto ela não se desabraçava de mim e cheguei a comentar isso em voz alta quando simplesmente me desabracei dela, embora continuasse presa no abraço dela. Achei aquilo chato, mas ao mesmo tempo era curioso e tentava desvendar que motivo a fazia comportar-se daquele modo. Os demais não estranharam o fato e talvez ela realmente tivesse mania de “se grudar” aos outros. Mas o que a levava a isso? Estaria ela tentando conquistar minha consideração? Estaria ela achando que eu precisava de afeto? Estaria ela querendo ser caridosa? Estaria ela numa crise de carência da minha pessoa, mesmo tendo acabado de me conhecer? Como eu não estava por conta de ficar abraçada a ela, fiz mais força para desvencilhar-me e assim que consegui retirei-me para beber água. Minha sobrinha foi atras de mim e suspirando fundo, como que para espantar a irritação de não conseguir ficar sozinha, esquivei-me outra vez e não lhe dei atenção.

“Distanciamento crítico, afetivo, afetuoso e social. Aquela que lhe abraça e não desgruda faz o papel de quem chama a atenção para si, porque vê que você não consegue partilhar o convívio e vive na insociabilidade. Você deseja a convivência, mas dentro de seus limites, de acordo com a forma preestabelecida nas relações, ou seja, se relaciona com o outro através da negação. O sonho indica o apelo coletivo pela sua inclusão nas relações, sendo solicitada para interagir, e você respondendo com a negação, a esquiva e a rejeição. Lamenta a rejeição, mas atua rejeitando, se distanciando, se excluindo e excluindo os demais, desprezando e criticando. Como já lhe disse anteriormente você esta segregando os outros e se segregando. Deseja o convívio, mas se isola, como numa ilha, onde se basta. A convivência familiar se torna um martírio. As pessoas lhe tiram o 'sossego'. Mas onde reside o desassossego? Você reafirma o pensamento existencialista de Sartre: 'O inferno são os outros'. Mas a questão é que tudo está dentro de si mesma. O inferno é criação pessoal. Você se inferniza e se atormenta criando e projetando sua criação no mundo que escolhe viver.
A viagem é a indicação de mudança que você evita por capricho, desinteresse ou porque para realiza-la se faz necessário aceitar um pré-requisito básico: a inclusão social, a participação no coletivo, o abandono dos ressentimentos e mágoas do passado, o abandono da rejeição. Até mesmo a dança que parece-me a maior expressão lúdica do seu afeto, pelo movimento, desafio e pelo seu lado exibido que anseia aceitação, também é rechaçada. Resumindo: envolvida na ação de exclusão e de rejeição da irmã e da mãe, todo o coletivo é contaminado e você atinge a si mesmo se boicotando em possibilidades de laser e elação. Prevalece o foco na negação. Você abandona suas possibilidades de realização e mergulha na punição do outro e de si mesma no mundo do não. Um lado interessante do 'não' é a ação contaminadora que aciona. Você passa a retirar prazer do 'não' dito com a intenção de punição que inflige ao outro. O não passa a ser uma forma de poder frustrar o outro. Então você entra num estado compulsivo negativo em que se aprisiona e, quanto mais diz não, mais nãos dirá. Frustrando o outro consegue obter prazer na negação, mesmo que também se puna impedindo de viver outros prazeres. A ação se envereda na compulsão negativa, 'o impedimento', fazendo de si uma anoréxica afetiva. Ao invés de se alimentar do afeto e do prazer da comunhão, você se alimenta da negação do afeto.
Costumo ressaltar os perigos e as armadilhas com as quais nos defrontamos em nosso dia a dia. Praticamente tudo tem armadilha quando a consciência se perde, quando abandonamos o senso crítico e nos tornamos resultado dos movimentos que não sabemos limitar. Os limites são fundamentais na formação de uma pessoa, no estabelecimento de sua conduta, na disciplina de seus hábitos, mas se tornam uma armadilha quando passam a limitar a expansão da pessoa, impedindo-lhe de realizar aquilo que lhe é imprescindível realizar. O seu destino lhe empurra para a vivência coletiva, que significa os rituais de crescimento, amadurecimento e transposição para a vida adulta. Quando se perde em velhos hábitos ou formas de responder aos reclames da vida, como por exemplo na negação, você se boicota e se impede de interagir de forma mais ampla com as pessoas do seu entorno. Se fecha numa ilha e se alimenta do isolamento que se impõe e do prazer de se negar ao outro. Neste momento a resistência prevalece, seu mundo se contrai, você se paralisa encantada com o seu poder de frustrar. Os sinais indicam perigo de retrocesso e prevalência das velhas formas de se manifestar no mundo. Você nega o afeto, abandona a viagem, se alimenta do não alimento e se perde no não.
I00% ᗨᒣᖈᗄᑐ ᗄᖈ!ᙐᖈᖈᗨժ *o*
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Sonho com poder mental: consciencia X sutileza...


Lembro que tive três sonhos aparentemente diferentes. Primeiro eu conversava com alguém que me perguntou sobre algo do meu dia a dia. Disse-lhe que num momento era bom e no outro nem tanto. Daí não lembro se foi ele ou eu, mas um de nós comentou que em verdade o evento era sempre igual, a diferença estava nas minhas emoções perante os fatos, na mudança de postura sentimental, na minha predisposição racional de perceber o externo, analisá-lo e canalizá-lo para o mundo interno. Numa segunda lembrança eu estava num local quando facilmente percebi que conseguia mover os objetos com um impulso mental. Era fácil fazê-lo, embora eu sentisse um desgaste de energia. Havia uma outra mulher no local e como ela não sabia que era eu quem tinha aquele poder, julgou haver fantasmas no lugar e transpareceu estar amedrontada. Embora não tenha lhe contado a verdade, tentei tranquilizá-la, mas ainda assim continuei movendo os objetos fascinada com tal capacidade.
Em terceiro eu estava numa casa com meu pai e haviam várias garrafas de água enfileiradas numa prateleira acima da pia e na quina da parede. Tomei água de duas destas garrafas e notei que as mesmas estavam levemente geladas, mesmo permanecendo no ambiente natural. Ademais, uma vez recolocadas na prateleira, as mesmas se auto-completavam de água novamente. Era como se houvesse algum truque mágico, o qual não consegui identificar. Depois de aliviar a sede, sentei-me para desenhar e também tentava assistir a dois filmes que passavam em duas televisões. Num dado momento escutei cantarem as músicas religiosas iniciais de um trabalho de um centro espírita no qual ficara de visitar. Então chamei uma outra mulher que saiu na minha frente mostrando-me o caminho. Comentei que na pressa esquecera de pegar as chaves de casa e duas coisas poderiam me acontecer: uma seria meu pai deixar a porta aberta e eu entrar normalmente, outra seria meu pai não perceber meu esquecimento e fechar a porta. Nesse caso, para não acordá-lo, comentei que talvez precisasse dormir na casa dela. A princípio estávamos andando, mas depois começamos a ir muito rápido e notei que flutuava. Logo depois eu já passava pelos cômodos do local religioso estando pouco abaixo do teto, de forma que observava tudo do alto. Mas conforme fui me dando conta do que fazia, conforme o ampliar da consciência, passei a ter dificuldade de atravessar as paredes e cortinas. Então escutei uma voz me alertar da sutileza. Treinei até combinar o ponto exato de consciência e sutileza e, conseguindo penetrar a cabeça na parede que dava para o exterior do prédio, olhei naturalmente para baixo: era como se eu estivesse na varanda de um ultimo andar. Achei a vista maravilhosa, bem como a capacidade de estar fazendo aquilo. Haviam várias pessoas na entrada lá embaixo e eu podia ver tudo transpondo a cabeça pela parede.
Resolvi descer para o piso daquele andar e notei os trabalhos de cura que ali eram realizados. Alguns médiuns demonstravam que me viam e então percebi que mentalmente e sutilmente eu podia ajudá-los. A sensação era fascinante. Eu podia mandar carinho aos pacientes mesmo permanecendo a certa distância. Já na saída do local vi um casal de japoneses irmãos. Então acenei para a jovem um beijo e apontei para o irmão dela que não podia me ver. Ela não entendeu direito e como se estranhasse o fato de seu irmão ser um conhecido meu, olhou-me com cara de dúvida enquanto recepcionava uma outra pessoa que não percebia o que se passava. Novamente beijei a ponta dos dedos e mandando o mesmo apontei para o irmão dela, o qual, trabalhando, se retirou apressado para outro cômodo depois de pegar alguns papeis. Sentindo que ela compreendera o recado, retirei-me de lá e instantaneamente já estava noutro local donde comentava com duas pessoas tudo o que acontecera, o quanto fora engraçado e fascinantes as experiências e aprendizados que tivera. Interessante que nesse momento eu me sentia mais homem do que mulher. Era como se eu não fosse nem uma coisa e nem outra, ou melhor, era como se eu fosse as duas coisas podendo, de acordo com os sentimentos, sentir-me mais feminina ou mais masculina. Continuei sonhando e imagino que devo ter tido vastos sonhos interessantes, mas só lembro disso.

Alra assim comentou: “A experiência de viver poderia ser traduzida, na falta de outros recursos, como o efeito que um evento dentro da realidade promove no corpo de um individuo, cujo resultado é percebido/sentido como uma 'impressão'. Sobre isso Einstein nos alertou que uma onda produzida aqui reverbera por todo o universo. Nós detectamos algumas dessas ondas, e se assim não fosse, sem filtros a vida poderia ser um inferno, na percepção do caos. A vida só existe dentro de nós ainda que este existir só exista em decorrência daquilo que existe fora de nós, ou seja, a vida independe de nossa existência, ainda que 'exista' só a partir da experiência pessoal. Costumo dizer que a vida é cheia de armadilhas, a rotina é uma delas. Não porque haja igualdade nas ações de uma pessoa que todos os dias faz a mesma coisa, mas porque a sensibilidade fica entorpecida, e o sujeito acaba fugindo para o sem sentido de suas ações. Não porque as ações repetidas não tenham mais sentidos, mas porque o sujeito perde a conexão com seu poder de extrair o significado de suas ações.
Mesmo que o sol nasça todos os dias nenhum dia será igual a qualquer outro. Mesmo que façamos as mesmas ações do dia anterior, mesmo que vivamos aparentemente na igualdade e na repetição, o presente é sempre um novo presente, pois a realidade avança para o imprevisível. Nós é que nos aprisionamos no conforto da mesmice. No sonho vemos que há uma consciência que amplia o seu conceito de 'Estar ao Mundo' mesmo que continue 'Estando no Mundo'. Há reelaboração conceitual na sua atitude diante do mundo ou da realidade. Esta nova significação é fundamental porque define diretamente o seu humor, a forma como o fio de sua vida se desenrola diante de seu olhar. No passado podia-se detectar com facilidade o pré-conceito, o pré-construído do momento presente idealizado ou criticado do cenário em que se inseria. O foco podia ser selecionado a partir da classificação que mobilizava o seu humor para reagir diante dos fatos que se desenrolavam. Assim acontecimentos normais na vida de qualquer pessoa poderiam lhe parecer desinteressantes e você poderia responder com certo ar blasé, apática, desinteressada ou até banalizando a realidade em que estava inserida, reforçando a postura de vitimizada ou de superioridade que compensasse o seu sentimento de inferioridade: tudo ligado à sua baixa estima. A postura parece-me renovada. Há dinâmica de nova significação mental. Você identifica sentimentos, emoções e há disponibilidade para avaliar os cenários em que se insere. Isso se dá com um olhar novo e não com o velho olhar classificatório. Não mais com a negatividade ou desinteresse pelo não atendimento de suas expectativas, mas com agradável e curiosa disponibilidade para o novo. No sonho o conceito já está introjetado, você percebe e o expressa: o que faz a diferença é a forma como nos relacionamos com o mundo, o olhar. Se estivermos abertos para o presente, para aquilo que a vida nos propõe, ficaremos mais conectados com as infinitas possibilidades de retirar prazer dos acontecimentos que nos rondam.
A diferença: quando a predisposição nos leva a não aceitação do mundo porque ele não é o mundo que queremos, a vida se fecha porque nós nos fechamos para a vida. Quando há disponibilidade, a alma se faz grande, o espírito se amplia e se abre para descobertas que a vida nos reserva ou nos agracia. Viver na opulência, no topo, pode parecer fácil e interessante, mas quando conseguimos retirar significados e riqueza do simples, nós enriquecemos o em torno, o transformamos num tesouro excepcional, ou passamos a ser capazes de detectar o extraordinário que nos rodeia. Pouco importa o lugar onde estamos. Rodeados do belo ou do feio, do trágico ou do dramático, da riqueza ou da pobreza, o que importa é a forma como lidamos com essa realidade, a postura diante do mundo, a dignidade da presença e a atitude diante da vida, diante das pessoas. Essa atitude favorece a percepção do mundo, a forma como ele penetra, invade e nos impregna de sentimentos e emoções. Os resultados podem ser míseros caprichos ou vaidades insaciáveis, percepções defensivas e ególatras, insatisfação, tanto quanto podem ser a descoberta de novos sentidos, sensações, sentimentos suaves e delicados, nobres e leves, de um tipo que inunda o espírito de luz. O caminho me parece um bom caminho. Crescer e amadurecer é assim, a sofisticação da capacidade de perceber o mundo, a existência. O presente é sempre um presente, só precisamos aprender a desvendá-lo para apreendê-lo em nossa experiência.
O segundo sonho deve ser olhado como um fenômeno singular com funções diversas. Ele pode compensar desequilíbrios, polarizações, alertar para descaminhos, para perigos na saúde física, emocional e mental, regularizar e atualizar sistemas orgânicos e psíquicos, preparar-te para desafios da realidade, consolidar estados de resistência para o embate com dificuldades e imposições de realidade, etc. Neste caso existe a possibilidade de uma leitura do simbolismo ou uma leitura do fenômeno funcional. Portanto, duas vertentes entre outras possibilidades seriam:
1. O sonho compensa a baixa estima e algum núcleo de inferioridade com a satisfação de relação de poder com o externo. Há possibilidade de algum conteúdo compensado-se pelo exibicionismo. A presença de medo frente aos fenômenos extrassensoriais, saída do corpo no sono, por exemplo, pode ter levado a psique a conduzir um processo de associação para superação desses medos. Neste caso o medo deixa de estar localizado em você como pessoa e passa a ser localizado como projeção nos 'outros', o que pode ser indicativo de origem da formação do medo. Uma mulher estranha que tenha passado em sua vida, uma secretária do lar, a sua mãe demonstrando medo ou colocando medo em você. E você funcionando como origem do fenômeno se adéqua ao 'estranho' sem manifestar resistências e defesas. Você não tem o medo e se torna centro emanador de tranquilidade. Esta é uma das formas de aprender 'dormindo' e da psique reorientar-te em relação à sua adaptação à realidade fantástica do mundo. A criança sempre acredita que controla o mundo com o seu pensamento e que ele tem poder transcendental. Há ainda uma criança fantasiosa dentro de você que quer o mundo funcionando a partir de seu poder mental?
2. Nós podemos 'saber' que o mundo é mais do que somos capazes de imaginar, mas lidar com este universo energético, na prática, é muito mais complexo e assustador. Por exemplo: consideremos sua experiência anterior, em sono recente, de saída do corpo. Como nossa origem é corporal, pensar numa forma funcional que não seja corporal pode parecer inimaginável e ameaçador. A referência que possuímos é sensorial, sensacional, material, vibracional e física. Possui densidade, cheiro, ocupação de espaço, etc. Quando a experiência tira o individuo dessas referências palpáveis, e o lança em um mundo desconhecido e misterioso, a percepção se altera, já que se perde a referencia do espectro de realidade que estamos condicionados, ou seja, perde-se o conforto de estar em um meio sob 'controle' e domínio. O movimento da matéria, objetos, dentro do ponto de vista linear, sempre é causado por uma força, externa visível ou desconhecida e invisível. O invisível sempre é desconsiderado pela impossibilidade de mensuração, assim foi, ao longo dos tempos, associado à presença de Deuses, espíritos, forças do mal, seres de poder, bruxos, feiticeiros, etc. que os movem, ou à charlatanice que manipula o temos popular. Mas existem pessoas com poder de acionar determinados tipos de força, criar e alterar campos energéticos, magnéticos e produzir alterações no entorno sem ter que realizar toques físicos. Uma comunicação via 3G, imagem e áudio, no passado, seria inimaginável, poderia ser coisa de Deus ou de bruxos.
Eu acredito que tudo é possível neste universo, mesmo que desconfiemos de tudo. Acredito a partir do que experimento, mesmo que duvide de minha percepção. No sonho há aprendizado, há treinamento mental, há o contato com ações que fogem ao padrão do cotidiano e essa é uma forma de ampliar o Status de Consciência para um nível de percepção e de ampliação de suas possibilidades diante do mundo. Aprender a usar o poder mental é, para dizer o mínimo, manifestação de inteligência. É superar os medos de navegar por mundo desconhecidos e consolidar uma condição emocional mais segura, consistente e porque não dizer, emocionalmente um pouco mais inteligente. Mas cuidado com o escape. Aventurar-se nessa praia não significa o direito de abrir mão de se situar na realidade de forma mais consistente. Domine a sua realidade naquilo em que ela é palpável. Aprenda a tocar as pessoas. A vida pode e deve ser a grande fonte de aprendizado para as outras experiências extra-dimensionais. O corpo é a uma das formas mais avançadas da evolução universal. Utilize esse corpo como um instrumento para descobrir outras realidades sem esquecer a conquista do poder de intervir, atuar e transformar a realidade em que existe como singularidade. Um maestro não precisa tocar um instrumento, mas através do gesto comanda uma orquestra com uma simples batuta. Sem ele a desarmonia prevalece, mas com ele a harmonia encanta.
Introduzindo a interpretação do sonho seguinte, digo-te que a dualidade é estágio de desenvolvimento de consciência. A partir do nascimento da consciência a dualidade surge como referência arquetípica comparativa e associativa. A consciência se origina na dualidade, mas a busca evolutiva é a da síntese e unificação. Nascemos de mãe e pai, com dois hemisférios cerebrais, com natureza feminina e masculina, nos alimentando em dois seios, num mundo com dia e noite, dividindo razão e emoção, tendo de escolher entre o bem e o mal, dentre dezenas de outras manifestações de duplicidade. Jung abordou o tema: os opostos são as inerradicáveis e indispensáveis precondições de toda a vida psíquica. Consciente e inconsciente tendem ao equilíbrio e à harmonia no dinamismo psíquico tanto quanto no universo os sistemas buscam o equilíbrio das forças. Quando a força de um dos lados prepondera gerando alteração de configuração e definindo o desequilíbrio, a natureza se adapta. Quando o sistema não consegue reencontrar o equilíbrio em sua configuração original ele o encontrará na nova formatação, e se equilibrará no desequilíbrio. Para mim a doença é o sinal de que o corpo se adapta ao desequilíbrio, estabelecendo novas relações de harmonização. Naturalmente que o sujeito quando desconsidera esse equilíbrio promovendo ou impondo novos estados de adequação do corpo, se infligirá estados que podem ser significativamente desconfortáveis. Quando ocorre a preponderância de um determinado conteúdo promovendo o desequilíbrio e a desarmonia, o distúrbio, a atualização se faz necessária através de compensação do sistema. O sistema se auto-regula e se compensa promovendo equilíbrio no estado desequilibrado. Na dinâmica de confronto entre os opostos, quando o elevado nível de tensão se torna insuportável, a natureza altera a configuração ou apresenta uma nova alternativa, uma nova configuração, uma solução para o conflito. Inicialmente surge a reconciliação e posteriormente a síntese, que transcende a dimensão da lógica e da escolha. É preciso busca a síntese, a unificação dos contrários, para realizar a união dos opostos. Assim podemos encontrar a unicidade da individuação.
O terceiro sonho, como introduzi, parece-me manifestação de opostos. Há forte indicação de divisão, desvio de consciência, de atenção, de objetivos, de presença, que a leva a perder o foco e a fortalecer a tendência à dispersão. Veja: 'Tomei água de duas destas garrafas... sentei-me para desenhar e... também tentava assistir a dois filmes... que passavam em duas televisões...' A seguir há a menção ao caminho indicado e o retorno pelo esquecimento, passado e futuro, bem como menção às 'chaves de casa' e duas coisas que poderiam acontecer: porta aberta ou fechada. Todas as indicações são de opostos, paradoxo, ambivalência, ambiguidade, conflito e divisão. E quando este tipo de funcionamento é reforçado o resultado é a dispersão, a perda do foco, dos objetivos, da força da ação que se pode empreender em sua vida. A dualidade leva à uma divisão do poder que o sujeito tem para empreender suas ações. A consciência dividida é mais facilmente dispersiva, pouco focalizada; e o sonho lhe mostra isso quando diz: '...mas conforme fui me dando conta do que fazia, conforme o ampliar da consciência, passei a ter dificuldade de atravessar as paredes e cortinas...' O ampliar da consciência é exatamente o ampliar dos opostos, a divisão que fragiliza, enfraquece, tira-te a possibilidade de focar seus propósito e de realizar aquilo que se propõe. As barreiras ficam mais difíceis de serem rompidas, não porque os bloqueios estão mais fortes, mas porque a consciência está mais fraca e dividida. Não falo em fragmentação de consciência que é processo patológico, mas indico um mecanismo que atinge muitos em nosso tempo.
Um exemplo comum: com a telefonia celular as pessoas se induzem a estados de divisão donde dirigem um veiculo e realizam uma ligação, algo que produz uma divisão de consciência, eleva o nível de desgaste do organismo e o coloca em risco de acidente. Mas as pessoas se superestimam e subestimam o perigo. Num caso assim o individuo é capaz de se deslocar por centenas de metros e até quilômetros como se estivesse se deslocando sem campo de visão. Hoje em dia as mulheres se superestimam desempenhando diversas atividades ao mesmo tempo, como se tivessem múltiplas consciências que lhes permitissem múltiplas ações, e aquilo que é um diferencial feminino na capacidade de atenção se fragmenta e se torna uma característica de desclassificação. O diferencial positivo se transforma em diferencial negativo. Não se divida em múltiplas ações. O fechamento do sonho indica outra tendência que é de manifestar o afeto dentro de condições de segurança e sem precisar se arriscar. Mas, pelo menos há o exercício de expressão do afeto.
Ao dizer: '...interessante que nesse momento eu me sentia mais homem do que mulher. Era como se eu não fosse nem uma coisa e nem outra, ou melhor, era como se eu fosse as duas coisas podendo, de acordo com os sentimentos, sentir-me mais feminina ou mais masculina...' pode ser mais uma indicação da relação de opostos. Tanto as mulheres quanto os homens são exigidos não mais como modelos padrões de masculino e feminino, mas como pessoas capazes de se expressar com o melhor que possuem. O modelito padrão ficou para trás, no passado. O presente solicita homens masculinos que expressem o melhor de suas naturezas femininas herdadas de mulheres marcantes, e solicita mulheres femininas que expressem o melhor de suas naturezas masculinas. A modernidade exige homens fortes e ativos que tenham sensibilidade sem medo de expressar afetos, e mulheres femininas que aprendam com suas naturezas masculinas a conquistarem a felicidade, a liberdade para que sejam plenas, seguras e independentes. Isso significa uma tendência coletiva no caminho de busca da síntese. Portanto, foque seus propósitos e abandone a presunção da multiplicidade, pois ela é uma armadilha. O sonho me lembra à carta o enamorado do tarô. Essa lâmina remete à parábola de Hércules na encruzilhada entre o vício e a virtude, o caminho da alma que após o desencarne se defronta com a bifurcação entre o caminho da direita e da esquerda, sendo que este leva aos infernos e o outro conduz aos Campos Elíseos, o campo dos bem aventurados. Outra associação está ligada a Oxossi que teve de escolher entre o domínio materno e o amor de sua amada. Só existe um caminho que conduz ao equilíbrio e a harmonia, cabe a cada um fazer sua escolha. Essa a questão fundamental, a síntese, a unificação, a dialética fundamental de todo processo de aprimoramento da consciência a se libertar dos conflitos, da dualidade, para encontrar 'o caminho'.”


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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

domingo, 26 de dezembro de 2010

Mami e as orquídeas...