Durante a madrugada "Ágape" acordou com total insônia. Seu relato foi o seguinte: “É duro ter insônia e sei que o problema são as preocupações que não consigo afastar de minha mente. Sei que em breve entrarei num mundo diferente donde tenderei a sentir-me insegura e constrangida. O fato de minha avó estar aqui em casa também é complicado para mim, pois visita, por mais familiar que seja, sempre dá trabalho e tira minha liberdade. Sinto-me incomodada com a situação atual e principalmente com a vindoura. Sei que estou aflita desnecessariamente, mas isso atormenta até mesmo os meus sonhos. Acho que todos são reflexos dessa vivencia. Essa noite eu sonhei com duas cobras: uma era coral e foi fácil identificar pela seqüência de cores vermelho, amarelo e preto. A cobra coral verdadeira é vermelha e possui faixas pretas dentro de duas listas amarelas, já a falsa tem a seqüência de vermelho ou laranja, preto e branco ou amarelo, ou seja, é vermelha e possui faixas amarelas dentro de listas pretas. A outra era uma verdadeira naja daquelas que levantam o pescoço e fazem uma concha com a cabeça. Eu segurava firme na cabeça da cobra coral e depois disso coloquei-a no quintal. Depois parece que me arrependi de tê-la colocado justo no quintal de casa, mas eu não a mataria e de imediato não encontrei outro local para colocá-la. Foi só após soltá-la que pensei na hipótese de levá-la para o Parque do Sabiá, mas daí já era tarde, pois ela já houvera se escondido. A naja embora estivesse levantada como se fosse dar o bote, parecia apenas me vigiar com tranqüilidade.
De repente lembro que estava numa casa totalmente desconhecida donde minha irmã estaria morando. Era uma casa velha de frente e parecia fazer parte de uma colônia. Ela era feita de tijolinhos desbotados e a garagem na frente tinha o chão de terra muito árido, quase cheio de trincas. O portão era de ferragem suja e velha, mas abria automaticamente. Sei que estava muito desagradável o local, até porque pelo fato de ser uma colônia de casas passava várias pessoas bem na passagem da porta da cozinha e, para não ser vista, eu tinha de ficar trancafiada. Tanto um sonho quanto o outro foi chato. De resto não sonhei, pois nem consegui dormir”. Por mais que tentasse e quisesse abrandar seus temores e fadigas, "Ágape" estava conturbada interiormente e isso por si só já lhe era péssimo.
Atualização
Há 4 anos
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