Obrigada pela visita!

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segunda-feira, 5 de abril de 2010

Sonho de conflito e morte infantil (respondido)...

“Sonhei que eu estava com uma babá e havia um bebê e uma criança. Parece que eu era responsável pela criança e a babá pelo bebê, mas num determinado momento o bebê caiu da cama e literalmente se transformou num feto morto. Eu bem tinha visto que ele estava escorregando e fui ampará-lo, mas foi tudo muito rápido e não deu tempo. Não sei de quem eram as crianças. Outra vez um sonho de regressão física com criança/bebê. Fiquei tão impressionada que, ao olhar no espelho, meus lábios estavam trêmulos. Nisso minha irmã apareceu chamando-nos para jantar. Claro que eu estava completamente sem apetite mediante o ocorrido, mas além da babá eu era a única a lastimar o fato daquela morte. Quando fui sentar-me à mesa, alguém escorreu uma calda doce no arroz e eu recusei-me a comer aquela comida. Havia visita, mas não sei quem ou quantas pessoas eram. Estávamos aqui em casa, mas a disposição dos moveis era outra bem diferente, tanto que havia uma mesa grande na sala (na qual foi servido o jantar). Nisso minha irmã falou algo e eu respondi um tanto sem educação. Não lembro o assunto, mas era alguma coisa que não deveria ter dito na presença das visitas. Sempre detestei essas regras do que dizer ou não perante visitantes. Eu estava irritada e não estava disposta a medir palavras. Resolvi sair um pouco para dar uma volta. Estava frio e, não sei porque, eu estava nua ou tinha sensação disso. Passei por ruas desconhecidas da vida real donde havia uns bares, restaurantes e lojas. Num dos bares vários rapazes estavam com as mãos amaradas para trás e fiquei pensando que tipo de brincadeira seria aquela, pois só deveria ser uma brincadeira ou um desafio mental e psicológico qualquer. Segui adiante e passei por uma galeria. Não lembro muito bem, mas sei que pouco depois eu estava conversando com um desconhecido que parecia um drag queen. Nisso começou a chover e ele me chamou para ir com ele. Não lembro bem como foi o desenrolar dos fatos, mas sei que senti receio por desconhecê-lo, bem como vergonha por estar com ele fantasiado em pleno local público.
Noutra seqüência eu estava numa espécie de colégio interno. Um rapaz que, não sei se era o drag queen sem as fantasias, deixou-me numa sala donde um professor dava umas explicações para umas poucas pessoas e, dizendo para que eu o aguardasse lá, foi falar com outro professor. Tranqüila no ambiente, mesmo desconhecendo todos e não sendo aluna, eu notei que da janela da sala dava para se ver duas enormes piscinas. Havia umas crianças que nadavam como peixes mergulhando para o fundo da piscina que deveria ter muitos metros de profundidade. Havia vários professores de natação e os pais, embora preocupados, também pareciam confiantes e alegres com o desempenho de seus filhos. Encantada eu não perdi tempo e fui até lá dar uma nadada. Depois eu saí e fui para o quarto do rapaz. Comecei a arrumar minha mala, pois tinha que ir embora. O local estava uma super bagunça. Ele dividia o dormitório com uma jovem e uma mulher. Pensei que fossem sua irmã e mãe, mas não tive confirmação. Para meu espanto as minhas coisas estavam bastante esparramadas, mas, quando ele chegou, eu praticamente já tinha arrumado tudo na pequena mala. Ele me abraçou dizendo que estava com muita saudade e ficamos algum tempo abraçados num sentimento bem agradável. Falei que ele havia demorado e eu resolvera não esperá-lo indo até a piscina. Também disse que ia embora. Ele lamentou querendo que eu ficasse mais e expliquei que não podia, pois eu nem deveria ter me alojado ali com ele naquela noite.
Depois disso ele acendeu um cigarro e chamei-o para um canto a fim de dizer-lhe que não aprovava de maneira alguma aquele vício. Entretanto, antes de repreendê-lo, o que eu pretendia fazer de modo afetuoso, eu vi que, ao lado da pia, a chama do forno do fogão (parecia industrial de tão grande) estava acessa. Ele foi tentar apagar, mas acabou acendendo outra chama e depois aquilo parecia emperrado. Nisso a mulher apareceu e me olhando de modo frio mandou ele jogar água no fogo. Senti um clima desagradável e, por um momento, aquela mulher pareceu ser a minha mãe. Adiantei-me para jogar a água e notei que as xícaras dentro da pia estavam todas grudadas com uma calda pegajosa e endurecida. Aquele ambiente até então interessante, que parecia ser um refugio, começou de fato a me desagradar. Mantive-me na postura de amenizar o clima. Ao ir embora eu entrei num carro e, consciente de que aquilo era apenas um sonho, sentei-me no banco do motorista. Eu não sei dirigir e nem tenho vontade disso, mas no sonho eu dirigi o carro mesmo sem prática no volante e, enquanto decifrava os pedais, ia fazendo as manobras com cuidado. Logo depois eu acordei. Incrível a quantidade de vezes que acordei e voltei a dormir. Ainda bem que anotava rapidamente um rascunho antes de voltar a deitar, pois caso contrário não teria lembrado nem metade de tudo isso”.
Antes de "Alra" continuar, interrompi-lhe para dizer o que vinha em minha mente enquanto ela relatava-me cada palavra. Disse-lhe que não necessariamente o sonho simbolizara uma regressão com criança/bebê. Expliquei-lhe que a imagem da criança pode ser uma representação, mas não regressiva, mesmo porque não me pareceu que tivesse ocorrência manifesta e expressa de comportamento regredido. Preferi pensar na criança, incorporando o significado, a representação e o símbolo de seu lado infantil, puro, ingênuo e lúdico. Uma imagem simboliza um objeto, mas pode representar uma sensação, um sentimento. O sonho evidência confronto e nos concedia a oportunidade de investigação do fenômeno. De imediato associei com um momento chave que existe entre o fato, o acontecimento (como estímulo), a sua percepção e o tipo de resposta que "Alra" emite. No sonho o fato é imediato e determinado na sua construção pontuada como: "Alra" surge com uma babá, uma criança e um bebê; O bebê cai da cama (evento); "Alra" determina a queda do bebê pela sua pré-intenção? Receio, medo, cobrança, tensão? O inconsciente determina a mobilização do acontecimento como pré-confronto a partir da sua intenção, ou o desenrolar dos acontecimentos já estavam determinados? Muitos são os que acreditam que o sonho já está pré-construído, neste caso nós não definimos nenhum acontecimento no sonho.
Eu tendo a pensar no sonho como uma dinâmica viva, um fenômeno acontecendo, não apenas um filminho com mensagem que passa na noite escura da alma. Como dinâmica, nós, a partir de nossas ações e reações, determinamos dentro de certos limites individuais de consciência, o desenvolvimento ou fechamento do sonho em que participamos. Para mim somos, a cada noite, convidados a um desafio, um desígnio para desvendar ou contribuir com a dinâmica de desenvolvimento do nosso inconsciente, a partir de seu foco, onde ele tem algo a dizer e nós a responder ou a intervir. Somos como que chamados para uma relação em que, como indivíduos da dimensão do real, somos solicitados a participar e a contribuir na dinâmica de construção de um projeto de vida onde o alvo somos nós mesmos, a realização do nosso projeto. Nós somos, enquanto sujeitos, aqueles que têm instrumental para associar, integrar e intervir de forma objetiva no nosso destino a fim de realizar nosso desígnio dentro de uma dimensão de realidade palpável que nos permite referências concretas. O Inconsciente, ao contrário, tem conteúdo histórico e arquetípico, mas não tem poder integrador, a força de associar e integrar, já que é o resultado, como reserva multidimensional e instintiva, de uma memória da origem da espécie e da nossa linhagem. Ele é como um resultado de múltiplos e inesgotáveis conteúdos dissociados e desintegrados que a nos cabe integrar como seres com poder de intervir.
Chamou-me atenção à presença da figura da mãe e irmã configurando a presença do triângulo onde "Alra" se sente excluída. Fica claro a expectativa de “atenção compreensiva” que "Alra" espera das duas, mas nem a morte do infante é o bastante para mobilizá-las. Daí as perguntas e entendimento pessoal que fiz sobre a indução, estimulo e pré-intenção do fato. A queda e morte funcionou como manipulação para obter tal atenção, mas isso não funcionou e "Alra" ficou com a sua expectativa de afeto e atenção frustrada, sua carência e sua forma de responder se punindo e julgando-as negativamente. Em outro aspecto sua expectativa voltada para o que os outros fazem não favorece sua iniciativa e prontidão. Esse é o ponto que considero como chave do confronto, independente da pulsão que o acionou. Entra aqui sua imobilidade, a paralisia, a ausência de uma ação. Vemos apenas a lamentação, a surpresa e a imobilidade, ou seja, "Alra" ficou travada. Neste aspecto o confronto mostrou que a polarização de tensão ainda é significativa e a ação assemelha-se a do individuo imaturo e dependente do “outro”. A irritabilidade é sinal dessa energia apenas reativa que responde por pulsão e não sob sua intenção.
Sua nudez exposta reaparece reafirmando a necessidade de se expor, bem como de centralizar a atenção alheia. A ambivalência aflora em forma de conceitos pré-concebidos através da vergonha da fantasia (analisado de forma geral e não especificamente com relação ao drag queen). Isso representa a vergonha de olhar a fantasia do outro sem olhar para as suas próprias, produzindo a necessidade de reavaliar seus conceitos e se reeducar na sua forma de conduzir a vida. Ao final o nível de tensão é diminuído abaixando a polarização através de relações afetivas, lúdicas e de lazer. As piscinas podem relacionar origem de nascimento, águas primordiais, conforto, prazer e equilíbrio das tensões. Disse a "Alra" que é necessário a reeducação de si. É indicativo do sonho a relevância de reaprender ou desenvolver novas formas de se relacionara com o mundo e de lidar com suas energias, pulsões e impulsos, de forma lúdica e afetiva, permitindo que sua criança renasça. "Alra" deve focar sua maturação e correr atrás de seu prazer, abandonar a postura justiceira e corretiva, deixar de lado a repressão e relaxar. Permitir o ressentimento, a mágoa e a tensão é andar para frente olhando para trás. Não dá certo.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

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