Mais um dia...

"Alra" acordou cedo para ir com sua mãe à chácara, mas o passeio não foi muito agradável. Ao chegar lá e encontrar tantos abacates e mexericas caindo no chão, ela desabou a chorar sentindo um total desespero para lá ficar. "Alra" sentia que ali estava seu destino quando sua mãe morresse: o primeiro motivo era por amar aquele local já repleto de fartura e, o segundo, por não ter nenhuma possibilidade de outro local a sua disposição. O problema era encarar isso de frente e sentir que teria de estar ali sozinha. Mas como ela conseguiria cuidar daquele local sem nenhuma ajuda? Como ela viveria ali sem renda financeira, apenas com a lida do campo? E como ficar num local donde todos diziam que era muito perigoso para alguém, principalmente mulher, ficar sozinha? Por vezes "Alra" sentia imensa necessidade de enfrentar a situação antes do pior acontecer (a separação materna) e foi assim que ela brigou com sua mãe na tentativa de ficar na chácara, mas seria mais fácil nascer dente numa galinha do que "Graúda" deixá-la ficar na chácara. "Alra" não teve como ficar por lá, pois sua mãe alegou que não ia ficar sozinha na cidade. "Alra" não apenas foi impedida de se preparar enfrentando de antemão uma situação futura, como também sentiu a responsabilidade integral que tinha de cuidar da mãe até a morte da mesma. Isso a desestabilizou completamente e seu emocional ficou péssimo durante todo o resto do dia.
Na volta "Graúda" seguiu direto para casa enquanto "Alra" desceu próximo da biblioteca para trocar seus livros. Em seqüência ela seguiu caminhando para casa enquanto tentava dar ordem aos pensamentos conturbados. "Alra" sentia-se completamente perturbada. Ela não sabia explicar o quê dentro de si mudara tanto sem mais nem menos. Ela apenas reconhecia que estava com uma carga emocional descontrolada em tal dia. Ao menos ela tinha certeza de que logo superaria o mal-estar e retornaria a sua tranqüila felicidade e serenidade psicológica, mental e emocional.