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quarta-feira, 31 de março de 2010

Sonho romantico (respondido) com um professor...

“Também lembro de ter sonhado algo bom. Eu estava acordando cedo para ir à escola e me perguntava como fora optar por isso. Só fui amante de acordar cedo em situações esporádicas e sofria na época da escola para levantar cedo da cama todo dia. Uma vez já formada em nível superior não entendia como voltara a estudar na parte da manhã, ou melhor, como tivera coragem para tal. Entretanto, depois de estar no local, acho que era uma universidade, já estava bem e feliz com os estudos. Eu tinha uma apostila bem grossa e enquanto o professor anotava alguns tópicos dela no quadro para prosseguir com a aula, eu lia um livro de literatura. Dois dos meus maiores prazeres sempre foram ler e estudar algo que seja do meu interesse. Ali eu estava fazendo as duas coisas juntas. A aula era sobre os olhos e verificávamos toda a estrutura da visão. Quando chegou o intervalo eu estava na sala dos professores e conversava com o professor cuja aula acabara de ter. Não lembro bem da conversa, mas com sinceridade eu procurava dizer tudo o que ele gostaria de escutar. Disse que ele precisava fazer o que fosse melhor para sua felicidade, mesmo que isso fosse deixar saudade em vários corações. Eu sabia que ele queria mudar da cidade, mas estava tendo dificuldades de conseguir transferência ou, talvez, houvesse algum outro motivo não revelado a segurá-lo ali. Ele me perguntou se eu mudaria mesmo de cidade se estivesse no lugar dele. Percebi que ele queria saber de maneira geral e não apenas se eu estivesse no lugar dele. Respondi que sim, que mudaria e residiria em qualquer cidade que eu viesse a gostar e donde eu pudesse me sentir mais feliz. Se ele não estava feliz em tal cidade, ele tinha sim que ir para onde se sentisse melhor.
Transferindo isso para minha realidade: eu gosto muito do lugar donde morro e dou para trás todas as vezes que minha mãe fala de mudar de cidade. Ela muito já cogitou em morar em Caldas Novas e só ainda não foi por causa da minha avó que também mora aqui em Uberlândia. Minha irmã fica falando da possibilidade de eu ir morar em São Paulo de futuro para ficar perto dela, mas eu detesto cidade muito grande e, além do mais, tenho minha amada chácara por aqui me esperando. No sonho eu fui clara em dizer que não tinha problema com uma mudança de cidade pois o contexto era de insinuação. Eu dizia sobre mudança deixando implícito, ao menos para mim mesma, que a faria com ou por alguém como ele. Ali eu não estava respondendo por base na minha vida real, mas com relação ao contexto onírico em si. Eu folheava um jornal tentando distrair-me e também para disfarçar meu olhar que se focava no professor remexendo em seus materiais. Ele devia ter uns trinta anos, com aparência entre jovial e madura. Tinha os cabelos curtos atrás, mas soltos em mechas na frente, dando um ar entre esportivo e despojado.
De repente ele aproximou-se e me beijou. Embora eu estivesse com uma postura super simpática por causa de interesses ocultos, subestimei minhas capacidades de conseguir ter alguma chance de uma intimidade maior com aquele homem. Eu queria o beijo, mas pensava que não deveria aceitar aquilo, pois estaria entregando meus sentimentos. Eu queria fazer o charme dando uma de difícil, mas eu estava contente de mais para esquivar-me do beijo. Aquilo fora completamente além dos meus planos e eu fora pega de surpresa, mas estava adorando. Tentei sim me desvencilhar dele, até porque estávamos na sala dos professores e mais gente podia chegar a qualquer momento. Ali não era lugar para envolvimentos, muitíssimo menos de um professor com uma aluna. Quando ele parou de me beijar eu lhe pedi desculpas pelo acontecido, dizendo que agira imprudentemente aceitando aquele beijo ali, algo que poderia prejudicá-lo, mas expliquei que não conseguira resistir. Para contra-gosto eu acordei. Tal sonho parece apenas uma porta de auto-conhecimento para mim. Não sei porque sempre subestimei tanto minha real pessoa. Muitos já se surpreenderam comigo e, de certa forma, eu também. Sou daquelas que joga verde para colher maduro nunca achando que vai conseguir de fato colher algo maduro quando a colheita é relacionada com relações humanas. Sou a moda mineira: comendo pelas beiradas... mas em geral acho que posso fome. Não tenho facilidade para conseguir as coisas, mas as consigo sempre que meu querer é motivador. Para as coisas que o querer não impera eu me deixo levar sem muito forçar ou rejeitar, apenas crendo no dito popular: o que tiver de ser, assim será. O que você acha de tais sonhos?”
Disse que "Alra" achava ser um bom sonho pela união entre masculino e feminino, donde ela passeia nas sensações agradáveis ainda que apareçam confusões conceituais, morais, de culpabilidade e de estratégia nesse encontro. Apesar da proximidade entre os opostos ela ainda intervém de forma repressora. "Alra" se referencia em “O que tiver de ser, assim será”, forma em que constrói sua idealização para estabelecer a conexão, o vínculo, mas conduz a dinâmica de forma confusa, pois procura não se comprometer, evitando a exposição como se isso fosse possível. Pode parecer confortável, mas ela se esconde com o outro idealizando que a magia da relação acontecerá na sua omissão, no seu jogo, ou seja, caindo do céu como um presente dos Deuses. Isso, mesmo que milagrosamente aconteça, não será o bastante para permitir sustentar um relacionamento. Inevitavelmente "Alra" terá as portas abertas para a paixão, mas lá dentro terá mais chances de se perder nas tramas do envolvimento. O sonho fala em mudanças pessoais, de casa, de lugar e de cenário. “Respondi que sim, que mudaria e residiria em qualquer cidade que eu viesse a gostar e donde eu pudesse me sentir mais feliz.” Esta é a idéia: viver o que nos faz feliz. Esta é a referência pessoal. Ao longo da vida podemos ter que adequar a realidade à necessidade pessoal no momento e com o que gostamos. Precisamos desta flexibilidade, mas o propósito de realizar o caminho pessoal não pode ser esquecido. Assim é básico escolher onde queremos morar, onde será a casa dos sonhos, aquele lugar que permita a felicidade acontecer, onde se respire felicidade. Isto significa escolher o que se quer viver, o que quer fazer e como fazer tudo isto no presente.
Na parte “eu procurava dizer tudo o que ele gostaria de escutar” isto me pareceu ser viver em cima da idealização, daquilo que se considera o ideal, daquilo que satisfaz o anseio do outro. O sonho fala nesta ambivalência entre a idealização e a realidade. E essa diferença é que produz um abismo afastando-a de suas possibilidades de se realizar. Tudo isto tem a ver também com o relacionamento a dois, homem X mulher. A ambivalência entre ser o que se é, expressando seus desejos (realidade), entra em conflito com a necessidade de seduzir e conquistar, se fazendo disponível para que o outro a descubra e a conquiste (idealização). Daí a situação é: Eu quero o outro, mas demonstro que não tenho interesse, me escondo para que ele manifeste seu desejo para que possamos nos encontrar. Eu quero um beijo mas não posso aceitar, pois entrego os meus sentimentos Eu faço charme, me faço de difícil, tento me desvencilhar... mas estou adorando o beijo, o domínio do outro sobre mim. A melhor alternativa é parar tudo e começar de novo. Abandonar os velhos hábitos, as arcaicas artimanhas, os joguinhos de esconde e de não quero quando quero. É hora de recomeçar, de experimentar e descobrir o caminho experimentando. O mais fantástico da modernidade é a igualdade de direitos entre homens e mulheres. E neste mundo, quando as mulheres funcionam como suas avós, a coisa tende a não funcionar. É quase como querer tocar CD em toca disco, vigora forte inadequação. É necessário "Alra" se permitir experimentar, reconhecer o mundo no qual vive, decodificar os códigos com os quais as pessoas atuais vivem, mas principalmente, compreender que pode ter uma atitude pró-ativa e responsável pela realização de seus desejos. Uma atitude de escolher a partir dos próprios desejos e se manifestar com clareza e transparência. Antes de valorizar o outro, ela deve se valorizar como produto pessoal. Essa foi à mensagem de tal sonho.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

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