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sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sonho (respondido) com pirata e espíritos...

Ao pegar outra vez no sono, eu passava por uma estrada quando visualizei uma senhora e uma jovem sentadas no meio do caminho. Havia irradiação luminosa nelas e outras figuras humanas de luz opacas que imaginei ser espíritos e, sem muito conhecimento, uma vez que nunca vi espíritos, deduzi que deveriam ser benévolos já que a luz era branca e clara. Nisso a senhora e a jovem também se transformaram em luz e saíram deslizando na minha direção. As figuras pereceram se misturar ou sumir de forma que ficaram apenas duas que se aproximaram de mim e depois já havia apenas uma mulher com um semblante irritadiço como se quisesse me matar. Perguntei o que ela queria comigo e ela respondeu em deboche e com raiva: ‘Você não está lembrando de mim? Pois vai lembrar agora’. Não sei o que ela fez comigo, mas eu comecei a reviver mentalmente milhares de cenas vivenciadas como se houvesse um filme sendo repassado em velocidade na minha cabeça, dentro da pálpebra dos meus olhos. Então eu me vi enquanto capitão ainda jovem de uma fragata (com roupas azuis e um chapéu preto estilo de pirata) e aquela mulher era um homem um pouco mais velho, um integrante de um posto maior da mesma tripulação e, não sei exatamente por qual motivo, eu não gostava dele, o via como inimigo. Mesmo me vendo e me sentindo num jovem rapaz, questionava interiormente se aquela regressão de memória seria real ou se era uma invenção de minha mente. Todas as cenas passaram-se muito rápido e quando voltei à realidade eu estava em casa e minha avó despejava todo o vidro de azeite em seu prato de comida. Desesperada eu corri para pegar o azeite e disse para minha mãe que não podia deixar determinadas coisas ao alcance de minha avó. Minha mãe pareceu não se importar, mas eu fiquei bastante irritada. Minha avó já está gagá a ponto disso, mas o que me atormentou no sonho não foi o descuido de momento, mas sim o descaso de minha mãe em relação á situação de cuidar da vovó. Essa ultima parte foi bem parecida com sonhos passados nos quais houve irritação da minha parte e descaso da parte dos outros. Mas me ver na pele de um capitão de fragata pareceu-me sem sentido. O que pode ser?

Respondi-lhe que o inconsciente é uma eterna e inesgotável fonte de memória da espécie humana, ou seja, uma memória sem tempo. Os estímulos externos podem acionar imagens oníricas, ilusões e fantasias, mas o que acionam essas imagens, o que estas podem representar e a respeito do que querem falar é a nossa grande questão, o nosso alvo. Neste sonho tirei de imediato um sentido: a noção da relatividade do tempo. Ainda que vivamos aprisionados “num tempo ou num intervalo de tempo” ele é o que menos conta, primeiro porque o passado e o futuro se reúnem no presente, e quando pensamos no presente estamos mergulhados, como resultado que somos, num passado inimaginável, ali ao lado, dentro de um futuro impensável. Essa linha do tempo é relativa e não existe, ainda que para referência de consciência precisemos deste construto de realidade que nos permite nos referendar, para não mergulharmos nessa inimaginável e múltipla dimensão cósmica mais próxima do caos e dos estados psicóticos fragmentados e desagregados. Então, disse-lhe para considerar a relatividade do tempo e o ter apenas como referência de uma realidade que mais nos protege do que elucida sobre este mundo.
Assim, “a mulher” que a inquire pode ser de origem arquetípica já que faz "Alra" aflorar uma memória de sua vida. O que ela disse pareceu indicar um alvo específico, teve a ver com a figura do capitão ou sobre a relação de inimizade nutrida em seu passado. Considerei nisso a incorporação de uma figura castradora de um homem (dentro de uma mulher, ou seja, o capitão em "Alra") que nutre desafeto por um homem mais velho de hierarquia superior. Não sei se pode ter sido resultado de um processo de formação subliminar que "Alra" tenha sofrido (em decorrência de relação competitiva entre pai e mãe), pois me faltou do sonho subsídios e informações para afirmar. Pode ser a representação do pai de "Alra" ou dizer respeito apenas à sua dificuldade de relações harmoniosas com conteúdos masculinos incorporados como ressentimentos ou fruto de mágoas. Mesmo que a origem não seja nas relações indiretas a partir de pai e mãe, disse-lhe que podem estar relacionadas até à sua terceira geração ancestral. "Alra" surpreendeu-se com essa revelação. Já há algum tempo esses processos de reconciliação aconteciam interiormente em "Alra" e tendiam a continuar. Completei dizendo-lhe que neste sonho há sinais de acionamento de conexões com seu passado, que podem ter sido seccionados em sua dinâmica de vida ou terem sido herdados já seccionados em decorrência de experiências de seus antepassados.
A figura da avó já surge como foco de afeto que precisa ser considerado, visando os cuidados com a grande mãe, a atenção às origens ancestrais em "Alra", o comportamento critico, de cobrança e julgamento que a norteiam. Ainda em relação à sua avó observei que ela derrama o azeite, e aí aparece "Alra" chorando pelo azeite derramado. Essa "avó" envolve um sentido de responsabilidade diante de sua vida e diante da evolução de sua estirpe familiar. "Alra" é a pessoa que agora possui o instrumental para evoluir, para não repetir seus ancestrais e para ajudá-los no processo de evolução da família. Em questões arquetípicas a avó surge como figura de uma águia decrépita que precisa ser considerada e focada a fim de renascer das cinzas. Pensei mais um pouco e falei que está na hora dela deixar de chorar pelo seu passado, de não ficar catando lembranças naquele passado de decrepitude, de interromper na sua vida os lamentos pelos acontecimentos já definidos no pretérito. O sonho de "Alra" aconselha que ela olhe seus atos e ações ao invés de focar o alvo no outro, já que esse enfoque distorcido favorece a insatisfação como resultado de uma transferência negativa. À medida que "Alra" não consegue um acordo tônico, ela responde de forma severa e crítica ao outro, à presença alheia.
É interessante vê-la como capitã (mesmo que no sonho seja um capitão), responsável pelo rumo do seu barco de guerra, conduzindo sua vida, desbravando nas águas do oceano primordial que reinam turbulentas no inconsciente. Isso é um bom indicio, ainda que seu barco seja dominado por uma mulher macho guerreira e seu ornamento (o chapéu que cobre sua cabeça) seja de um pirata. Quando disse que os resquícios da pirataria ainda sobrevivem em "Alra" ela ficou sem entender o que eu queria dizer com isso. Dei risada e respondi que ela está precisando é da impetuosidade, vigor e ousadia de um rapaz para romper os entraves que a impedem de realizar seus desejos. Além do mais o sonho indica que ela não tem usado seu potencial de feminilidade. Ela concordou com uma cara ainda de dúvida. Fragata também é a denominação de uma ave da região costeira, o que pode singularizar a evidência de uma polaridade entre o conteúdo pesado de deslocamento, ou seja, a “ave” de guerra e a ave que plaina sobre as águas primordiais. Neste caso o indicativo é de necessidade de mudança de atitude e de postura diante da vida. Este foi meu recado.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

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