Obrigada pela visita!

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sonho com morte, cantoria e voar


Não tive uma noite muito agradável. Sonhei que tanto eu quanto minha mãe havíamos tido um pressentimento sobre a morte da minha tia mais velha. Abracei minha mãe e disse que estava com medo. Minha própria tia havia predito sua morte e senti mais medo de possuir a informação da morte com antecedência do que da hipótese de morte em si. Ela sofreria uma morte trágica e acordei bastante assustada no meio da noite. Depois que voltei a dormir sonhei com uma jovem que ia cantar numa competição e ela já era bem afamada. Eles colocaram a música e, ainda nos bastidores, ela verificava que a plateia cantava aguardando sua entrada no palco. Sentindo-se a estrela do momento, ela começou a cantar indo em direção ao palco, mas quando lá chegou, para sua surpresa, já havia uma outra moça cantando. Não entendi se a outra moça fazia uma espécie de duble ou se o microfone da jovem que estava nos bastidores foi desligado. De todo modo percebi sua decepção quando ela me entregou o microfone e simplesmente se retirou do local. Embora ela tenha me dado apenas um microfone, logo depois eu segurava um em cada mão. Não sei por quanto tempo segurei aquilo, mas sei que em sequência comecei a voar. Primeiro voava sobre um gramado e depois já estava voando dentro de casa. Todos me olhavam como se eu estivesse fazendo algo perigoso ao subir nos móveis e mergulhar no ar, mas eu conseguia, embora com dificuldade, voar até o teto. Isso é o que lembro.
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Eis a resposta de “Alra” sobre tal sonho: “Pessoas próximas, familiares ou não, envolvem representações fundamentais na vida de um individuo e, portanto, possuem representações associadas à sua pessoalidade. O tema envolve questões básicas e fundamentais: a morte, perdas, tragédia e separação, aceitação ou a dificuldade, o poder do premonitório, custos e responsabilidades, medos e angústias. Se o sonho é premonitório, não tenho como falar, mas você o saberá. A questão que me chama mais atenção não é a premonição em si, mas as consequências do conhecimento e da consciência do futuro. De certa forma estamos blindados no presente, tendo acesso ao passado, com o qual podemos nos referenciar para não repetir erros desastrosos. Temos acesso restrito ao futuro, o bastante que nos permita a cautela e a prevenção de erros e dissabores, coisa que a transcendência humana nos permite. E nunca se pensa que a premonição antes de ser uma dádiva possa ser uma tempestade antecipada de dores e sofrimentos. A carga de quem 'vê' o futuro pode ser pesada. Muitos podem enxergar uma aura de magia e poder na premonição desconsiderando as implicações e responsabilidades que isto possa ter. Chama-me a atenção a ocorrência dos medos.
Numa análise tradicional a morte da tia poderia ser traduzida como o desejo de sua morte, ou por deslocamento, o desejo de morte da mãe. Pessoalmente não me sinto atraído por essa vertente de compreensão e análise. Penso mais na morte de representação familiar, um lado que representa a família que chega ao limite da existência, que caminha para a dissolução em decorrência das transformações operadas por você. Neste aspecto prefiro pensar nas mais significativas identidades, ou parecenças, com sua tia, que você repete na sua vida e que agora podem ficar reservadas ao passado. É importante que também entenda a necessidade de trabalhar o desligamento de sua mãe, porque sendo a morte definitiva, hora chegará de sua despedida nesta dimensão. Há também a necessidade de aprimorar o sentido natural das pré-sensações no preparo para lidar com o conhecimento antecipado dos fatos nesta vida. Não é tarefa fácil. Antever e prever são apenas variações da sensibilidade aprimorada do ver, estado em que o presente é referência e onde passado e futuro se encontram. Quanto mais estiver preparada, menos sofrimento viverá e o seu destino mais tranquilamente se realizará. Já lhe disse: frente ao nosso destino só nos resta realizá-lo e cumpri-lo. Sofrimentos, medos, angústias e desesperos existem quando não há compreensão nem aceitação da impermanência da vida.
Posteriormente vem um sonho que explicita uma ânsia de fama, uma liderança latente que deseja um palco para dirigir e comandar multidões. O sonho mostra que você não aparece para realizar o seu sonho, que ainda existe a necessidade de palco para exibir-se e, principalmente, que há angústia pela falta de oportunidade de mostrar ao outro sua capacidade. Há anseio, expectativa e frustração. O microfone pode representar membro viril, símbolo da fecundidade e do poder de penetração. Neste aspecto poderia pensar na minimização da força do masculino castrador-repressor e no fortalecimento do feminino, da sensibilidade representada pela musicalidade. Em outras palavras, a mulher masculina, castradora, perde força e deixa crescer a presença da mulher feminina, sensível, encantadora, que procura o seu espaço para expressar-se. Há a intenção do canto, manifestação da sensibilidade, encantamento pela musicalidade e há a frustração representada pelo microfone não utilizado, entregue como objeto de renúncia. Fora essas variações podemos pensar na presença da vaidade e da força narcísica deixando claro que a individualidade precisa ser fortalecida.
Em relação ao voo podemos pensar em: 1. Fuga e escape, fantasia ou compensação da inferioridade, diante da expectativa frustrada; 2. Aumento de tensões e conflitos que levam a compensação através da leveza do corpo, na elevação da condição fantasiosa; 3. Aumento da relação lúdica diante de uma realidade frustrante; 4. Aumento da confiança diante da realidade; 5. Aumento da necessidade de se expor ao outro; 6. Crescimento da necessidade de ser visível ao outro; 7. Necessidade de ariscar-se mais, de se lançar e mergulhar naquilo que lhe agrada. Aí fico pensando: você tem níveis elevados de fantasia porque segura o microfone nas mãos e tem o poder de controlar a ação? Ou a condição de fantasiosa fica possível em decorrência da necessidade de compensar o estado de frustração que lhe impacta? Por hora ficam essas possibilidade para refletir”.
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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sonho entre naturalidade e espontaneidade...

Sonhei que eu entrei eufórica (esse parece ter sido o sentimento permanente) em casa e comecei a cumprimentar as pessoas deixando-me ser levada pelo meu ímpeto, ou seja, agindo com espontaneidade total. (Será?) Eu as cumprimentava dando um abraço e, ao chegar na minha mãe, beijei-lhe as mãos. Eu me sentia impressionada pela agilidade com que conseguia fazer aquilo, principalmente por ser uma postura desejável, mas incomum para mim. Não eram abraços de quem expressa afeto, mas de quem se faz educado. Era como se eu já não fosse a mesma pessoa e quisesse demonstrar e vivenciar isso. No entanto, minha mãe recriminou-me em voz alta dizendo para eu agir do meu jeito normal. Senti-me repreendida de maneira explícita na frente de todos e respondi que estava agindo de modo natural e que tinha meu direito de agir com espontaneidade. Senti que para conseguir ser afetuosa e educada cumprimentando a todos de uma forma satisfatória eu tinha que agir por impulso, antes que minha mente neurótica viesse à tona com suas recriminações, exatamente como minha mãe fizera. Foi o que fiz e, consequentemente, agi de modo completamente diferente e não normal para minha postura reservada que tende a cumprimentar os outros no máximo com um sorriso e um “oi”. Embora ainda houvesse dificuldade por trás daquele impeto de agir diferente, era aquela a postura idealizada dentro de mim. Se abraçando para cumprimentar os outros eu me sentia mais educada e deixava a vaidade aflorar, essa naturalidade era espontânea não do meu jeito normal de ser, mas de uma crença que produzia a idealização. Quem estaria com a razão: eu ou minha mãe? Daí fiquei em dúvida entre agir com naturalidade ou com normalidade. Acho que sempre estive em conflito com essa parte materna que reina dentro de mim.

Resposta: Em princípio podemos pensar que seja compensatório, mas é pouco. Ainda que o sonho compense a realidade não afetiva em transição para uma condição de espontaneidade e afetividade, penso que isso não contempla o significado pleno da mensagem onírica. A euforia ainda que indique polarização e elevação, também sinaliza um estado de elação na interatividade das relações pessoais, e esta interação pode indicar uma canalização de energia liberada para as relações interpessoais e afetivas. Isto não é pouco, principalmente se considerarmos que sua carência indicava em passado recente uma demanda por afeto, a repressão afetiva, uma certa incapacidade de interagir afetivamente, ou seja, respostas reativas e de manifesto agressivas podendo ser traduzidas para um bloqueio afetivo associado a dificuldades de estabelecer relações baseadas no afeto. Resumindo: antes havia energia bloqueada, agora, este estado de euforia é liberação de energia, manifestação e prontidão para o estabelecimento de relações de afeto, resultantes de consolidação de estado emocional estável e de segurança, de atitude e manifestação de singularidade e individualidade. Na realidade, mesmo que esta predisposição ainda não apareça no seu comportamento na realidade pessoal, é preciso entender que o sistema funciona antecipando possibilidades para que, quando a espontaneidade, ou o comando interno lhe empurrar para um cenário deste tipo, você tenha a lucidez de se permitir viver ou de bloquear a ação, a interação, a atuação interior. Este acontecimento também lhe coloca numa fronteira entre o despertar da ação e o seu movimento de permissão ou de repressão. Bem sabemos que seus movimentos foram cerceados pela repressão decorrente de julgamento e condenação que se impôs por muitos motivos. O sonho te coloca nesta fronteira.
Suas mudanças veem sendo realizadas e agora você se defronta com um fluxo de energia que aflora e lhe permite a possibilidade de sintonizar e expressar na plenitude o seu afeto, mas isso se você não repetir o passado evitando e bloqueando este fluxo, se aprisionando na insatisfação, na negação da celebração, no impedimento de expressão do afeto, entre outras coisas. A imagem do beija-mão é exemplar: você humildemente se rende ao sentido simbólico da maternidade, prestando homenagem e expressando afeto, abandonando o julgamento e a condenação da 'Mãe'. Afeto é educação, e educação é afeto social, representação formal de respeitabilidade e referência fundamental na interação. Sem educação retornamos ao estado de primitivismo e incivilidade, portanto, de afeto indiferenciado. A energia liberada permite o fluxo do movimento, assim como a neurose bloqueia o sujeito aprisionando sua expressão afetiva. Antes de celebrar e comungar com o outro, precisamos nos amar, nos gostar, nos respeitar, nos permitir, nos presentear, nos acariciar. Isto significa sintonia no afeto, consigo mesmo, com tudo aquilo que te constitui e que faz de cada um uma expressão da criação divina.
Na sequência aparece o confronto, através da repressão materna, que é a mãe dentro de você, não necessariamente a sua mãe, já que esta mãe pode ter sido a sua justificativa de projeção do ressentimento, da mágoa. Se ela anteriormente era autoridade e comando, agora você se impõe com sua individualidade, já que este conteúdo que construiu (a representação materna) se virou contra seu criador, você, lhe impedindo de encontrar respaldo afetivo para a sua demanda emocional. Fica possível que a representação tenha se tornado em decorrências da carga negativa de uma representação associada ou incorporada por conteúdos autônomos. O evento onírico também antecipa respostas e condutas que estão sendo reconfiguradas ou resgatadas, e o 'Ser' espontâneo que nasce, ou renasce, agora se defronta com o conflito nascido na repressão imposta a sua falta de limites na infância ou na pré-adolescência, bem como o ser espontâneo que foi sufocado em nome da socialização. Nem tão lá na naturalidade e nem tão cá na normalidade. Os limites são fundamentais porque definem a conduta 'normal' que o 'social' exige, tanto quanto o natural é fundamental para que sigamos em sintonia com o melhor de nós mesmos, a nossa essência.
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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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Sonho de navio...


Lembro apenas de dois dos sonhos que tive essa noite. No primeiro eu segurava algo nas mãos, acho que era uma foto ou algo parecido, e nisso me transportei mentalmente para o ambiente da mesma. Sei que existe um nome para esse tipo de fenômeno, mas não recordo agora. Acho que eu estava ajudando a investigar sobre alguém ou recorrente a algum fato acontecido. Fui parar dentro de um quarto de um navio. O quarto era muito pequeno, a cama mais parecia um berço e a janelinha era minuscula. Pensei comigo como a pessoa teria conseguido ficar ali dentro. Não sabia ao certo se ela estivera ali fazendo uma viagem conforme era de se imaginar, pois aquele navio não oferecia nenhum conforto com cabines tão apertados. Arredei a cortina que tampava a janela e então vi que o navio se afastava do cais. Nesse momento pude trazer para mim ou ligar-me as sensações e sentimentos que a suposta pessoa ali sentira. Eu me sentia eufórica como se fosse fazer a primeira viagem dos sonhos. Lá fora um homem acenava para o navio e parecia dizer varias coisas. Tive a sensação de que ele estava acenando tanto para o comandante do navio quanto para mim, mas estaria ele me vendo ali naquela pequeníssima janela? Fiquei confusa e tentei identificar o que ele falava, mas não consegui. Por fim deduzi que ele deveria estar apenas se despedindo, pois mandou-me beijos. Eu sabia, não sei como, que era comigo aqueles gestos, ou melhor, com a pessoa que ali estivera outrora. Assim devolvi-lhe o beijo como se estivesse repetindo exatamente o que a pessoa investigada fizera. Conforme o navio foi se afastando do cais e as águas foram se movimentando atrás daquela janelinha, o local foi se transformando e logo em seguida o navio ganhou rodas e a água se tornou em ruas sólidas. Foi muito estranho e não recordo o que sucedeu depois.
***
Resposta: Os sonhos me dão uma oportunidade singular de esclarecer conceitos como representação, conteúdo e símbolo de forma simples e objetiva. Veja porque: foto é registro de imagem do passado, mas não apenas da imagem, porque ela não se esgota na representação de um tempo, de um espaço ou de um cenário registrado. Quando vista pela primeira vez uma imagem permite a sua caracterização e o registro associado aos conteúdos que desperta. Essa caracterização poderá, dependendo do tipo de resposta do indivíduo, se fazer fechada ou aberta. Quando fechada o registro se torna inviolável e não atualizado. Quando aberto, o sujeito se permite a possibilidade de ampliar os seus significados ou até preservar o primeiro registro e criar imagens associadas, advindas da imagem original, registradas com outros sentidos e significados, decorrentes de novas emoções, sentimentos e sensações. A imagem do primeiro sonho não é apenas uma imagem, uma representação, uma cópia de um cenário, imaginário ou real. Essa imagem é simbólica, pois contém conteúdos como emoções, sentimentos, sensações, registro de memória arquetípica, impressões e interação.
Independe a denominação do fenômeno que a transporta para dentro da imagem, mas a imagem te captura e esse é um evento significativo que pode indicar suscetibilidade imaginária, tendência de deixar-se prender a fantasias num nível diferenciado da suscetibilidade do 'encantamento' frente a um objeto. Quando ocorria o encantamento por um acontecimento, paisagem, objeto, ou pessoa, a relação direta a envolvia de forma indiferenciada, sua resposta ocorria em decorrência de uma fantasia pré-existente, de uma predisposição em decorrência de fantasia, produzindo um universo de sentimento e sensações que atendia às suas expectativas de uma realidade mais interessante ou excitante. No sonho, a sua captura pela imagem ainda pode decorrer de padrões estéticos ou de anseios juvenis, mas independem de um encantamento, mesmo que possa ainda indicar forte tendência a existência de se deixar levar por pensamentos, imagens, fantasias, ou seja, de se deixar levar pelo imaginário. Você disse: 'acho que era uma foto ou algo parecido, e nisso me transportei mentalmente para o ambiente da mesma'. Há nisso uma condição sutil de aumento do poder pessoal em focar e intervir na realidade onírica. Essa é, aliás, uma das possibilidades que temos de alterar a realidade de um sonho transformando-os em sonhos lúcidos, com consciência pessoal capaz de realizar alterações em sua dinâmica e resultante do aumento do poder pessoal de consciência.
Na dimensão simbólica, você se transporta para estar sobre as águas, navegando no oceano primordial, sem nadar ou flutuar. Seu espaço ainda é 'apertado', e o navio não lhe oferece muito conforto. Você ainda está contida, limitada, mas navega dentro do seu quartinho. Seria o quarto o seu navio que lhe permite navegar pelo mundo? Você avançou, afastou os véus e cortinas que escondiam seu olhar, conseguiu ver ao seu redor, olhar e perceber o seu em torno., conseguiu até mesmo se separar, afastar, se distanciar da margem de segurança do seu universo afetivo. A libertação provoca uma excitação, a sensação de euforia. É a conquista pessoal da viagem pessoal, o amadurecimento. A escotilha pequeníssima pode indicar, ainda, a pequena consciência conquistada, o reduzido grau de percepção ou a atitude diante do mundo, no sentido do retraimento, do recuo, do distanciamento. O sonho reforça a visão dada anteriormente sobre o momento de mudança de margem. E viagem é sinal de mudanças. Neste sonho o tema central é a saída, a partida, o movimento de separação, o distanciamento da margem. Você navega para outra margem ou lugar, para a viagem de seus sonhos. Você viaja a viagem de sua vida, no seu movimento, na sua dinâmica, no seu processo de amadurecimento, de libertação e de encontro ao seu destino. Para navegar nas ondas da vida basta nascer. Para navegar em sintonia com nossos anseios precisamos crescer, aprender a renunciar quando necessário e nos libertar de portos seguros para descobrir novos desafios, lugares e pessoas. Enquanto vivos, somos como flechas lançadas viajando num espaço desconhecido e misterioso. Se não nos lançamos neste mar da vida, ficamos aprisionados na margem dos esquecidos.

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domingo, 28 de novembro de 2010

Sonho com cobra verde...




Durante a noite sonhei que estava num supermercado e fui informada de que não podia sair pois havia uma cobra no rumo da entrada. Aproximei-me querendo vê-la e então deparei com um jacaré fino e comprido, parecia um filhote. Comentei que aquilo não era uma cobra e então me disseram que logo eu veria a cobra. Realmente, logo depois uma cobra de cor verde claro começou a sair de dentro do jacará como se este tivesse uma bolsa nas costas. A cobra era enorme, muito comprida e, tanto engrossava quando afinava. Nisso ela começou a se dividir em várias e cada uma ia para uma direção causando transtorno no local. Quanto mais finas, mais elas conseguiam ficar na vertical e um delas subiu tanto que picou o meu dedão. Então segurei-a agarrada a ele e, embora chateada por aquilo estar acontecendo, não senti medo, pois de posse da cobra já morta eu podia ir até o hospital e conseguir mais garantidamente uma vacina de soro antiofídico. Não foi um sonho muito agradável, pois embora possa haver a representação de algo ligado a sexualidade, fica em mim aquela sensação cultural de desconfiança ao associar cobra a intriga, inveja e perigo.


“Pode parecer estranho, mas este era um sonho esperado. Não pelo cenário, é obvio, mas pelos eventos e símbolos que o constituem e pela dinâmica anunciada. Neste aspecto o sonho, para mim, se mostra duplamente interessante: pelo sentido estrito na sua vida e pelo fenômeno onírico que ele ocasiona. Explico melhor: apesar do inconsciente ser inacessível, um oceano de mistérios, é possível, acompanhando sua dinâmica, vislumbrar os acontecimentos sequenciais de seu movimento no futuro. Ele anuncia a dinâmica, o movimento que se processa, e nós podemos, pelo menos quando sintonizados, antever essa dinâmica antes que seja anunciada em sonho. Eu quero dizer que quando acompanhamos a dinâmica da psique através dos sonhos, em alguns casos podemos antecipar ou prever as indicações que surgirão da demanda psíquica. Dessa forma podemos conhecer antecipadamente a dinâmica psicobiofísica do sujeito e antecipar alterações psíquicas e disfunções orgânicas antes que se estabeleçam como patologia.
Super mercado é um mercado grande. E algumas variáveis podem favorecer a compreensão do seu significado além do popular já conhecido (compra, troca e venda): na china eram considerados os lugares das trocas comerciais, das danças, dos intercâmbios matrimoniais, da busca de soluções divinas, bem como um local de encontro. No conceito de certas sociedades secretas é a imagem de um estado espiritual ou de um estagio na escola esotérica e de iniciação. No pensamento de algumas religiões, mercado é onde ocorre a convivência social, a relação profana, a vida coletiva. Lugar de trocas e do ganho da sobrevivência, de perigo e de tentações. Pois bem, você está no mercado, na vida coletiva e não pode sair porque há uma cobra na entrada/saída. Para se retirar do mercado o seu desafio é encarar a 'Cobra'. Se os símbolos são funções e signos da energia, a serpente é pulsão, energia vital, kundaline. Encarna a psiquê inferior, o psiquismo obscuro, o raro, incompreensivo e misterioso. A serpente encarna um complexo arquetípico, ligado à noite, às sombras e aos subterrâneos de nossas origens donde todas as serpentes formam, juntas, um conteúdo primordial, indivisível, que não cessa na espiral da vida, na dinâmica de nascer e morrer. É um animal símbolo da energia da vida que serpenteia pelo universo. É por excelência um símbolo arquetípico, tanto quanto mercado é símbolo das ações coletivas, do movimento originário do inconsciente coletivo. Não há como passar por um processo de metamorfose da libido sem a transformação decorrente do confronto com as energias primitivas, originais, representadas pela imagem da cobra. Vale reforçar que a cobra é o animal 'incontrolável', a energia selvagem e primeva, a energia bruta voltada para si mesma.
O jacaré, ou crocodilo é o 'portador do mundo', divindade lunar, portanto, noturna, senhor das águas primordiais, senhor dos mundos subterrâneos. Ele ocupa o terreno de mediador entre os elementos Terra e Água, o que faz dele o elemento que simboliza as contradições. Possui o mesmo simbolismo do dragão, daí a força negativa de sua presença enquanto agressividade e ameaça originária do inconsciente coletivo. Mas se dele, (as ameaças das pulsões incontroláveis originárias do inconsciente) saem cobras, estas vem para regular, administrar e controlar essas pulsões, essa força, essa energia. O uso da consciência com força, determinação e propósito, a protege e a liberta. Com a consciência você põe luz nas ameaças e transforma o primitivo, coloca-se para fora do mundo sombrio, ocasiona a transformação do pulsional em civilizado e dando aos conteúdos a direção e o domínio da consciência para que, assim, possa incorporar essa força como instrumental que lhe permita se situar de forma positiva dentro do seu universo.
Jung considerava que representações de transformação e renovação por intermédio de serpentes constituem um arquétipo amplamente registrado em culturas diversas. Sempre que se pensa em desenvolvimento espiritual a partir dos chacras, se pensa na possibilidade de ascensão da energia kundaline de níveis inferiores para os superiores. A isto se chama a subida da serpente. Este estado é tanto mais seguro quanto maior o desenvolvimento e aprimoramento do sujeito, para que a energia ascendente não promova destruição na sua passagem pelos portais neurogenéticos. E não há como realizar essa ascensão sem aprimoramento, ou se isso ocorre há o risco de liberar um dragão destrutivo que pode levar o sujeito à sua destruição. Por isso a importância da iniciação e da preparação. O sonho indica que a energia foi mobilizada e que sairá de sua fonte arquetípica, cabendo a você administrar esse afloramento, como uma guerreira que tem consciência dos desígnios de sua vida e da importância de uma atitude impecável diante da vida. Este não é um acontecimento infeliz que cai no seu colo, ele é parte da dinâmica de desenvolvimento do ser humano e todos passam por este desafio. A maioria sucumbe, foge, desvia o olhar, evita o confronto, finge que não vê. Mas o desafio é imprescindível e define o destino de um individuo, respondendo ou não ao desafio. No seu caso esse é o momento em que a impecabilidade é fundamental. No sonho você cumpriu o seu destino e encarou o confronto. Mostrou que é guerreira e corajosa, que possui verve para encarar o destino de sua vida. Na realidade é o que você deve esperar de si mesma. O desconhecido pode ser ameaçador, mas passar por um estágio de transformação sem preparo é inadequação. É preciso enfrentar os conflitos, os dilemas e aprender a sair sem ser devastada. Precisamos aprender a lidar com essas pulsões interiores, inferiores ou não, para não sermos submetidos à suas mazelas e despreparo. Assim crescemos. Infelizmente não existem caminhos fáceis”.


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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Intimidade...


Acabei de ler o livro Intimidadei. O livro fala sobre a importância de aceitarmos a nós mesmos em nossa totalidade. Depois de nos termos aceito como somos, o medo da intimidade irá desaparecer. É exatamente como uma criança inocente. Podemos abrir-nos porque, por dentro, não estamos cheios de repressões revoltantes que se tornaram perversões. Podemos dizer tudo o que sentimos com autenticidade e sinceridade. A nossa simplicidade despretensiosa permitirá que o outro também aprecie a simplicidade, a bondade, a confiança, o amor e a compreensão. A fragilidade não é algo a ser condenado, ela é a mais elevada expressão da consciência. Um botão de rosa é frágil e não há necessidade de sentir-se mal por ser um botão de rosa e não uma pedra. A beleza de uma rosa está exatamente em não ser tão forte e dura como uma pedra. Nossa natureza é como é e não como deveria ser. Devemos agir de acordo com a nossa espontaneidade, nunca nos importando com as consequências. A meditação não é nada além de uma limpeza de todo o lixo que se acumulou na nossa mente. Quando a mente estiver em silêncio e o coração batendo, estaremos prontos para a intimidade, sem nenhum medo, mas com uma grande alegria.
Nós somos parte da natureza e podemos conquistar o Todo protegendo-o, amando-o e confiando-lhe a vida. Pouco a pouco a amizade, o amor e a confiança vão surgir junto com a intimidade. O maior segredo da natureza é a divindade e ela se revela apenas àqueles que realmente são amigos da vida. A vida é uma busca constante, desesperada, irrealizável, por algo que não sabemos o que é. E existe um determinado estado mental em que nada do que conseguimos parece suficiente, pois não nos trás a satisfação esperada. Ao começarmos a definir o nosso objetivo, começamos a perder o interesse pela busca, pois esta só existe quando estamos inconsciente. A inconsciência cria a busca. Devemos concentrar a atenção no objetivo. Queremos a nós mesmos, mas na inconsciência desse querer, confundimos as sensações e achamos que desejamos algo fora de nós. Quanto mais focamos o objeto de desejo externo, mais ele tende a sumir e, quando não existe um objetivo a buscar, quando todos os objetivos desaparecem, resta o vazio. De repente, começamos a olhar para nós mesmos. Isso por si só já é meditar. A meditação não é outra coisa a não ser um reajuste da nossa visão, da faculdade de ver além dos olhos. Na Índia isso é chamado de aguçar o terceiro olho. Então vemos o tesouro que está dentro de nós, e todo o problema era que estávamos buscando ele do lado de fora.
O conhecimento de nós mesmos só é possível na mais completa solidão. No momento em que começamos a ficar sozinhos, começamos a ter muito medo de nos perder, pois, antes de mais nada, não temos a nós mesmos. Portanto, qualquer que seja o eu que tenhamos criado a partir da opinião dos outros, teremos de deixado para trás. Quanto mais fundo entramos dentro de nós mesmos, menos sabemos quem somos. Parece contraditório, mas por experiência própria sei que isso é muito real. Assim, na verdade, quando tomamos a direção do conhecimento de nós mesmos, temos de abandonar todas as ideias sobre o que somos. Aí encontramos uma lacuna, uma espécie de vazio donde tornamos um não-ser. Isso parece assustar, mas ao mesmo tempo é maravilhoso por desaparecem as expectativas e regras sobre nós mesmos. Ser autêntico significa permanecer verdadeiro com o próprio eu e nunca dar ouvidos a ninguém quando dizem o que devemos ser. Não devemos deixar que os outros manipulem e controlem-nos, pois eles são muitos; todo mundo está pronto para controlar-nos, para mudar-nos, para nos dar uma orientação que não pedimos. Não devemos dar ouvido a ninguém, mas simplesmente fechar os olhos e ouvir a nossa voz interior. É para isso que existe a meditação: para ouvir a voz interior. Se reprimimos alguma coisa, existe no nosso corpo alguma parte correspondente à emoção que irá sofrer.
Outra questão importante é permanecer no presente, porque tanto do passado quando do futuro é que vem as falsidades. Estar aqui e agora é ser autêntico. Nem passado e nem futuro estão aqui. O momento do presente é tudo e ele por si é a eternidade inteira. Cada momento tem a sua característica peculiar, e nenhum momento precisa ser coerente com nenhum outro momento. A verdade contém as suas próprias contradições, e essa é a substância da verdade, a sua vastidão e beleza nata. Cada momento tem uma realidade atômica, um descontínuo em relação ao momento anterior e que não está ligado ao momento futuro. A verdade não é uma coisa lógica, pois se houver um ideal, nos tornaremos falsos. O homem verdadeiro não tem ideais. Ele sempre vive como se sente no momento. Ele é completamente respeitoso em relação aos próprios sentimentos, às próprias emoções e humores. O que vai acontecer no momento seguinte não pode ser previsto. E por ser imprevisível esse momento do agora se torna intenso. Devemos viver cada momento em sua totalidade, pois desperdiçá-lo pensando e se preocupando com o futuro é um não só desperdício de tempo, mas de energia.
Ser intimo significa que teremos de deixar o nosso papel de filho, esposo, chefe ou empregado para viver apenas o papel de humano. A vida nos ama e do contrário não estaríamos aqui. Depois que começamos a perceber esse imenso respeito da vida para conosco, esse amor e confiança do Todo em relação a nós começa a criar raízes em nosso ser e passamos a confiar em nós e nos outros. Então vivemos simplesmente em confiança. Não é mais uma questão de confiar nisso ou naquilo, pois simplesmente confiamos em tudo. Nos relacionamentos humanos, a privacidade é necessária. O segredo tem as suas próprias razões para existir. É inevitável ter relacionamentos externos, mas eles não devem ser tudo. Eles têm um papel a desempenhar, mas deve haver algo absolutamente secreto e privado, um mundo pessoal de refugio e reencontro só nosso. Precisamos desse equilíbrio entre nossa publicidade e privacidade. Isso faz-nos relacionar sem ser dependente; faz-nos amar sem desejar possuir o outro. Além disso, o livro diz que quanto mais alguém amadurece, mais necessária é a comunicação não-verbal. A linguagem é necessária porque não sabemos como nos comunicar. Quando sabemos como fazê-lo, pouco a pouco, a linguagem não é necessária. A linguagem é apenas um meio muito primário. O meio verdadeiro é o silêncio.
A cada momento nascemos de novo. Devemos olhar com novos olhos e notar que a cada dia o mundo é novo e as pessoas são um pouco novas e estranhas. A vida em sua própria essência é insegurança. Enquanto estamos nos protegendo, acabamos destruindo a própria vida. Uma pessoa autêntica simplesmente abandona a ideia de segurança e começa a viver em completa insegurança, porque essa é a natureza da vida e não podemos mudá-la. Da aceitação dessa insegurança criamos a auto-segurança, pois aprendemos a aceitar com alegria o que não podemos mudar.
i OSHO. Intimidade: como confiar em si mesmo e nos outros. Trad.: Henrique Amat Rêgo Monteiro. São Paulo: Editora Cultrix, 2001.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sonho de intimidade...

Durante a noite sonhei que havia entrado numa loja agropecuária na intenção de comprar (acho que) uma essência, mas eu precisava consultar minha mãe antes e nisso peguei a chave de um dos quartos do local planejando de lá dormir. Entretanto eu já estaria podendo ir dormir em casa. Parece que esta estava em reforma, mas não sei ao certo. Enquanto pensava se dormia lá e também se efetuava ou não a compra desejada, olhei para uma propaganda de lápis de cor aquarela e comecei a conversar com uma senhora que estava observando o estande de desenhos também. Disse-lhe que adorava trabalhos artísticos e não me imaginava sem lápis de cor em casa. Nisso parece que o sonho deu um avanço e logo na sequência sentei-me numa mesa aos fundos da loja. Havia um rapaz e duas moças na mesa e posicionei-me ao lado do rapaz. Nisso ele pegou minha mão e passando-a por trás das costas dele segurou-a do outro lado, de forma que fiquei abraçada a ele. No sonho ele pareceu-me um conhecido de longa data e, embora não compreendesse tal atitude de querer ficar abraçado a mim, notei que ele parecia menos arrogante e mais carinhoso. Pensei comigo no quanto é bom sermos passíveis de mudanças para melhor, pois eu também me sentia mudada: muito mais tranquila e segura de mim perante aquela situação. Vendo-me abraçada a ele pensei que os outros achariam que nós eramos um casal, já que eu usava um anel no mesmo lugar donde se usa aliança. Mas em seguia eu concluí o pensamento com a pergunta: e daí os outros e seus pensamentos?
Um vendedor veio nos atender e começou a conversar dizendo que me vira na rua quando fora fazer uma entrega e depois não parou mais de falar até o momento em que se retirou. Eu não estava interessada na conversa, apenas queria aproveitar aquela intimidade provinda do acaso. Estava aconchegante e fiquei abraçada sem saber quais seriam as reais intenções ou motivos que levara aquele rapaz a querer, inusitadamente depois de anos, ficar tão próximo. Desconfiada pensei que ele poderia estar com interesses maiores e busquei dentro de mim saber dos meus próprios interesses para com ele. Em verdade não consegui definir meus próprios interesses de antemão, pois tudo ou nada podia acontecer. Verifiquei que não poderia responder naquele momento sobre algo incerto que poderia ou não vir a acontecer no depois. Preferi deixar os fatos ocorrerem sem ficar matutando neles. Eu não queria desde tal momento dar uma de controladora da situação, nem muito menos me colocar na defensiva. Educadamente ele manteve-se abraçado a mim e sentada lado a lado, deitei a cabeça em seu ombro, coloquei pela parte da frente o outro braço em seu colo e fechei os olhos aproveitando o momento que embora misterioso parecia mágico. Nisso uma das jovens da mesa se transformou na minha avó e, em tom de crítica, comentou algo a respeito de trabalho. No sonho parece que eu estava desempregada, ou então seria o rapaz. Nisso a outra jovem respondeu que onde ela trabalhava estavam precisando de novos funcionários e num ar de sarcasmo perguntou se minha avó estava interessada de mandar um currículo para a empresa. Era como se ela quisesse dizer: se não é você quem está interessada, porque o comentário indireto? Eu estava tão bem que nem liguei para as indiretas de minha avó. Cada um com sua vida e coitada da vovó que julga os desempregados como vagabundos. Azar o dela em manter suas crenças destorcidas.
Numa outra parte de sonho eu estava com um outro sujeito (ou seria o mesmo?) e o beijava quando ele colocou a mão por dentro da minha roupa e pedi-lhe que não fizesse aquilo, mas ele simplesmente já o fizera. Acabei fazendo o mesmo com ele e pedi-lhe para fazer amor comigo, mas ele se recusou. Não entendi o motivo de sua resposta negativa, mas respeitei. Embora meu desejo não fosse ser satisfeito, não me entristeci nem me enraiveci com sua resposta, pois era direito dele de recusar e aquilo não soou em mim como um esquivo permanente, mas apenas temporário. Assim ficou o sonho.

Eis o que “Alra” respondeu: “O foco central do sonho é o afeto e a relação que estabelece com o seu desejo. Podemos pensar numa relação direta entre carência e desejo irrealizado. Quanto maior o desejo insaciado maior a carência ou a demanda por afeto. No seu caso, a força dos desejos é proporcional à força da repressão, e da expectativa de realiza-los sem precisar se comprometer. Como tudo o que envolve relações e afeto lhe parece confuso, maior pode ser a sensação de fracasso, a insatisfação, o isolamento e a frustração. E tanto maior a expectativa de saciar a fome do seu desejo. Em geral, quando isto ocorre, um dos desvios compensatórios é a perversão, o que também pode favorecer o aumento da repressão moral como forma do sujeito administrar a força de suas pulsões incontroláveis originárias do inconsciente. No sonho você se aconchega, assume a atitude de aproximação mesmo sem ser capaz ainda de assumir o seu desejo. Já lhe disse outrora para distinguir o seu desejo e procurar a sua satisfação. A postura defensiva se transforma, os conceitos ganham novos significados, mas permanecem resíduos de repressão que, agora, apareceram revestido na 'avó'. São velhos conteúdos, arcaicos, de referência feminina ou de mulheres do passado, que se contrapõe ao seu tempo, e você parece indecisa sem saber se segue a referência antiga dos princípios de conduta social antiquados ou se liberta e assume a mulher que se permite seguir em busca da satisfação de seus desejos.
Sua tendência foi se proteger na repressão moral referendada em conceitos de gerações passadas. Conceitos que geram preconceitos e que precisam de novos conceitos. A questão é: ser como a modernidade permite ou ser como foi a mãe, ou a avó? Novamente a questão do Sagrado e do Profano, ou seja, a idealização conceitual inconsciente de transformar-se na virgem santificada não acometida pela sujeira da sexualidade ou arriscar-se no universo mundano, se permitindo a busca do êxtase carnal, se perdendo nos beijos profundos, na volúpia da penetração da carne, se entregando ao pecado e assumindo a mulher dona de sua vida e de suas possibilidades de prazer e erotismo. No sonho as coisas não são muito claras ou definidas e os caminhos ainda são carregados de dúvidas ou conflitos. Comprar ou não comprar, trabalhar ou não, manifestar o desejo ou esconde-lo, etc. A estima ainda precisa ser consolidada e a libertação do julgamento alheio é o caminho para encontrar a maturidade. De todo modo, a relação entre masculino e feminino vai sendo restaurada e caminha para uma relação interior mais harmonizada. A jornada pelo aprimoramento é assim, enquanto seguimos e rompemos as dificuldades, mais suave ela se torna, entretanto, enquanto uma conquista infindável e paradoxal, mais difíceis e complexos se mostram os desafios a serem vencidos.
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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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terça-feira, 23 de novembro de 2010

O diário de Edith...


Pela manhã fui até a biblioteca trocar os livros. Durante o trabalho praticamente não tirei o telefone da orelha, pois o coordenador técnico esteve na minha sala e levou um envelope de encaminhamentos desde o ano de 2008 para eu verificar se as pessoas ainda estão aguardando os mesmos. Isso sem falar que o pessoal da odonto e do serviço social também não deu sossego pedindo ligação o tempo todo. Não há de ver que até hoje há quem esqueça meu nome e daí me chama ora de Paula e depois de Ana Paula? Mais dois nomes para minha lista. Relembrando temos Renata, Cláudia, Carol, Ana Paula, Paula e o proposital e detestável nome Fernanda. Já nem preciso criar pseudônimos para mim. Ao final do dia fui com mamãe até o terreiro tomar passe com os pretos-velhos. Apesar da agitação da grande quantidade de ligações efetuadas, tive um dia normal e razoavelmente tranquilo dentro da rotina natural. De término tenho a contar que terminei de ler o livro O diário de Edithi. Assim como a personagem principal, também acho que um registro ajuda, às vezes, a organizar e analisar a evolução da vida. Bem, esse foi mais um bom dia de minha vida.
i HIGHSMITH, Patrícia. O diário de Edith. Trad.: Fernanda Pinto Rodrigues. São Paulo: Siciliano, 1995.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Conexão...

Terminei a leitura do livro Conexãoi. A autora explica que, quer queiramos ou não, quer admitamos ou não, a contaminação psíquica, ou energética existe tanto quanto existe a contaminação física ou emocional. A vida não é propriedade nossa, pois somos nós quem pertencemos a vida. O livro define que personalidade é a individualidade consciente. Quem concede muito, pouco ou nenhum espaço para o crescimento pessoal é a personalidade (através do intelecto, das emoções, da imaginação), equilibrada ou não. Quando temos uma manifestação mediúnica em desequilíbrio, devemos saber que é a personalidade que está desajustada. Cuidando do ajuste da personalidade a mediunidade se ajusta por consequência. A autora troca a frase “o homem é o que pensa” pela “o homem é o que crê”. Somos livres para crer. A crença é magnética e isso quer dizer que ela atrai situações para nós predeterminando nossa vida e mobilizando nossos recursos interiores rumo aos resultados. A vida concedeu, a cada um de nós, o poder criativo para que pudéssemos fazer, manifestar, materializar o que quisermos em nossas vidas, e o leme do poder criativo é a crença. Ainda que sem querer, captamos a energia dos outros. Estabelecemos uma ponte energética, a mesma que é usada pelo Reiki, pelo passe ou benzimento. Os sentidos físicos sofrem um impacto, uma estimulação que é transmitida para o duplo etérico e torna-se uma sensação (emoção) pela ação dos centros sensoriais do campo astral, e o impacto é finalmente percebido pela mente (pensamento). É uma ponte que se altera, da mesma forma que alteramos nossas emoções. Vencendo nossos tabus podemos crer que somos Deus como tudo que existe também o é. Todo o poder emana da fonte de nós, tudo já é em nós e cabe a cada um despertar a consciência para esse fato.
A emoção tem um nível vibratório mais denso e de duração mais curta. O sentimento tem um nível vibratório mais sutil e de duração mais longa. As emoções são educáveis de acordo com nossos valores e a nossa inteligência. Elas vêm dos impulsos básicos enquanto os sentimentos vêm do coração, da alma. A paixão é uma projeção nossa no outro. Se houver amor tudo se ajusta, porque o amor positiva a situação. Mas quando há só paixão, mais dia ou menos dia, a mesma se acaba. A paixão é uma experiência afetiva forte, passageira e incontrolável. O amor é suave, eterno e sereno. O sentir e o perceber são estimuláveis ou bloqueáveis, que depende da desenvoltura, da educação, da formação, dos condicionamentos de cada um. Aquilo que pensamos de nós mesmos e de cada uma das outras pessoas determina o modo como aparecemos a ela e a nós mesmos. Quando criamos uma fantasia no campo mental, isso gera vontade e querer, que nos faz buscar ter controle do futuro e gera ansiedade no campo astral. Essa ansiedade por sua vez gera medo e a preocupação se torna uma fé no ruim. A consciência sente-se traída quando não se vê traduzida numa ação adequada. Vejamos um exemplo simples: mentindo para nos proteger, para não perder a estima do outro, acabamos por perder a nossa auto-estima. Fingindo para não sentirmos embaraçado diante do outro, embaraçamos diante de nós mesmos, pois criamos uma barreira nas expressões dos nossos sentimentos. Começamos a nos defender do mundo, mas se caminhamos nessa direção, passamos a temer o mundo. O uso adequado da nossa consciência não é automático, nem programado; é opcional. Quando a estima por si mesma é baixa, somos facilmente controlados pelo medo. Não é uma questão de karma o que sofremos, mas sim de auto-estima. Mudando o enfoque, mudamos a disposição interior e, consequentemente, mudamos o karma.
Os atributos dos quais fugimos nos acompanham como sombras, através das outras pessoas, sobressaindo-se nelas. Toda vez que sentimos raiva, irritação, é porque estamos agindo de uma forma que tolhe a própria essência, e ela grita: “procure uma outra forma de ver a situação”. Quando ultrapassamos um limite de tolerância desse acúmulo da energia de transformação que é a raiva, sem que venhamos a utilizá-la, formamos um campo magnético destrutivo no nosso corpo astral com capacidade de desorganização na matéria física. Toda vez que agimos contra nossa natureza, toda vez que cerceamos a expressão de nossa alma, daquilo que é verdadeiro em nós, rumamos pela estrada da repressão que leva à angústia ou à infelicidade. Estamos indo contra nós e muitas vezes até bem intencionados na nossa forma de pensar, mas estamos fazendo algo que não funciona direito na vida, porque sentimos que não estamos confortáveis interiormente com a situação. Não é porque estamos cheios de boas intenções que estamos fazendo o melhor por nós mesmos. Temos bastante a aprender. A mediunidade nos dá a possibilidade de fazer contato com a energia do sentimento ou da emoção dos demais encarnados, bem como dos desencarnados. Fazer distinção entre o próprio sentir e a captação do sentir alheio é importante para o médium, pois evita muitos dissabores. O livro define inconsciente coletivo como uma parte que não tem identidade própria, mas que está em todas as pessoas, uma espécie de denominador comum. A nossa mente abriga em si elementos comuns, o que se chama de arquétipos.
i MARTINS, Maria Aparecida. Conexão: uma nova visão da mediunidade. São Paulo: Vida e Consciência Editora, 2001.

Penteado do dia...


Sonho de olho no olho...


Tive uma noite daquelas sem conseguir dormir por causa da tosse provocada pelo refluxo. Isso sem falar que tive que tentar dormir deitada de bruços sobre um travesseiro dando uma inclinação de quinze graus. Era a única posição cabível de ficar na cama e não sofrer tanto. Hoje pela manhã, sentindo tudo congestionado por dentro, não teve jeito: mesmo detestando ter que tomar remédio, tive que recorrer ao Omeprazol, o principio ativo mais indicado para o caso. Pior é que o remédio só começa a mostrar efeito do terceiro dia em diante e, não obstante, tussi tanto durante o dia que me deu até dor de cabeça. Falando sobre algo bom, com a bênção da intercessão divina, consegui uma superação no objetivo dois. Simplesmente aconteceu, ótimo! Durante a noite sonhei que procurava olhar nos olhos das pessoas e o fazia não só com dificuldade, mas com curiosidade, algo amais do que o sentimento inicial que sempre me inibiu de encarar as pessoas olho no olho. No sonho esse contato pareceu mais fácil e eu brinquei com isso. Ao olhar para um jovem levantei as sobrancelhas e ele fez o mesmo como se fosse um espelho. Vi o outro sendo um reflexo não por se parecer comigo, nem por me imitar, mas por ser um ser humano como eu, alguém que, por mais que diferenciasse nas características pessoais, não deixaria de ter sido feito e criado exatamente como eu, do mesmo princípio e para o mesmo fim. Lembrei da história dos bebês que sorriem quando alguém lhe olha nos olhos, pois eles se “refletem” no outro. Achei estranho o sonho conter esse foco: seria alguma mudança acontecendo dentro de mim? Demostra algo amais do que a vontade de realizar isso na vida real? É como se eu quisesse enxergar o outro e, ao mesmo tempo, pudesse me ver refletida nesse outro. É como se eu, pelo olhar, exigisse o direito de ser eu mesma, única, com minhas características pessoais e, ao mesmo tempo, demonstrasse, pelo olhar, aceitação e respeito ao direito do outro de ser quem ele é, também único tanto quanto eu. A sensação contida no sonho pareceu-me enigmática, pois embora houvesse um certo constrangimento (era como se eu estivesse olhando nos olhos dos outros pela primeira vez), também havia naturalidade, como se fosse uma brincadeira, uma postura de auto-aceitação, de auto-respeito, bem como de aceitação e respeito ao outro. Era como se eu quisesse entrar dentro do outro usando o olho como porta.

Resposta:
“O olhar é portal que nos permite passagem para contato e conexão com o exterior, ou seja, identificação e registro do observável. Mas também é portal para que o outro possa penetrar em nós. Várias são as formas que o mundo nos penetra para que possamos incorpora-lo: os sons nos penetram e nos tocam com as ondas sonoras As imagens vislumbradas, incorporamos, espelhamos, reproduzimos e registramos; Os aromas nos penetram pelas moléculas que identificamos quando as capturamos; Os sabores incorporamos depois das reações químicas que sofremos; E a sensibilidade nos favorece identificar energias, campos suaves, densos, vibracionais, etc. O olhar é revelador, pois nos leva ao longe, nos transporta e desnuda aquilo que que se revela, bem como abre as possibilidades para que sejamos vasculhados pelo olhar de outros observadores. Para mim a consciência passa pelo olhar e por ele retemos a consciência e apreendemos o mundo. Pelo olhar no situamos no presente ou o abandonamos. Pelo olhar nos protegemos de ser arrastados para o passado dissolvido ou para o não acontecido, o futuro das fantasias e ilusões. Enfim, o olha definindo o presente, define o tempo, o momento, a forma de estar ao mundo e no mundo. Conecta o individuo com as realidades que o envolvem, e o lança de consciência amplificada de si mesmo e em si mesmo na ralidade que o contém.
Para olhar é preciso primeiro estar no presente. É preciso que a autoestima esteja fortalecida para que se possa experienciar o confronto que o olhar do outro representar, a cobrança, a criticidade, o julgamento. Para o individuo enfraquecido o olhar se abaixa, por que se submete à força da presença do outro, ao poder externo. Essa força do outro necessariamente não é a força que ele tem ou apresenta, mas o poder que 'projetamos' nele, o nosso temor. A realidade passa a representar ameaça e a exigir mais do que o sujeito é capaz de dar. Assim o sujeito se entrega como quem não apresenta estatura ou postura para o encontro. A realidade exigi-nos certa dose de agressividade para enfrenta-la. Precisamos ter uma pulsão focalizada para transpor os limites que não estão na realidade, mas em nós. O primeiro desafio é superar as próprias dificuldades. No passado a realeza impedia o olhar do outro. Essa realeza não se submetia à criticidade dos que consideravam inferiores. Tinham muito a esconder e o faziam pelo subjugo. O sonho indica o fortalecimento de sua autoestima, ou a construção dessa estima que lhe faltava para sustentar a sua relação com o mundo. A curiosidade que antes aparecia quando o encantamento lhe assombrava, acontecimentos excepcionais, agora encontra espaço na redescoberta do mundo, em acontecimentos naturais. O extraordinário abre espaço para o extraordinário do natural, da descoberta do mundo ao redor, ou seja, aquilo que o julgamento crítico anterior definia como banal e insignificante. É assim que a coisa funciona, o extraordinário é o que vivemos, não o que vive o outro. E a descoberta do mundo é assim lúdica donde nos permitimos experimentar, sentir, descortinar mistérios, igualdades.
O grande ego inflacionado diminui, porque não é tão grande, e o pequeno cresce, porque não é insignificante. A percepção se transforma, a forma de perceber o outro se aproxima mais de uma realidade comum, de um senso comum. Ninguém é mais do que qualquer outro. A inferioridade, em forma de complexo, inicia seu processo de dissolução. Essa a desconstrução fundamental que precisamos realizar: enfrentar nossas dificuldades, superar aquilo que depende apenas de nós, romper os obstáculos que impedem a nossa expressão maior, fechar cada etapa para que sejamos mais livres, confiantes e seguros. Veja que, antes que as dificuldades existam no mundo, elas existem dentro de nós. O sonho é isto: sua configuração mental se consolida e você começa a descobrir o seu verdadeiro tamanho, nem mais e nem menos do que qualquer outra pessoa. Esse é o seu tamanho diante do mundo e isso é bárbaro! Só temos tamanho depois de o conhecer”.


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O segredo da felicidade...

Terminei o livro O segredo da felicidadei. Concordo com o autor em pensar que Jesus foi supremamente feliz se associarmos felicidade a serenidade, segurança, contentamento, paz, alegria e satisfação de alma. Também a felicidade dele não dependia de circunstâncias externas. Não precisava de estímulos de fora para ser feliz. Aprendera um segredo que lhe permitia viver acima das circunstâncias da vida e a salvo do temor do futuro. Ele agia sempre com perfeita calma e certeza do que dizia e fazia, e sempre se mostrava sereno em meio às circunstâncias mais embaraçosas, e até mesmo ao enfrentar a morte! Seu segredo foi revelado nas beatitudes. Para sermos felizes precisamos: 1. Ter a certeza de que não estamos sozinho no mundo, e de que uma inteligência e um poder mais adequados dirigem o nosso destino; 2. Conhecermos a verdade a respeito do nosso ser: nossa origem e finalidade, nossos conflitos e a perspectiva do nosso futuro; e 3. Ter paz mental, ou de espírito, uma paz que nos liberta de todos os perturbadores conflitos e frustrações da vida, a paz de alma que permeia todo o nosso ser, paz que opera quando suportamos com bom ânimo e otimismo as provações e sobrecargas da vida. Vejamos as boas dicas da felicidade contidas em Mateus 5:
1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus: Jesus nos ensina que se acha a felicidade em meio à pobreza. O pobre de espírito não mede o valor da vida por possessões terrenas, que se podem perder da noite para o dia, mas em termos de realidades eternas, que duram para sempre. Ser pobre de espírito é ser humilde e simples tendo consciência da própria pequenez, da insignificância humana, da dependência a Deus. Somos falhos e é nessa pobreza de espírito que encontramos a misericórdia divina. É sendo pobre de espírito que encontramos a riqueza divina e nela entregamos nosso ser com confiança plena. É sendo pobre de espírito que negamos a nós mesmos, as nossas aspirações terrenas, para servir a Deus.
2. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados: Jesus fala do choro da insuficiência: bem-aventurados são aqueles que choram a insuficiência do seu eu, porque serão consolados com a suficiência de Deus. Também fala do choro do arrependimento: não é o pranto da comiseração de si mesmo, e nem a tristeza por danos materiais, e nem o remorso pelo fato de os seus pecados estarem a descoberto. É, sim, mudança de direção, de atitudes e a renúncia da vontade. Em terceiro vem o choro do amor: lágrimas vertidas por comiseração própria são lágrimas que demonstram fraqueza, mas vertidas por amor de outrem são prova de fortaleza espiritual. Em quarto lugar o livro cita choro da agonia da alma e em quinto o choro da aflição: o sofrimento que serve para burilar o espírito e encher o ser de sabedoria muitas vezes é o cadinho em que se prova a nossa fé. Tristeza por tristeza e sofrimento por sofrimento não tem valia. O valor e consolo do choro está em sabemos que Cristo está conosco e que podemos superar as adversidades com Ele. Quanto maior a dor e a dificuldade, maior é a presença dele.
3. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra: mansidão significa gentileza, delicadeza. Também significa não guardar ressentimentos, irritações, amarguras e frustrações. Os que são mansos não se zangam com a vida. Aprendem o segredo da renúncia, da submissão a Deus e as leis divinas. Felizes aqueles que confiantemente colocam suas vidas, suas fortunas e o seu futuro nas onipotentes mãos do Criador. Mansidão implica em indulgência, que significa abster-se de condenar os outros, recusar julgar as ações e os motivos dos que nos cercam. Ser manso é ser pacífico, é ter paciência.
4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos: Jesus fala da fome espiritual, a fome de amor e a sede da retidão moral, de boa índole. A fartura então prometida é a da própria evolução.
5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia: isso nos leva a fazer aos outros aquilo que gostaríamos que nos fosse feito, a compreendermos e perdoarmos os outros por necessitarmos também de compreensão e perdão. Somos misericordiosos não tendo preconceitos, não julgando o outro.
6. Bem-aventurados os puros de coração, porque eles verão a Deus: o coração é a sede dos sentimentos, ou seja, nossos sentimentos devem ser puros, espontâneos, naturais, amorosos e livres de maldade. Devemos ter a consciência pura para sermos puros em nossas intenções e ações.
7. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus: ter paz é não competir, não dominar, não desejar, não cobiçar, não invejar, não ter raiva ou ciume. Ter paz é apenas possuir a serenidade de se entregar as forças maiores e aceitar os caminhos e as implicações da vida sem esmorecer, sem se rebelar. Jesus espalhou a paz ao dizer que não vinha destruir a lei, mas sim cumpri-la.
8. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus: Jesus foi o maior perseguido da história da humanidade e sua justiça estava em cumprir as leis divinas do amor, da entrega à vontade do Pai. O mundo da matéria não condiz com o mundo do espírito e foi por isso que Jesus disse que não há como seguir a Deus e a Mamon. Somos perseguidos pelo preconceito alheio quando deixamos o mundo da matéria de lado para viver e buscar o mundo dos gozos espirituais. Quantos mártires se tornaram santos por terem sido fieis e justos vivendo e divulgando a verdade na qual acreditavam e buscando em primeiro lugar o reino de Deus? Jesus disse que aqueles que nele crê, ainda que morra, viverá. Foi isso que aconteceu com cada um desses mártires, pois mesmo morrendo fisicamente, vivem e viverão para sempre como exemplo de dignidade e fé nas memórias da história da humanidade.
i GRAHAM, Billy. O segredo da felicidade. Trad.: Waldemar W. Wey. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1962.

A cura quântica

Terminei de ler o livro A cura quânticai. O autor afirma que a cura não é um processo físico, mas mental. A ciência tem uma base física muito sólida e extremamente convincente aos olhos de qualquer médico. Já o poder da mente é duvidoso na mesma proporção. No Ayurveda, o requisito mais importante para a cura de qualquer desordem orgânica é um nível profundo e completo de relaxamento. A vantagem inicial obtida pela medicina tradicional ao se investir contra uma doença deve-se à esperança de extirpá-la o quanto antes do corpo. A enorme desvantagem é que todo o organismo se danifica nesse ataque contra uma parte dele. Os fantasmas (as doenças) ficam mais fortalecidos à medida que lutamos contra eles. Daí a importância da aceitação e de uma mudança do padrão mental. As células cancerosas que os pacientes temem e os médicos combatem são apenas fantasmas que vêm e vão, despertando esperanças e desesperos, enquanto o verdadeiro culpado, a memória que cria a célula cancerosa, continua sem ser detectada. O que faz a pessoa é a experiência (as tristezas, as alegrias, os rápidos momentos traumáticos, as longas horas sem fazer nada em especial, etc) unido ao conceito da vivência, ou seja, o que a pessoa faz mentalmente com tal experiência. Os minutos de vida se acumulam silenciosamente e, como grãos de areia depositados por um rio, podem finalmente se empilhar numa formação oculta que irrompe como uma doença.
Muitas coisas que existem fora de nós não existem para nós, não porque sejam irreais, mas porque dentro de nós o cérebro não está moldado para percebê-las. Somos como rádios que aparentemente dispõem da capacidade de captar todas as estações, mas que mantêm sintonia cativa em apenas três estados: meditativo, acordado, dormindo e sonhando. A realidade subjetiva e a realidade objetiva estão intimamente ligadas. Quando a mente muda, o corpo não tem outra escolha senão mudar. Nada é tão importante no universo como nossa participação nele. O motivo pela qual a meditação é tão importante no Ayurveda é que ela conduz a mente para uma zona livre, intocada pela doença. Enquanto não se tem conhecimento da existência de tal lugar, a doença dará a impressão de estar dominando por completo. Essa é a principal ilusão que precisa ser destruída. A atenção exerce muito mais controle do que comumente se imagina, porque somos vítimas da percepção passiva. Uma pessoa que está sentindo dor tem ciência dela, mas não de que pode aumentá-la, diminuí-la, fazê-la aparecer ou desaparecer. No entanto, esse poder é verdadeiro. Tanto dar boas risadas como tomar diariamente um copo de suco de uva podem derrotar uma doença fatal, se o paciente acredita com firmeza no tratamento. Seria melhor dispormos de uma ciência da percepção. É isso que o Ayurveda fornece ao fazer as pessoas compreenderem que sua própria percepção cria, controla e altera o corpo. Isso é um fato, não apenas uma visão védica das coisas. Cada dia é um todo, não um passo para a recuperação sonhada, mas um fim em si mesmo, um dia que deve ser vivido em sua plenitude, como se a doença não existisse. Talvez não acreditemos que possamos conversar com nosso DNA, mas, de fato, o fazemos continuamente. As substâncias químicas que atravessam-nos a uma velocidade impressionante a um toque do pensamento, os receptores nas paredes celulares, que esperam pelas mensagens dessas substâncias, e qualquer outra partícula de vida, são fabricadas pelo DNA.
A cura quântica é a capacidade de um modo de consciência (a mente) corrigir espontaneamente os erros em outro modo de consciência (o corpo). Trata-se de um processo fechado em si mesmo. A cura quântica produz a paz. A Ayurveda nos dá os meios de chegarmos diretamente ao nível de consciência capaz de exorcizar as memórias negativas, pessimistas e doentes, tanto quanto o mal físico de um câncer. Aqui entra o paradoxo: se uma pessoa reagir ao câncer como se ele não fosse grande ameaça, do modo como reage a um resfriado, teria melhores probabilidades de se recuperar. Contudo, um diagnóstico de câncer faz com que todo paciente sinta-se completamente anormal. O diagnóstico em si dá o início ao círculo vicioso, como uma cobra que vai comendo o próprio rabo até desaparecer. A memória de uma célula é capaz de viver mais tempo que a própria célula, mas todos nós podemos mudar a biologia de nossos corpos, de um extremo a outro. Quando estamos muito felizes ou profundamente deprimidos, não somos a mesma pessoa, fisiologicamente falando. Os casos de personalidade múltipla demonstram que essa capacidade interna de nos modificarmos está sob controle preciso. No mesmo instante em que pensamos e afirmamos “sou feliz”, um mensageiro químico transforma nossa emoção, que não tem nenhuma existência sólida no mundo material, numa partícula de matéria tão perfeitamente afinada a nosso desejo que todas as células de nosso corpo, literalmente, ficam sabendo dessa felicidade e a compartilham. Achei fascinante saber sobre um estudo com quatrocentos casos de recuperação espontânea de câncer donde todos os pacientes apresentavam apenas uma coisa em comum além da doença: tinham mudado de atitude antes de ocorrer a cura, encontrando um meio de ser útil, corajoso e otimista.
i CHOPRA, Deepak. A cura quântica: o poder da mente e da consciência na busca da saúde integral. Trad.: Evelyn Kay Massaro e Marcília Britto. 45ª ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2009.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Conviver e melhorar...


Ando nos meus dilemas. Acordo e deito com dor de cabeça de tanto sono, mas demoro a dormir e, quando levanto a noite para ir ao banheiro, demoro outra vez para dormir. Levo no mínimo umas três horas pelejando para dormir e nem assim meu sono tem sossego, já que nessa época de chuva os pernilongos ficam zumbindo no pé do ouvido e, num baita calor, tenho que dormir toda coberta. Mas o pior nem é isso: minha cabeça de tempos em tempos, para não usar a palavra sempre, entra na crise da fantasia e fico sonhando acordada com milhares de situações cuja chance de acontecer na vida real é zero. Parece uma compensação emocional, psíquica ou sei lá o quê. Daí, mesmo morta de sono, eu não consigo dormir, pois não consigo desligar a mente e parar de pensar nas diversas situações que gostaria de viver e que, provavelmente, nunca viverei, até porque o tempo está só passando.
Mudando de assunto, terminei de ler o livro Conviver e melhorari. A leitura nos explica que a atuação mais importante que podemos ter em benefício de nós mesmos é conhecer cada vez mais a verdade e o amor em plenitude. O autoconhecimento nos aproxima amorosamente de todos os seres humanos, sem distinção de credo, raça e condição social. As dores aparecem como último recurso a ser aplicado. Elas apenas solicitam-nos transformação interior. A resolução correta deve ser a experimental, não a definitiva. Isso não quer dizer que devemos ser inconstantes, mas maleáveis. Na nossa existência devemos fazer o que há de melhor em nós e entregar o produto de nosso trabalho nas mãos dAquele que sabe o que fazer com esse resultado. Eis alguns trechos que mais gostei: “...Na maioria das vezes, uma atenção silenciosa tem mais poder de consolo e cura do que mil palavras bem intencionadas...” (pág. 18). “...Toda timidez é formada pelo desejo de agradar e pelo medo de não o conseguir. É produto do orgulho e não da modéstia...” (pág. 35). “...A qualidade da percepção não se acha nas coisas que vemos, mas, proporcionalmente, no desenvolvimento espiritual do indivíduo que examina. Nossa forma de ver é uma riqueza que não se vende nem se compra, mas se conquista...” (pág. 51). “...A serenidade interior é conquista de quem possui autolealdade...” (pág. 77). “...Nossa felicidade é o resultado da maneira pela qual vivenciamos aquilo que somos... A felicidade não é simplesmente uma meta a ser alcançada, mas uma consequência: a colheita de nossos atos e atitudes diante da existência...” (pág. 86). “...Amor real não coloca limites à indulgência...” (pág. 99). “O narcisismo dos pais é uma fascinação por si mesmos refletida nos filhos. Sou especial e, portanto, devo tratar e proteger meu filho especialmente...” (pág. 108). “...Jesus não interditou a defesa, mas condenou a vingança...” (pág. 110).
i Francisco do Espírito Santo Neto. (Batuíra e Lourdes Catherine). Conviver e melhorar. Catanduva, SP: Boa Nova Editora, 1999.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Intimidade e a hóspede especial...



Meu dia foi tranquilo e animoso. Pela manhã fui à biblioteca trocar os livros e depois segui na rotina de ir trabalhar. Acho bem divertido quando alguém vai lá na minha saleta fazer alguma ligação, mal senta na cadeira do telefone que fica a minha frente, ramal 39, e me pergunta como eu suporto ficar sozinha dentro daquela sala pequena. Os calorentos perguntam como eu aguento ficar com a porta fechada. Geralmente no frio lá é uma geladeira e no calor é um forno. Eu simplesmente dou a minha risada básica e respondo: “aguentando” e, outrora, “suportando”. A questão é que não suporto e nem aguento, pois em verdade eu amo ficar naquela sala apertada curtindo um calor que realmente não me incomoda. Só fico suada lá dentro na primeira meia hora após chegar, ou seja, depois de caminhar cerca de vinte minutos no sol quente. Ademais, não gosto de ar condicionado e quanto mais calor, mais água eu bebo e mais sinto purificar meu organismo. Como prefiro calor do que frio, não tenho do que reclamar. Quanto ao isolamento, isso é comigo mesmo, pois acho maravilhoso! Sempre que estou sozinha, principalmente em locais públicos cheios de pessoas, me sinto livre, feliz e reconfortada, pois é nesses momentos que tenho intimidade com Deus, ou melhor, é nesses momentos que Deus proporciona intimidade ao nosso relacionamento. Somente Ele conhece o que sou na pureza de meu ser, na privacidade, na liberdade e intimidade dos momentos em que estou “sozinha”. Somente nós (eu, Ele e as demais companhias espirituais) possuímos o conhecimento do que se passa na minha mente e o sentimento de bem-estar que sinto durante os momentos de “isolamento”. Ele sabe o quanto agradeço por isso e o quanto estou disposta a fazer pela minha gratidão. Não sei o tamanho da minha fé, mas Ele me deu a maior prova de confiança que eu poderia receber em vida, um milagre maior do que o próprio nascimento ou a própria saúde que tenho. Amo sentir essa animosidade misturada com uma emoção que trava a garganta e quase me faz chorar! Amo Deus tão presente no meu dia-a-dia! Eu amo o grande amor da minha vida, o maior e melhor que qualquer ser pode ter!
Depois do trabalho fui com mamãe ao parque. Incrível como o mesmo estava movimentado. Foi a primeira vez que fui ao parque depois das sete e meia da noite. Surpreendi-me com a quantidade de pessoas caminhando. Os cinco quilômetros estavam congestionados e tive que correr desviando-me das pessoas. Gostei de exercitar-me a noite, pois embora tenha muita gente, o ambiente mal iluminado serve camuflagem e isso me deixa bem a vontade. Além do mais, a noite é fresca sem a presença dos raios solares. Mas voltando a falar sobre intimidade, acabei de ler o livro Intimidade: 100 dicas para um relacionamento duradouroi. O autor diz que a intimidade marital carece em primeira instância de intimidade espiritual, independente da religiosidade de cada um, ou seja, ambos precisam cultivar a mesma sensação perante o universo e o Criador colocando o relacionamento com o Divino dentro do compromisso conjugal. Conforme desenvolvemos a habilidade de compartilhar nossos sentimentos, bem como de ouvir e respeitar os sentimentos do cônjuge, a qualidade da intimidade emocional melhora. As emoções que sentimos estão sempre mudando. Respeitar os sentimentos do cônjuge sem tentar consertá-lo ou mudar a situação traz muitos frutos positivos para o relacionamento. O toque da intimidade física não-sexual é uma grande maneira de exteriorizar intimidade. Poucas coisas são melhores que um momento de carinho. Eu tenho dificuldade para expressar meu afeto e isso me causa carência de intimidade com as pessoas de modo geral, mas também já constatei que são poucas as pessoas com as quais gostaria de viver uma afetuosidade aberta. Com alguns eu sou cheia de 'não me toque' não por inibição, mas por puro desinteresse. Ainda estou colocando em treino a questão de ser afetuosa e sei que um dia, embora não saiba quando, expressar meus sentimentos e afetos será algo normal, comum e fácil.
O autor ensina o sexo tridimensional: manter os olhos abertos e as luzes acesas durante o sexo e ser tão aberto e vulnerável espiritual, emocional e fisicamente quanto puder no ato sexual transparecendo todos os pensamentos e sentimentos. O adulto sexual maduro aprende a expor suas necessidades sexuais, seus desejos e suas preferências sendo criativo durante os encontros sexuais, dentro dos limites da personalidade de cada um. Ele discute os sentimentos em relação à sexualidade sem deixar o cônjuge sentir-se depreciado, com vergonha ou culpa. Em muitas situações da vida, sentimos que se formos totalmente honestos podemos ser rejeitados. Por isso, mantemos segredo sobre o que acreditamos que o cônjuge (e isso serve para muitas outras pessoas) não pode saber, aquilo que ele não pode amar nem aceitar em nós. Esse segredo prejudica a intimidade espiritual, emocional e sexual do relacionamento, porque não estamos cem por cento disponíveis para a intimidade. Outro ponto fundamental é ambos possuírem maturidade e independência financeira compartilhando os mesmos valores e comportamentos em relação aos ganho e gastos. A maturidade financeira e a comunicação responsável e honesta sobre gastos e despesas protegem a intimidade de qualquer casamento das desnecessárias escoriações criadas pelos assuntos de dinheiro.
Além disso, o livro indica dicas simples para manter um bom relacionamento como orar junto, compartilhar os sentimentos diariamente, manter o hábito de elogiar e estimular o parceiro em vários aspectos da vida e manter um acordo sexual donde o casal estipula a frequência em que deseja ter intimidade sexual, bem como a divisão da responsabilidade da iniciativa sexual. Isso foi o que mais me agradou da leitura.
Por fim fica de acréscimo a frase que mais gostei do livro, a qual inclusive publiquei no Orkut, Twitter, site-blog e MSN (Facebook): '...Sou tão agradecida por Deus saber o que precisamos. Muitos de nós somos muito ignorantes para saber o que é melhor para nós...' (pág. 85). De resto também terminei a leitura do livro A hóspede especialii, mas nada de relevante tenho para relatar da leitura. Para findar o dia uma novidade já confirmada e decidida: minha irmã que mal terminou a reforma da casa que comprou em São Paulo estava cogitando a possibilidade de mudar de lá. Meu cunhado recebeu uma proposta melhor e teve três possibilidades de escolha: Curitiba, Brasília ou Recife. Pois eles decidiram Curitiba e já está tudo acertado para mais uma mudança. Isso comprova aquela velha tese de que ter domínio e definição da vida é apenas uma ilusão.
i WEISS, Douglas. Intimidade: 100 dicas para um relacionamento duradouro. Trad.: Lena Aranha. São Paulo: Landscape, 2006.
ii MILLER, Sue. A hóspede especial. Trad.: Fausto Wolff. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Sonho com moradia exótica...

À noite sonhei que estava morando numa casa junto com minha irmã. Da janela, enquanto minha sobrinha pegava algumas coisas para brincar, eu agradecia a Deus por morar num local tão agradável. De cada janela eu tinha uma vista diferente e aquilo me dava boa sensação. De uma das janelas superiores eu podia ver o mar cujas ondas chegavam quase perto ao prédio. De outra janela eu avistava um cemitério que parecia um pouco abandonado. Do andar térreo eu enxergava o mato ao redor da construção. Interessante que estava chovendo e, ainda assim, havia fogo queimando o mato do redor. Como estava chovendo o fogo não me pareceu tão perigoso e, ademais, havia uma faixa ao redor da construção que estava capinada, de modo que o fogo se apagaria antes de chegar até a construção em si. Só tenho lembrança disso e pareceu um sonho diferente pelo fato de achar interessante estar morando junto com minha irmã, algo que para mim foi incogitável durante toda a vida, ao menos até pouco tempo atrás. A diversidade de paisagem a cada janela parecia reconfortar meu lado contemplativo e provavelmente foi a maior vantagem que encontrei naquela habitação, pois não parecia um local comum.

“Alra” assim comentou: “Internamente a dinâmica da psique indica reconciliação de conteúdos e representações, tanto de você quanto da sua irmã. A reconciliação poderia ser compensatória, mas mesmo que seja projeção de um desejo pessoal ainda assim é reconciliadora, já que o passado sempre indicou conflito entre os conteúdos e polarizações. Como sua irmã possuiu grande poder na condução de sua formação, a polarização nasceu para proteger sua individualidade original da indiferenciação, para evitar que fosse apenas uma cópia da irmã. Naturalmente, uma resistência que lhe possibilitou, através do distanciamento, a defesa de sua pessoalidade. Entretanto agora, deixando de existir a ameaça a sua individualidade, a proximidade se anuncia em forma de reconciliação, ocorre o desarme das defesas, os conflitos diminuem associados a níveis mais baixos de tensão no estabelecimento das conexões e relações internas entre conteúdos. Assim você é favorecida, nesta nova realidade, podendo ter o contato com a irmã em bases mais propícias de irmandade.
A casa é propriedade da irmã, possibilidade de maior identidade entre você e ela e da força da presença dela em sua formação. Nada demais considerando que ela te conduziu na sua adolescência e acertadamente ou erroneamente, define muito de suas referências pessoais. A reconciliação favorece a elevação do seu conforto pessoal, à medida que diminui os conflitos de irmandade, de sua reatividade, dos ressentimentos, mágoas, agressividade, anti-empatia, enfim, despolariza, consequentemente, os extremos da elevada tensão que aflorava. As janelas superiores indicam elevação, ascensão, mudança de nível. As múltiplas possibilidades de vista indica ampliação de sua capacidade perceptiva, relação mais ampla com o seu entorno. O oceano primordial ainda está muito próximo, mas não é ameaçador. Exige cautela com relação às pulsões de inconsciente. O mato por perto enquanto uma ervas daninha que cresce indica pensamentos ameaçadores e fantasias escondidas, ou seja, um espaço interno que ainda demanda cuidados e atenção.
O cemitério abandonado pode estar relacionado aos ancestrais que precisam ser relembrados. Não se pode abandoná-los, ainda que vivam em nós e através de nós. Mas também relembra e reafirma a temporalidade da vida, sua finitude. A chuva indica fecundação. Quando o solo é bom e está bem preparado, a chuva celestial vem para fecundar a terra e produzir riquezas. Unindo água com terra e produzindo o barro, promovemos a alquimia da semente e anunciamos vida nova. Se a água se une a terra, o ar se une ao fogo, elemento básico da vida, que queima as impurezas, aquece, ilumina, movimenta e promove a chama da vida. Mesmo que seu fogo interno tenha poder, verifica que este não ameaça destrutivamente o lugar onde está. Mas ele é combustível que alimenta a fornalha de sua vida. O clube indica as relações humanas e sociais, as interações sustentadas na convivência harmoniosa. Também é uma realidade interativa que a convida para a vida.
São quatro janelas: 1. Coletividade humana passiva, cemitério – elemento terra; 2. Coletividade humana ativa, clube – elemento ar; 3. Pulsões do inconsciente, oceano – elemento água; 4. Elemento fogo. São quatro representações que devem ser transpostas no processo de aprimoramento. A imagem é mandálica, indica formação de equilíbrio. Os elementos indicam dinâmica, reordenação, realinhamento espacial, reconfiguração da psique. Atente para um detalhe: desde a fecundação, passando pelo nascimento, crescimento, desenvolvimento, adolescência, vida adulta e envelhecimento, sofremos intervenções da dinâmica do mundo atuando em nós e que envolve sistemas psicobiofísicos internos e sistemas biofisioquímicos externos. Estes sistemas participam de um processo contínuo de transformação e readaptação de tudo o que existe neste universo. Nós somos o resultado destes processos com um evento diferencial: nossa capacidade de realizar escolhas e interferências que podem favorecer a harmonia dos sistemas internos e as relações internas com o mundo, ou favorecer a desarmonia e o aumento das polarizações que produzem elevação das tensões dos sistemas pessoais. Assim, em processo constante de adequação, podemos favorecer essa harmonia ou sermos levados pelas forças que atuam promovendo essa adaptação forçada para evitar o colapso das unidades de sistemas que existe em cada um de nós. A sua forma de se relacionar com o mundo, com as pessoas e consigo mesma, vem mudando no último ano. Inicialmente as mudanças foram conceituais enquanto pré-requisito para mudar a maneira do seu sistema mental de responder ao mundo. A psique há meses vem anunciando sua reestruturação, sua reconfiguração, a qual se faz visível pela ordenação onírica e pelo simbolismo que indica este processo de transformação. A formação do mapeamento psíquico e a dinâmica onírica indica maiores possibilidades de relações mais harmônicas com o mundo e consigo mesma. Parabéns por isso e vamos adiante, pois muito ainda falta...”

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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Sonho com flores... e afeto!


À noite sonhei que um homem se aproximou de mim e entregou-me um ramalhete que não era volumoso, mas comprido, com algumas rosas vermelhas, alguns lírios brancos e umas espadas de são jorge. Admirada e surpresa perguntei se ele tinha certeza de que elas eram para mim, se por acaso não seriam para minha mãe. Ele respondeu que tinha certeza de que era para mim e então peguei-as alegre. Ele não era o tipo de homem que primeiro conquista a sogra e o fato das flores serem para mim deixou-me encantada. O sonho parece repetir aquela velha questão de que, ao ser surpreendida, ao ficar encantada, fico mais aberta, mais propícia aos fatos, fico alerta aos acontecimentos. Além disso, também parece reforçar a ideia de que tenho mais facilidade e disponibilidade de dar afeto quando de antemão sou aceita, desejada ou algo do gênero. Não lembro direito, mas me parece que ele era negro e tinha um pano cobrindo parte do seu rosto do topo até o nariz. Nos beijamos e eu senti que podia suprir minhas carências mais beijando-o do que sendo beijada. Eu conseguia me saciar independente dos beijos dele, pois eu conseguia beijá-lo sem recriminação, vergonha ou bloqueio. Eu era correspondida pelos beijos dele, mas sentir-me à vontade para beijá-lo era a melhor correspondência, a melhor satisfação e prazer que eu tinha. O pano no rosto dele parecia um simbolismo de que eu não me importava com sua aparência, com o seu passado ou algo misterioso que ficou indefinido, algo que não me incomodou. Era como se eu quisesse me satisfazer e aproveitar o momento unicamente com a disponibilidade dele de também fazer o mesmo, independente do que ele era por trás daquela venda, ou seja, mesmo sabendo (ou mesmo ficando na dúvida) que ele não era o meu tipo de homem idealizado. O sonho, se não for compensatório, ou além de o ser, parece reforçar e prosseguir a união ou reconciliação do masculino com o feminino em mim. Basicamente é isso ou há algo mais a ser acrescentado?


Eis a resposta de “Alra”: “Possivelmente há um pouco mais. Há sempre mais significados nos sonhos do que percebemos ou apreendemos. A impressão que em mim registro em imagem, é a de um lago, transparente, onde nós, acima e à margem, só conseguimos perceber um pouco do todo que seu significado pode ter. Por isso, nunca se dê por satisfeita, e mesmo que extraia várias leituras, saiba que outras mais poderá haver tão significativas quanto as anteriores. Às vezes as águas parecem turvas, mas são nossos olhos que ficam embaçados, outras, quase apreendemos todo o sentido, e quando isso acontece a sensação é mágica, extraordinária. Nestes momentos rendo homenagens ao sagrado e agradeço a generosidade de me permitir vislumbrar e sentir um pouco dos mistérios da vida. Ao contrário da vaidade alimentada, me sinto humilde frente à grandeza e sabedoria de Deus. Você é agraciada com um feixe de flores por um homem negro. A rosa vermelha representa a manifestação das águas primordiais, simboliza a taça da vida, a alma, o coração, o amor. Pode ser considerada como um centro místico e contemplada como uma mandala. É símbolo do primeiro grau de regeneração e de iniciação aos mistérios. A rosa vermelha simboliza o objetivo da Grande Obra na alquimia.
O lírio é brancura que representa a virgindade, a pureza celestial e a inocência. Pode indicar a etapa final do processo de metamorfose. É símbolo do amor intenso e ambivalente, paradoxal, polarizado e tenso que pode levar a irrealização, a repressão ou sublimação, mas também pode ser glorioso quando sublimado, isto é, transformado da passionalidade, do amor instável e emocional, ao amor sublime. Em síntese, trata-se de um símbolo de realização das possibilidades de transformação pessoal. Em Mateus 6:28 temos: 'Observai os lírios do campo, como eles crescem, não trabalham, nem fiam'. É o símbolo da renuncia e da entrega mística à graça de Deus e sabe-se que, nessa vida, estão mais realizados os seres conectados com Deus do que aqueles associados ao poder.

Não podemos desconsiderar o oferecimento do ramalhete com todos os sentidos acima descritos. Ramalhete pode ter origem em ramo de alho, que popularizou o termo Ramália, festa da agricultura e da vinha, em honra dos personagens gregos Ariadne e Baco. Indica celebração e homenagem. Você o recebe pelo seu trabalho interior e pessoal, por suas conquistas, por suas transformações, pela intenção, valor e consideração à Via Interior, à jornada que empreende. A reconciliação foi bem percebida, e principalmente porque o homem revestido na cor negra pode vir de símbolos e conteúdos que precisavam ser transformados e posteriormente incorporados na sua configuração e estrutura psíquica.
Há algum tempo atrás lhe perguntei se queria amar ou se queria ser amada. Naturalmente que o gostoso é amar e ser amado, mas há um pré-requisito fundamental: descobrir se queremos ser amados ou se queremos amar. Muitos pensam que querem ser amados quando o que querem é amar. E sempre que são amados fogem como o diabo da cruz. O seu caso era singular: a carência confundia a sua necessidade como a de quem gostaria de ser amada, mas a grande procura estava na possibilidade de amar já que ficava paralisada esperando ser escolhida pelo amor que escolhia na idealização. Parece-me que agora se inicia o seu movimento espontâneo, a intenção de ir ao encontro daquele que quer amar, gostar, querer, beijar, conquistar, saciar seu desejo. Neste momento o outro é apenas o objeto em quem projeta afeto e, assim, aceita 'usa-lo' aprendendo a ser utilizada na libertação do outro. Poderia ser o oposto, o de querer ser amada. Mas parece que não é. Este é o movimento inicial do adulto que escolhe o que quer, a partir da detecção interna do seu desejo. É o que chamo de pré-requisito para que possa se preparar para receber o amor do outro. Vencido o preconceito que aprisiona e limita as escolhas, parece-me que você abandona o conceito de maculada para reencontrar a virgindade e se dar a chance de romper com as vivências negativas do passado, para experimentar o admirável mundo novo do afeto e da sexualidade. Quando em harmonia o sexo é o encontro natural de seres que se dão o direito de amar e ser amado, pois descobriram que assim se alimentam e alimentam o outro no encontro através da afetividade, uma forma singular de realizar os desígnios divinos. O sonho parece-me um celebração que homenageia o reencontro com sua natureza interior, celebrado com flores. O homem ainda mascarado indica que longo ainda é o caminho para desvendar alguns véus que lhe encobrem, mas já é um grande passo pessoal abandonar a repressão, a vergonha e os bloqueios e seguir superando acontecimentos que precisam ser superados em direção a outros que precisam ser vividos”.
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COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sonho com tucanos...

Tive muitos sonhos, mas só me recordo de um ultimo que tive antes da minha irmã e sobrinha adentrarem pelo meu quarto a fim de me acordarem. Eu estava no quintal de uma casa que era minha e, com o desmatamento da região próxima, dois tucanos lá estavam a se abrigar. O tucano menor que parecia filhote tinha a penugem de uma coruja, enquanto o maior tinha penas verdes como de um papagaio. Por vezes eu levantava a mão e o tucano maior, que por certo seria a mãe, vinha pousar no meu braço. De leve ele bicava-me como a dizer que estava com fome e eu o alimentava com pedaços de pão. Foi um sonho muito bom, pois era como se eu pudesse dar não apenas abrigo e comida, mas também consolo àqueles animais. Eu senti os tucanos desolados por terem perdido o habitat natural, por estarem emocionalmente machucados com a realidade de se sentirem inadaptados à existência e ao todo, exatamente como geralmente me sinto, por sentirem falta dos seus amigos iguais de espécie. Depois sonhei que eu estava vendo um rapaz que beijava uma jovem no pescoço e a abraçava. Embora distante eu podia sentir aquele afeto em mim, mas parecia pouco senti-lo apenas vendo a cena. Consciente de que estava sonhando e pensando que aqueles dois deveriam ser uma representação ou projeção de mim mesma, eu fui até eles, joguei a jovem longe com toda a minha força, para vê-la morta mesmo, e tomei-lhe seu lugar dizendo a ele que aquela era apenas uma parte de mim, mas que eu resolvera tomar meu lugar por completo. Ele aceitou e, abraçados, trocamos vários beijos no pescoço e nos ombros.








Resposta:
“Os sonhos são assim, às vezes se revestem de múltiplos conteúdos que dificultam a sua compreensão, ou espelham o momento pelo qual passamos: momentos confusos e atormentantes geram sonhos inquietantes. Outras vezes os sonhos se mostram límpidos e transparentes, e a leitura é imediata, a compreensão é instantânea. Essa é a graça que se pode receber quando focamos o olhar no interior, quando consideramos o eixo interior que nos guia. Ficamos mais próximos de nosso espírito e o diálogo se faz natural. A leitura já compreendida por você é direta e transparente, sua identidade com os excluídos, com os marginalizados, com os sofredores, perdidos, isolados, lançados no desolamento, encontrando-se no abandono. Mas este é apenas uma face do conteúdo. Eu lhe apresento a outra face dessa mesma moeda: você no quintal de sua casa,ou seja, seu interior, sua vida, seu templo, sua alma. O pássaro é o espírito. O filhote é você renovada. O pássaro, seja filhote, adulto ou velho se transforma com o tempo. A fome do pássaro é saciada com o pão, símbolo do alimento essencial, símbolo do corpo de Cristo na eucaristia, 'o pão da vida'. O Pão combina com a vida ativa, mas também se relaciona com os mistérios da consagração. A fome do espírito é saciada com o alimento espiritualizado, com o Sagrado, Consagrado.
O trigo debulhado, a matéria bruta, é refinada e assim unida a água e ao princípio ativo, o fermento, o conteúdo que dá liga, aciona a alquimia, a conjunção dos elementos. Assim se metamorfoseia a matéria, e ela cresce como que fecundada, se transforma em repouso. E no momento seguinte ao milagre da transformação ainda se faz necessário a união com o Fogo, o calor da vida, a vibração Elemental que aquece e mais uma vez transforma a matéria e finalmente realiza o milagre do pão. O alimento está pronto, para o corpo e para o espírito. O pássaro se aproxima e pousa no seu braço, não tem medo de você. Solicita-lhe o alimento e você o alimenta, ou seja, você alimenta o seu espírito, dá-lhe vida com o alimento sagrado, abriga o seu espírito no templo consagrado. Não há porque focar o negativo, o abandono, a tristeza. Quando estamos sintonizados como o nosso espírito, estamos juntos ao eixo do mundo, do eixo da vida, estamos unidos, em conexão com o Divino. Olhe para frente e abandone o olhar do passado. Você está chegando em casa e nema não existe solidão. A solidão é o sofrimento gerado pela expectativa não vivida. O sofrimento é imagem do desconforto por não participar do que se credita essencial. Já nascemos na solidão, mas quanto mais nos aproximamos do eixo, mais nos afastamos desse desconforto. Abandone o seu isolamento ao invés de lamentar abandono alheio. Confie em sua natureza, em sua vida. Se dê uma chance de conviver, aceitando o outro e permitindo ao outro que a aceite como és. Nada há a se perder!
No sonho seguinte há a evidência de sua mudança de atitude de Agente Passivo Submisso para Agente Pró Ativo. Duas observações: 1. Há transformação em sua dinâmica psíquica. Mudança na dinâmica que rege sua singularidade diante do mundo, na atitude, na postura e comportamento. Não importa a justificativa que a leva a desencadear o seu movimento. A intenção se realiza e é isso o que importa. 2. Altera-se o padrão psíquico. O movimento anterior era para o interior, recuado e protegido no papel de vítima, carente e rejeitada. Mesmo que a princípio se esforce para realizar o movimento e possa ter sido possessiva, exagerada, é preciso compreender que para sair da inércia do submisso carente e recuado para o dinâmico proativo exige-se um processo de adequação para o movimento. Importante é que há o Intento. A energia é desbloqueada e liberada para a ação. Você rompe as travas e realiza a intenção. A tensão eleva-se rompendo com padrões e limites até então aceitáveis e você, já não aceitando o fato desagradável, busca a realização do seu desejo. Se anteriormente usava a manipulação do meio para se fazer de vitima abandonada, e pobre coitada, a dinâmica agora coloca-lhe como responsável pela sua satisfação fazendo-lhe assumir todos os riscos pelas próprias escolhas. O sonho confronta-lhe com a condição de abandonada e coloca-a apenas como assistente, mobilizando a sua capacidade de responder, dando-lhe a oportunidade de escolher outras formas de respostas. Quero deixar bem claro que para isso foi necessário romper com as defesas, conceitos morais, assumir o desejo e correr atrás de sua satisfação. Este é o primeiro movimento decorrente de suas transformações pessoais. Naturalmente este ímpeto, essa tendência de movimento, será projetado na sua realidade, dando-lhe a chance de experimentar novas formas de responder aos acontecimentos no seu entorno.
Pessoalmente acredito numa grande mudança. Você se assumindo como mulher adulta capaz de buscar a realização de seus desejos, sua satisfação, seu prazer e suas necessidades. Pode-se pensar que é apenas um sonho compensatório onde você compensa a incapacidade de realizar a ação assumindo posições mais positivas. É possível, mas prefiro considerar que mudanças tão significativas tendem a correr primeiramente no interior para posteriormente serem projetadas na realidade, incorporando-se ao comportamento manifesto. Há indicação de risco na indiferenciação: o estimulo lhe induz a reação, sua suscetibilidade está elevada. Mas essa indiferenciação pode estar associada a necessidade de satisfação do desejo, do encontro com o outro, sua necessidade de trocar carícias e atender à sua sexualidade de mulher adulta. Nosso destino se realiza a partir de nossas escolhas e decisões. Certas questões na sociedade moderna exigem novos padrões de comportamento, não podem apenas serem desejadas, precisam ser caçadas, conquistadas. A mulher conquistou o direito de caçar, ir de encontro ao masculino, exercitar a 'corte' tanto quanto o homem. Essa já não é mais uma questão fechada, exclusiva da masculinidade, pois passou a ser uma questão de direito pessoal, o direito de escolher, buscar, de se permitir ir de encontro à realização dos desejos pessoais.
São novos os rituais antropomórficos no estabelecimento das relações humanas. Os novos tempos abrem essa possibilidade de igualdade. Estes são apenas jogos iniciais de um complexo envolvimento e entrelaçamento das vidas do masculino e do feminino, que definem os relacionamentos. Nada parecido ocorreu antes. Neste momento a vida exige essa maleabilidade para os que sentem a estranheza nas mudanças dos costumes e dos padrões de envolvimento entre homens e mulheres. Os novos tempos exigem novas formas na busca das interações e no estabelecimento de relações afeto-emocionais-econômicas. Os mais flexíveis e astutos se adaptarão com menos sofrimento. Este é um detalhe arquetípico do sonho. Ele transcende o pessoal porque espelha a Mulher do nosso tempo. A mulher que busca seu espaço, conquista seu lugar e tem o direito de reivindicar o amor, o direito à sexualidade plena, por que antes de tudo ela é dona de seu corpo, do seu destino e de suas escolhas. As contradições, os mal-entendidos, os sofrimentos advindos desta busca, é uma outra questão, que só sera resolvida quando as mulheres romperem com os padrões históricos de submissão ao masculino e com o padrão masculino de domínio do 'outro', ou seja, aquele padrãozinho machista que elas não gostam de ver neles, mas adoram repetir. Aí estaremos mais preparados para viver o poder da igualdade.