Obrigada pela visita!

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quarta-feira, 31 de março de 2010

Torta de banana cremosa com milho e casca de abóbora

Sonho romantico (respondido) com um professor...

“Também lembro de ter sonhado algo bom. Eu estava acordando cedo para ir à escola e me perguntava como fora optar por isso. Só fui amante de acordar cedo em situações esporádicas e sofria na época da escola para levantar cedo da cama todo dia. Uma vez já formada em nível superior não entendia como voltara a estudar na parte da manhã, ou melhor, como tivera coragem para tal. Entretanto, depois de estar no local, acho que era uma universidade, já estava bem e feliz com os estudos. Eu tinha uma apostila bem grossa e enquanto o professor anotava alguns tópicos dela no quadro para prosseguir com a aula, eu lia um livro de literatura. Dois dos meus maiores prazeres sempre foram ler e estudar algo que seja do meu interesse. Ali eu estava fazendo as duas coisas juntas. A aula era sobre os olhos e verificávamos toda a estrutura da visão. Quando chegou o intervalo eu estava na sala dos professores e conversava com o professor cuja aula acabara de ter. Não lembro bem da conversa, mas com sinceridade eu procurava dizer tudo o que ele gostaria de escutar. Disse que ele precisava fazer o que fosse melhor para sua felicidade, mesmo que isso fosse deixar saudade em vários corações. Eu sabia que ele queria mudar da cidade, mas estava tendo dificuldades de conseguir transferência ou, talvez, houvesse algum outro motivo não revelado a segurá-lo ali. Ele me perguntou se eu mudaria mesmo de cidade se estivesse no lugar dele. Percebi que ele queria saber de maneira geral e não apenas se eu estivesse no lugar dele. Respondi que sim, que mudaria e residiria em qualquer cidade que eu viesse a gostar e donde eu pudesse me sentir mais feliz. Se ele não estava feliz em tal cidade, ele tinha sim que ir para onde se sentisse melhor.
Transferindo isso para minha realidade: eu gosto muito do lugar donde morro e dou para trás todas as vezes que minha mãe fala de mudar de cidade. Ela muito já cogitou em morar em Caldas Novas e só ainda não foi por causa da minha avó que também mora aqui em Uberlândia. Minha irmã fica falando da possibilidade de eu ir morar em São Paulo de futuro para ficar perto dela, mas eu detesto cidade muito grande e, além do mais, tenho minha amada chácara por aqui me esperando. No sonho eu fui clara em dizer que não tinha problema com uma mudança de cidade pois o contexto era de insinuação. Eu dizia sobre mudança deixando implícito, ao menos para mim mesma, que a faria com ou por alguém como ele. Ali eu não estava respondendo por base na minha vida real, mas com relação ao contexto onírico em si. Eu folheava um jornal tentando distrair-me e também para disfarçar meu olhar que se focava no professor remexendo em seus materiais. Ele devia ter uns trinta anos, com aparência entre jovial e madura. Tinha os cabelos curtos atrás, mas soltos em mechas na frente, dando um ar entre esportivo e despojado.
De repente ele aproximou-se e me beijou. Embora eu estivesse com uma postura super simpática por causa de interesses ocultos, subestimei minhas capacidades de conseguir ter alguma chance de uma intimidade maior com aquele homem. Eu queria o beijo, mas pensava que não deveria aceitar aquilo, pois estaria entregando meus sentimentos. Eu queria fazer o charme dando uma de difícil, mas eu estava contente de mais para esquivar-me do beijo. Aquilo fora completamente além dos meus planos e eu fora pega de surpresa, mas estava adorando. Tentei sim me desvencilhar dele, até porque estávamos na sala dos professores e mais gente podia chegar a qualquer momento. Ali não era lugar para envolvimentos, muitíssimo menos de um professor com uma aluna. Quando ele parou de me beijar eu lhe pedi desculpas pelo acontecido, dizendo que agira imprudentemente aceitando aquele beijo ali, algo que poderia prejudicá-lo, mas expliquei que não conseguira resistir. Para contra-gosto eu acordei. Tal sonho parece apenas uma porta de auto-conhecimento para mim. Não sei porque sempre subestimei tanto minha real pessoa. Muitos já se surpreenderam comigo e, de certa forma, eu também. Sou daquelas que joga verde para colher maduro nunca achando que vai conseguir de fato colher algo maduro quando a colheita é relacionada com relações humanas. Sou a moda mineira: comendo pelas beiradas... mas em geral acho que posso fome. Não tenho facilidade para conseguir as coisas, mas as consigo sempre que meu querer é motivador. Para as coisas que o querer não impera eu me deixo levar sem muito forçar ou rejeitar, apenas crendo no dito popular: o que tiver de ser, assim será. O que você acha de tais sonhos?”
Disse que "Alra" achava ser um bom sonho pela união entre masculino e feminino, donde ela passeia nas sensações agradáveis ainda que apareçam confusões conceituais, morais, de culpabilidade e de estratégia nesse encontro. Apesar da proximidade entre os opostos ela ainda intervém de forma repressora. "Alra" se referencia em “O que tiver de ser, assim será”, forma em que constrói sua idealização para estabelecer a conexão, o vínculo, mas conduz a dinâmica de forma confusa, pois procura não se comprometer, evitando a exposição como se isso fosse possível. Pode parecer confortável, mas ela se esconde com o outro idealizando que a magia da relação acontecerá na sua omissão, no seu jogo, ou seja, caindo do céu como um presente dos Deuses. Isso, mesmo que milagrosamente aconteça, não será o bastante para permitir sustentar um relacionamento. Inevitavelmente "Alra" terá as portas abertas para a paixão, mas lá dentro terá mais chances de se perder nas tramas do envolvimento. O sonho fala em mudanças pessoais, de casa, de lugar e de cenário. “Respondi que sim, que mudaria e residiria em qualquer cidade que eu viesse a gostar e donde eu pudesse me sentir mais feliz.” Esta é a idéia: viver o que nos faz feliz. Esta é a referência pessoal. Ao longo da vida podemos ter que adequar a realidade à necessidade pessoal no momento e com o que gostamos. Precisamos desta flexibilidade, mas o propósito de realizar o caminho pessoal não pode ser esquecido. Assim é básico escolher onde queremos morar, onde será a casa dos sonhos, aquele lugar que permita a felicidade acontecer, onde se respire felicidade. Isto significa escolher o que se quer viver, o que quer fazer e como fazer tudo isto no presente.
Na parte “eu procurava dizer tudo o que ele gostaria de escutar” isto me pareceu ser viver em cima da idealização, daquilo que se considera o ideal, daquilo que satisfaz o anseio do outro. O sonho fala nesta ambivalência entre a idealização e a realidade. E essa diferença é que produz um abismo afastando-a de suas possibilidades de se realizar. Tudo isto tem a ver também com o relacionamento a dois, homem X mulher. A ambivalência entre ser o que se é, expressando seus desejos (realidade), entra em conflito com a necessidade de seduzir e conquistar, se fazendo disponível para que o outro a descubra e a conquiste (idealização). Daí a situação é: Eu quero o outro, mas demonstro que não tenho interesse, me escondo para que ele manifeste seu desejo para que possamos nos encontrar. Eu quero um beijo mas não posso aceitar, pois entrego os meus sentimentos Eu faço charme, me faço de difícil, tento me desvencilhar... mas estou adorando o beijo, o domínio do outro sobre mim. A melhor alternativa é parar tudo e começar de novo. Abandonar os velhos hábitos, as arcaicas artimanhas, os joguinhos de esconde e de não quero quando quero. É hora de recomeçar, de experimentar e descobrir o caminho experimentando. O mais fantástico da modernidade é a igualdade de direitos entre homens e mulheres. E neste mundo, quando as mulheres funcionam como suas avós, a coisa tende a não funcionar. É quase como querer tocar CD em toca disco, vigora forte inadequação. É necessário "Alra" se permitir experimentar, reconhecer o mundo no qual vive, decodificar os códigos com os quais as pessoas atuais vivem, mas principalmente, compreender que pode ter uma atitude pró-ativa e responsável pela realização de seus desejos. Uma atitude de escolher a partir dos próprios desejos e se manifestar com clareza e transparência. Antes de valorizar o outro, ela deve se valorizar como produto pessoal. Essa foi à mensagem de tal sonho.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

terça-feira, 30 de março de 2010

Sonho (respondido) com cobra, dente, luva e sangue

Sonhei com muitos casais de cobras finas na garagem que, esticadas, se encontravam cabeça com cabeça formando várias linhas de cobras paralelas num alinhamento diagonal. Havia alguém lavando a garagem, acho que era a faxineira do inquilino da casa de cima, e minha mãe olhava essa pessoa da porta de entrada daqui de casa. Perguntei a minha mãe se não iam matar as cobras e ela respondeu que não sem dar maiores explicações. Nisso eu quis acordar e não conseguia. Chamava pela minha mãe para ela me acordar. Minha voz saia sôfrega e rouca. Sabia que me desesperar era pior. Eu precisava me acalmar se quisesse acordar e, como em todas as vezes que sonhei com isso, tentei manipular a situação não forçando o despertar para ele vir a ocorrer de modo natural. É como se de certa forma eu estivesse com meu cérebro acordado, mas todo o resto do meu corpo não me obedecesse estando em profundo sono. Isso continuou desesperador até que de fato consegui acordar bastante assustada. Quando voltei a dormir sonhei que meu dente canino esquerdo estava mole e quebrado enquanto havia outro torto e pequeno nascido por dentro. Eu estava de luva preta rendada e conforme mexia no dente para analisá-lo, a luva sujava com bastante sangue. Por fim eu tirei a luva suja ainda perplexa e penalizada tentando entender como meu dente ficara daquela forma. Sonhar com tudo isso foi horrível e eu me sentia sem ter o que fazer para mudar ou sanar os problemas. Será que isso tem referência a esse mesmo sentimento com relação a situações concretas da vida?
Disse-lhe que as cobras podem ser vistas sob a lente de aumento dos sonhos, ou seja, nestes uma imagem invisível ao nosso olhar comum pode ser amplificada pela psique e em caso de distorção se constrói a imagem em cima de representações e códigos de imagens mais próximos do que seria a imagem autêntica. Neste caso era importante que "Alra" considerasse a possibilidade de representação simbólica de infestação microbiana. Indiquei-a para ficar atenta a possibilidades de infecções por vírus e bactérias. Mas além disso, as cobras possuem múltiplas, importantes e vastas significações. Uma delas está ligada à dimensão pessoal e ao coletivo. A cobra encarna a psique inferior, o psiquismo obscuro, misterioso, incompreensível e raro. As serpentes formam a multiplicidade primordial, indivisível, que nunca encerra o desenrolar, descamar e renascer. O homem aparece numa ponta da escala de evolução e as serpentes na outra ponta. É ligada ao símbolo da energia vital (a kundaline) que ascende a partir do cóccix pela coluna vertebral, a subida da libido, renovação da vida, terminando nos chacras superiores para levar o indivíduo à individuação ou à insanidade. No sonho relatado pareceu-me uma indicação de atualização dos mecanismos psíquicos de "Alra", principalmente o processo e a dinâmica de desenvolvimento da resistência necessária para suportar o impacto da realidade ou do que a vida a exige. Para sermos bem sucedidos em nosso processo de desenvolvimento precisamos nos preparar, ou estar preparados, para suportar o impacto devastador da realidade sobre nós. Impacto diário e inevitável que todos vivemos com essa realidade, apenas por estarmos vivos. Se, a cada mudança da realidade sofrermos como os escalpelados que sucumbem, com o impacto de uma leve brisa, à dor, acabaremos desmoronados e devastados por esse impacto-realidade. Pessoas sucumbem por despreparo, indisciplina, fragilidade, resistência à mudanças, delicadeza, senso de tudo evitar, desorganização, falta de planejamento, super-estima, orgulho, falta de humildade, arrogância, etc.
A realidade é mutável e descontínua. É difícil aceitar, pois exige humildade, mas, definitivamente, nós não temos escape. Por exemplo: Como a morte é definitiva e atingirá com sua mão a todos, é necessário trabalhar a aceitação deste desígnio e fortalecer a resistência psíquica a essa realidade para que a morte de um ente querido deixe de representar o fim do “outro” afetivo e passe a significar a morte pessoal, transformando um desígnio coletivo em um suicídio pessoal. Desta forma, é necessário que trabalhemos todas as possibilidades devastadoras da realidade para não sermos pegos despreparados pela imprevisibilidade da vida. É isto que eu chamo de um processo onírico de atualização psíquica. A psique nos coloca em situação propícia, de confronto, para que trabalhemos mudanças necessárias ou para que exercitemos e ampliemos respostas possíveis diante da imprevisibilidade dessa realidade devastadora. Em segundo lugar, além da atualização e da necessidade de se trabalhar a relação pessoal com forças internas propulsoras, pulsionais, instintivas e de origem inconsciente, surge a tendência coletiva e instintiva de matar a “serpente”. É uma relação arquetípica a que vivemos em relação a esses vertebrados donde eles sempre apareceram como ameaçadores, principalmente pelo fato de, no passado, se peçonhentos, não ofereciam possibilidade de sobrevida quando inoculavam o seu veneno. Logo, representavam a morte. Portanto, é o encontro com a morte ameaçadora, com o imponderável, com aquilo que foge ao controle pessoal. Sinaliza sobretudo os temores de "Alra", os quais devem ser liquidados pelo conhecimento e a responsabilidade. A serpente é um animal dos primórdios bíblicos. Ela ensina que, ao comermos o fruto do conhecimento, assumimos a responsabilidade da consciência e não temos mais a chance de escapar alegando ignorância de nossos atos.
A dificuldade de despertar define a ansiedade e a profundidade do sono, já que não aparece como sinal de patologia. Neste aspecto é fundamental que "Alra" aumente a sua disciplina pessoal e o autocontrole para evitar angústias e pânico em situações, em principio, naturais. Quando o corpo funciona dentro de seus padrões de “normalidade”, nós não somos exigidos, mas quando o somos, temos de estar preparados para lidar com o imponderável. Aqui existe a associação entre os dois cenários: as cobras e a angústia para despertar. São variações de um mesmo tema que adverte "Alra" para a importância de trabalhar seu domínio, controle e calma dentro de cenários desfavoráveis. Existem certos momentos em que não nos cabe o “fazer”, apenas nos cabe a atitude e a postura para que não sejamos pulverizados pelo impacto devastador da vida.
Dente canino, mole e quebrado (sem poder de mordedura, mastigação). Dente pequeno nascendo dentro do dente. Sangue na luva (proteção de mão) preta rendada. Primeira associação está ligada à menstruação, obviamente por causa do sangue. Perder dentes está relacionado à perda de força, de agressividade, resistências e defesas. Isso simboliza frustração e castração. As luvas representaram o instrumento de desafio nas situações de defesa da honra e dos princípios moral e religioso. Vestimenta das mãos funciona como defesa por intermediar a relação com o meio. No sonho podem significar a introdução de um mecanismo ou instrumento que intermédia à força agressiva de "Alra" e que media a sua relação com a realidade ou introduz um filtro nesta relação. Considerando sua característica (rendada) podemos pensar em refinamento. Só pareceu-me impreciso a cor preta, já que pode sinalizar um instrumento ainda não purificado (branco), não desenvolvido plenamente, ou em fase de formação (saído das sombras). Resumindo isso demonstra que "Alra" se defende com características como ser educada, culta e com charme de tímida ao se relacionar com o meio em que vive. Somos ensinados a ser “refinados” uns com os outros, mas isso é muito perigoso. A polidez, a finura e a bondade pode ser só uma armadura porque "Alra" teme que, ao se tornar verdadeira, as emoções que foram reprimidas irão borbulhar de maneira quase descontrolada. O liberalismo explosivo a deixa temerosa. Entretanto, é preciso purificar esse refinamento e ser educada, culta e charmosa não apenas para assim parecer, mas por de fato assim o ser e não ter medo de mostrar o que é, mesmo que exista um outro lado grosseiro que, por vezes, em favor da autenticidade e da espontaneidade, também precisa ser mostrado sem medo ou pudor.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

A viagem de Heitor...

“Olá ‘Pessoal do mundo todo’! Hoje amanheceu chovendo e não foi possível ir para a chácara com mamãe. Entretanto, à tarde, fui caminhando até a biblioteca donde encontrei com minha mãe que fora de ônibus e, depois de trocar meus livros, seguimos até o Centro Espírita Amor à Verdade. Esse foi o único feito relevante do dia. Além disso, enquanto esperava no centro, terminei a leitura do livro A viagem de Heitor: à procura da felicidade[i]. O livro conta sobre Heitor, um jovem psicanalista que saiu viajando pelo mundo a procura de entender o que é ou o que causa a felicidade. Assim ele estabeleceu várias lições que reescrevo de acordo com minha própria opinião: 1. Não fazer comparações; 2. Não ficar a espera dela, pois a felicidade quase sempre chega de surpresa; 3. Não empurrá-la para mais tarde; 4. Ser feliz não é ficar mais rico e nem mais importante; 5. A felicidade tem ligação com aquele dito popular: O que os olhos não vê, o coração não sofre. Daí dizer que, às vezes, felicidade é não ver e não tomar conhecimento daquilo que pode nos desagradar; 6. A felicidade é uma boa caminhada por entre belas montanhas (situações) desconhecidas; 7. A felicidade não é e nem deve ser uma meta; 8. Felicidade é estar com quem se ama; 9. Felicidade é quando os que amamos estão bem e felizes; 10. Felicidade é trabalhar no que a gente gosta ou gostar daquilo que se faz; 11. Felicidade é morar num local agradável conforme gosto pessoal; 12. Felicidade é residir num país bem governado; 13. Felicidade é sentir-se útil a si e aos outros; 14. Ser feliz é ser amado pelo que somos; 15. Ser feliz é sentir-se completamente vivo; 16. Felicidade é festejar a vida; 17. Todos têm os mesmos direitos de ser feliz, pois a felicidade é como o sol e a luz e não elege uns a outros; 18. A felicidade depende do modo de ver as coisas; 19. A rivalidade é um veneno para a felicidade; 20. Ser feliz é estar atento à felicidade alheia e contribuir para ela. É isso. Até a próxima leitura e muita luz a todos”.
[i] LELORD, François. A viagem de Heitor: à procura de felicidade. Trad.: Ana Montoia. São Paulo: Sá Editora, 2006.

domingo, 28 de março de 2010

Sonho de revolta... (respondido)


Pela manhã “Soberana” avisou que ia para Uberlândia e viajariam na sexta-feira santa. "Graúda" ficou perplexa com isso por sua superstição de que em tal dia é muito ruim de se fazer qualquer coisa, principalmente viajar. "Alra" assim como a irmã não acreditava em tais “tolices” e sem problemas de medo, guardava e vestia roupas do avesso, passava em baixo de escada e enfim, não se proibia de nada sem um motivo racionalmente válido. À tarde, depois do almoço, "Alra" tirou um cochilo tentando verificar se durante o dia teria mais facilidade para lidar com as lembranças oníricas, mas infelizmente isso não aconteceu. O pouco que lembrou assim me foi relatado: “Primeiro sonhei que estava numa casa muito grande e bonita, que inclusive parecia um palácio, na companhia de uma jovem e de seus dois irmãos mais velhos. Creio que eu não morava ali e, portanto, devia estar apenas de visita. Tenho certeza de que não foi à primeira vez que sonhei estar em tal lugar. Eu conversava com a jovem tranqüilamente enquanto mexia com massinhas sobre uma peça de ferro cor de bronze. Não sei se eu enfeitava a peça ou se a utilizava como um molde, mas estava gostando do trabalho, achando-o interessante e bonito. Não sei se a massa de modelar era biscuit ou daquela massinha infantil. Num certo momento apareceu uma mulher e todos desviaram o foco da minha pessoa para ela, a qual começou conversar alguma coisa que não recordo bem, mas creio que o assunto era tenso. A conversa entre eu e a jovem interrompeu-se abruptamente.
Depois disso foi pior. Eu estava em casa, a mesma que moro, enquanto minha mãe e irmã (não sei se havia mais alguém) haviam ido para a casa da vizinha dos fundos, embora no sonho a vizinha fosse outra pessoa. Ela havia contratado uma professora de dança ou ginástica e eu podia escutar a música e algazarra da minha casa. Eu me sentia enclausurada, não pelo fato de não poder sair, mas por ter que me contentar em ficar sozinha no meu quarto sem ter nada para fazer. Senti-me muito irritada e melancólica, tanto por não ter sido convidada, bem como por todos terem ido e eu ter ficado para trás completamente abandonada. Eu sentia todos se divertindo enquanto eu sofria uma espécie de indignação invejosa. Na vida real eu costumo lidar com isso dizendo para mim mesma que não preciso mendigar a atenção e o carinho de pessoas que não gostam de mim o suficiente para desejarem ou valorizarem a minha companhia, mas no sonho o sentimento negativo aflorou em proporções gigantes, tanto que comecei a falar sozinha esbravejando e esmurrando um armário da cozinha. Eu não estava descontrolada, apenas muito possessa de um total mal-estar perante a situação. Eu não tinha nada para fazer, mas mesmo que tivesse, a insatisfação era tanta que eu praticamente não ia conseguir fazer nada mediante aquela ira interior. Era um misto de desespero com profunda tristeza que se convertia numa raiva total. Eu me sentia desprezada e inferiorizada. Essa indignação invejosa também está presente na minha vida quando sinto que os outros, por milhares de motivos que justos ou tolos, possam estar sendo mais felizes, se divertindo ou aproveitando mais a vida do que eu. Sem dúvida é um sentimento cruel, masoquista e que luto para não deixar me martirizar. O que tal sonho está querendo me advertir?”
Durante a noite as lembranças se estenderam mais e seu relato ficou comprido:
“Sonhei que uma conhecida da minha avó havia morrido e, logo após acordar pela manhã, minha avó pegou uma banana e jogou no meio do mato dizendo que era para a alma da falecida comer. Achei o cúmulo do absurdo pois, para mim, aquilo significava apenas o desperdício de uma banana. Aqui se repetiu o conflito com alguém mais velha do que eu, de modo que eu nada podia fazer além de respeitar. Depois o conflito voltou a ser com minha mãe e irmã. Por serem duas pessoas conhecidas, sem dúvida, elas são as que me causam piores pesadelos. Nós discutíamos, mas minhas palavras de nada valiam, pois embora elas não soubessem argumentar, a força da sentença mais velha tinha mais peso. Meus sentimentos pouco importavam perante a postura imponente e a vontade soberba das duas. Horrivelmente tive sensação delas me sojigar numa luta injusta de níveis de forças diferentes. Cheguei quase a dizer para minha mãe: Um dia eu desapareço da sua vida e você vai morrer a mingua. Minha raiva dava para executar tal ameaça, mas minha coragem de filha não. Depois eu estava numa espécie de camarim de artistas penteando com os dedos uma peruca de cabelo liso, comprido e loiro quase branco. Não sei de quem era e nem quem a usaria. De todo modo eu parecia estar responsável por aquele apetrecho. Em seqüência eu acordei. Ainda estava de noite.
Novamente ao dormir, sonhei que eu estava com uma babá e havia um bebê e uma criança. Parece que eu era responsável pela criança e a babá pelo bebê, mas num determinado momento o bebê caiu da cama e literalmente se transformou num feto morto. Eu bem tinha visto que ele estava escorregando e fui ampará-lo, mas foi tudo muito rápido e não deu tempo. Não sei de quem eram as crianças. Fiquei tão impressionada que, ao olhar no espelho, meus lábios estavam trêmulos. Nisso minha irmã apareceu chamando-nos para jantar. Claro que eu estava completamente sem apetite mediante o ocorrido, mas além da babá éramos as únicas a lastimar o fato daquela morte. Quando fui sentar-me à mesa, alguém escorreu uma calda doce no arroz e eu recusei-me a comer aquela comida. Havia visita, mas não sei quem ou quantas pessoas eram. Estávamos aqui em casa, mas a disposição dos moveis era outra bem diferente, tanto que havia uma mesa grande na sala (na qual foi servido o jantar). Nisso minha irmã falou algo e eu respondi um tanto sem educação. Não lembro o assunto, mas era alguma coisa que não deveria ter dito na presença das visitas. Sempre detestei essas regras do que dizer ou não perante visitantes. Eu estava irritada e não estava disposta a medir palavras. Resolvi sair um pouco para dar uma volta. Estava frio e, não sei porque, eu estava nua ou tinha sensação disso. Passei por ruas desconhecidas da vida real donde havia uns bares, restaurantes e lojas. Num dos bares vários rapazes estavam com as mãos amaradas para trás e fiquei pensando que tipo de brincadeira seria aquela, pois só deveria ser uma brincadeira ou um desafio mental e psicológico qualquer. Segui adiante e passei por uma galeria. Não lembro muito bem, mas sei que pouco depois eu estava conversando com um desconhecido que parecia um drag queen. Nisso começou a chover e ele me chamou para ir com ele. Não lembro bem como foi o desenrolar dos fatos, mas sei que senti receio por desconhecê-lo, bem como vergonha por estar com ele fantasiado em pleno local público.

Depois disso eu estava numa espécie de colégio interno. Um rapaz que, não sei se era o drag queen sem as fantasias, deixou-me numa sala donde um professor dava umas explicações para umas poucas pessoas e, dizendo para que eu o aguardasse lá, foi falar com outro professor. Tranqüila no ambiente, mesmo desconhecendo todos e não sendo aluna, eu notei que da janela da sala dava para se ver duas enormes piscinas. Havia umas crianças que nadavam como peixes mergulhando para o fundo da piscina que deveria ter muitos metros de profundidade. Havia vários professores de natação e os pais, embora preocupados, também pareciam confiantes e alegres com o desempenho de seus filhos. Encantada eu não perdi tempo e fui até lá dar uma nadada. Depois eu saí e fui para o quarto do rapaz.

Comecei a arrumar minha mala, pois tinha que ir embora. O local estava uma super bagunça. Ele dividia o dormitório com uma jovem e uma mulher. Pensei que fossem sua irmã e mãe, mas não tive confirmação. Para meu espanto as minhas coisas estavam bastante esparramadas, mas, quando ele chegou, eu praticamente já tinha arrumado tudo na pequena mala. Ele me abraçou dizendo que estava com muita saudade e ficamos algum tempo abraçados num sentimento bem agradável. Falei que ele havia demorado e eu resolvera não esperá-lo indo até a piscina. Também disse que ia embora.


Ele lamentou querendo que eu ficasse mais e expliquei que não podia, pois eu nem deveria ter me alojado ali com ele naquela noite. Depois disso ele acendeu um cigarro e chamei-o para um canto a fim de dizer-lhe que não aprovava de maneira alguma aquele vício. Entretanto, antes de repreendê-lo, o que eu pretendia fazer de modo afetuoso, eu vi que, ao lado da pia, a chama do forno do fogão (parecia industrial de tão grande) estava acessa.

Ele foi tentar apagar, mas acabou acendendo outra chama e depois aquilo parecia emperrado. Nisso a mulher apareceu e mandou ele jogar água. Senti um clima desagradável e, por um momento, aquela mulher pareceu ser a minha mãe.

Adiantei-me para jogar a água e notei que as xícaras dentro da pia estavam todas grudadas com uma calda pegajosa e endurecida. Aquele ambiente até então interessante, que parecia ser um refugio, começou de fato a me desagradar. Mantive-me na postura de amenizar o clima. Ao ir embora eu entrei num carro e, consciente de que aquilo era apenas um sonho, sentei-me no banco de motorista. Eu não sei dirigir e nem tenho vontade disso, mas no sonho eu dirigi o carro mesmo sem prática no volante e, enquanto decifrava os pedais, ia fazendo as manobras com cuidado. Logo depois eu acordei. Incrível a quantidade de vezes que acordei e voltei a dormir. Ainda bem que anotava rapidamente um rascunho antes de voltar a deitar, pois caso contrário não teria lembrado nem metade de tudo isso.
Na seqüência seguinte eu sonhei que entrei num local todo de branco com várias pessoas vestidas de branco, inclusive eu, e me mandaram para a ala das macas. Havia três alas e não sei qual era as outras duas. Não lembro muito bem, mas eu comecei a ler um livro sobre a história de meu passado, ou seja, noutra vida, donde eu fizera duas grandes inimizades. Conforme eu lia, também ia assistindo algumas cenas numa tela para reforçar a lembrança. Pena que eu não conservei essa lembrança tão bem. Depois apareceu uma mulher que mais parecia um anjo e mostrou-me uma espécie de bíblia um trecho falando sobre o décimo mandamento, aquele que eu desrespeitara, exatamente o que fala para não cobiçar as coisas alheias. Foi a revelação de que eu não houvera vivido um grande amor, bem como uma projeção das rivais inimigas na figura de minha mãe e irmã. Isso não me parece ter sentido, mas será que simbolicamente tem algum outro significado além do contexto em si? Isso parece uma justificativa para os repetitivos sonhos negativos que tenho com minha mãe e irmã, mas será que um sonho justificaria outro?
Depois eu sonhei que estava chegando na casa de alguém. Esse foi um sonho donde todos os acontecidos foram imprevistos. Depois de tocar o interfone ela veio me receber e notei o quanto ela estava elegante com um vestido longo de estampa preta e branca. Eu ia jantar com ela e depois íamos sair para passear em algum lugar. Mas ao invés de eu entrar, ela chamou-me para ir com ela até o hospital. Era perto, virando o quarteirão, e fomos andando. Elogiei-a dizendo que se soubesse da impecabilidade dela naquela noite, teria me arrumado melhor. Ela agradeceu e disse que, caso eu quisesse, poderia emprestar-me uma roupa dela. Eu fiquei contente e nisso entramos no hospital. Descobri que ela era médica e assim ela me apresentou para suas amigas de profissão. Acho que elas me perguntaram por que eu não me tornava uma médica também, mas não lembro bem da conversa. Tive que aguardar um tempo enquanto minha amiga médica separava uns formulários do dia seguinte e tentava encontrar alguém para dar um recado sobre o plantão. Depois disso me lembro muito mal. Parece que tínhamos de passar por baixo de um tronco de árvore caído donde ela passou e eu não conseguia passar. Eu segurava na mão que ela me estendia e tentava passar deitada, mas nem assim. Daí eu tive que dar a volta mas saí num outro local diferente, enfim, realmente não lembro que bagunça era aquela. Depois disso sonhei que eu e minha mãe havíamos sido convidadas para ir à festa de aniversário da filha da vizinha da frente, a qual chegara da viagem de intercâmbio. Eu precisava tomar banho, mas estava brincando com o menino da vizinha dos fundos de três anos. Enquanto isso eu olhei para a casa da vizinha e, completamente diferente da realidade, sua casa tinha um grande gramado na frente e ele estava todo coberto de bexigas verdes e brancas que haviam sido espetadas no chão. Infelizmente não lembro muito mais. O que essa longa seqüência onírica pode representar?”


Respondi-lhe que somos seres luminosos e energéticos constituídos na forma de matéria. Seu sonho é seu produto, seu resultado e sua manifestação. O sonho corresponde à forma como ela vive e responde ao meio. É o resultado desse processamento, da dinâmica, da metamorfose e da transformação da libido. A massinha de modelar na fôrma de ferro cor de bronze lembrou-me da idade do ferro precedente a idade do bronze, ou seja, sinal de mudança, transição e evolução. Consolida o formato, simboliza modelagem e construção. Muitas sensações difíceis foram sentidas: é uma mistura fervente das energias pulsantes e emocionais por ter se sentido excluída e marginalizada. O sonho evidencia dois aspectos de grande importância: 1. O poder pessoal e individual de escolha e de resposta às exigências e acontecimentos da vida; As conseqüências que sofremos pelas escolhas que fazemos. No sonho o inconsciente a confronta com a profusão emocional que ela produz por não ser o foco de atenção no cenário em que está inserida. Isto a remete para sua dimensão narcísica, caprichosa e autopunitiva. "Alra" se marginaliza e se exclui da participação coletiva por ser muito competitiva com as pessoas e com os acontecimentos. Ser o centro das atenções não é o bastante e busca ser o centro do mundo quando abre mão de sua vida pessoal renunciando a si mesma na espera de receber, em contrapartida, a renúncia dos outros à vida. Como eles não se renunciam, sua expectativa é frustrada e "Alra" entra numa profusão emocional e de sentimentos que não consegue administrar. Este é o preço que pagam aqueles que negociam suas vidas pela satisfação da demanda de afeto que supre suas carências.
A resposta a esse enigma não é o preenchimento desse vazio, dessas carências infinitas. Ninguém nunca preencherá esse vazio, esse vácuo, esse buraco interior. Ele é pessoal e coletivo. É cósmico. É arquetípico. Esse “momentum” pode ser considerado especial como um ponto fractal que surge como enigma e que precisa ser superado e rompido. A grande armadilha desse momento é que a sua configuração é paradoxal: Quanto mais "Alra" corre para satisfazer a carência, mais ela cresce. Quanto mais busca satisfazer sua demanda afetiva, mais ela cresce. E o pior, como o vazio cresce, menos os outros parecem lhe dar, menos "Alra" sente receber, o que aumenta sua necessidade, cobrança e insatisfação. Um monstro voraz carente de afeto cresce dentro dela, aumentando a solidão, a dor, o sofrimento e as angústias. A solução é renunciar ao vazio afetivo, abandoná-lo e focar a satisfação no fortalecimento de sua individualidade. Nas mínimas coisas, nas mínimas ações. Descobrir o que lhe dá prazer e buscar a sua realização.
Para finalizar sua avó dá alimento para a falecida. Fantástico esse simbolismo onírico! Precisamos alimentar nossos ancestrais no sentido de ter compaixão pelos mortos. Amanhã seremos nós os mortos. Precisamos alimentá-los de saber, de afeto e generosidade. A avó é arquétipo da Velha Sábia, ancestral arquetípico que se prepara para tomar lugar na condução de sua vida futura. Em geral esta substituição ocorre na metade da vida a partir de um período de transição e ocupa o seu lugar se o preparamos devidamente. Caso contrário, envelhecemos repetindo hábitos e comportamentos infantis. Daí a necessidade de amadurecermos. Disse para "Alra" reavaliar seu comportamento lógico, pois ele é fundamental como aquisição de consciência. Enquanto mulher "Alra" tem sentidos fundamentais e fenomenais que precisam ser considerados e que não devem ser relevados ou esquecidos. É preciso manter a lógica como referência, mas sem abrir mão dos sentidos extras, os quais definitivamente enriquecem a vida. Neste sonho há recorrência de indicação da sua importância e necessidade de realizar escolhas e de não esperar que o outro a “conduza”. Disse-lhe para tomar atitude, ir em frente, correr atrás e buscar o prazer ao invés de ficar na amargura invejando a felicidade dos que são capazes de buscar o que ela não faz. Uma resposta direta e pesada, mas necessária de ser entendida.

sábado, 27 de março de 2010

frase de hoje


Lá vém um cacho novo...


sexta-feira, 26 de março de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Doce de banana e de coco...

Mami esconde o jogo, mas eu sei que ela puxou a vovó e adora fazer um doce!


frase de hoje


quarta-feira, 24 de março de 2010

Vencendo o passado...

“Olá ‘Pessoal do mundo todo’! Acabei de ler o livro Vencendo o passado[i]. Nele a personagem principal é ensinada a ser firme sem manter revolta. Perante pessoas que discordam com sua opinião lhe é ensinado para colocar-se de maneira clara e sem raiva, olhando nos olhos e envolvendo o outro com pensamentos de luz e amor. Acho isso um tanto difícil de ser executado por causa da intolerância nata que tenho com as pessoas que discordam de mim de maneira geral, mas obviamente é algo possível. Tal personagem costuma ter encontros com o namorado em desprendimentos noturnos durante o sono. Nisso achei interessante notar que a freqüência dos sonhos ou encontros no astral possui um limite e não pode ir além conforme vontade do casal, o qual fisicamente se encontra separado, pois o bem-estar que sentem em tais viagens astrais poderiam fazê-los esquecer as responsabilidades do dia-a-dia. Eu nem preciso de sonhos de desprendimento real e viagem astral para sentir, por vezes, embevecida e apaixonada pelo mundo onírico a ponto de quase mais querer sonhar do que viver. Bem, é isso. Até outra hora e tudo de bom para todos!”

[i] GASPARETTO, Zíbia (Lucios). Vencendo o passado. São Paulo: Vida e consciência, 2008.

Sapatinho de hoje!