Enquanto "Ágape" so
nhava e vivia entretida no seu mundo ameno de conto de fadas, “Soberana” apurada ia e vin
ha no trajeto de São Paulo a Campinas na busca de alugar algum apartamento para morar. Após o almoço "Ágape" resolveu comer uma fatia de mamão e ao pegar a colher esta caiu. Em brincadeira ela pensou que aquilo era sinal de visita feminina, mas logo em seguida completou o pensamento
dizendo a si mesmo que tal crendice popular era bobeira. Por volta das três horas "Ágape" ligou para “Belalú” a fim de combin
arem a ida ao centro de umbanda, mas esta disse que estava sem dinheiro e ficou de retornar a ligação para dizer se poderia ir ou não. Duvidando que tal saída fosse ocorrer, "Ágape" foi tranqüila fazer sua corrida no parque. Estava fr
io, mas por sorte a chuva amenizara. Ao chegar em casa eis que “Belalu” estava sentada no sofá a conversar com sua mãe. Só então recordou o aviso da colher ignorada. “Belalú” deu outra desculpa dizendo que ligara para o abaçá e este estaria de recesso até o dia dez. "Ágape" não se convenceu muito disso, mas não se preocupou se era verdade ou não. “Belalú” aproveitara o momento a sós com "Graúda" para excogitar se "Ágape" já houvera sofrido alguma desilusão amorosa muito grande. "Graúda" disse que não, ao menos no que ela soubesse. Ao escutar sua mãe lhe contar isso, "Ágape" ficou indagando se isso era coisa que “Belalú” escutara de alguma entidade ou se seria coisa de sua cabeça.
"Ágape" não julga
va que houvesse tido nenhuma grande desilusã
o amorosa, a não ser que houvesse sido noutra encarnação. Ela era desiludida da vida, do mundo e das pessoas, mas não atribuía isso a um fato especifico ocorrido em seu passado. "Ágape" valorizava as alegrias e tristezas que houvera vivido e sabia do quanto cada uma lhe fizera crescer, amadurecer e se adaptar perante a realidade do mundo. Ela se decepcionava de maneira geral com tudo, mas também sabia que isso era algo normal para um mundo de provas e expiações. Em sua própria opinião, se sofrer
a trauma não foi especificamente no campo amoroso, mas um pouco em todos: familia
r, profissional, pessoal, religioso, afetivo e também amoroso. Mas para
ela isso simplesmente fazia parte das imperfeições da vida, as quais existe para todos e das quais não s
e pode esquivar de sofrer. Encarar e colher desgostos faz parte da vida, pois nem tudo pode ser exatamente como a gente gosta. De todo modo, "Ágape" sentia que numa encarnação pretérita provavelmente teria sofrido sim algo muito terrível nesse sentido, algo em torno de um abandono em épocas donde o rechaço, a injúria, o julgamento e a solidão eram inaceitáveis culturalmente e mortais. Por fim “Belalú” comentou que estava sofrendo pressões espirituais por ter contado a "Ágape" que sentira mal no quintal de sua casa. Era como se ela est
ivesse rece
bendo vingança e sendo perseguida espiritualmente. Tanto "Graúda" quanto "Ágape" não deram muito credito a isso. Por acaso não teria ela fé e força moral para firmar-se com seu anjo de guarda e guias protetores? Assim a visita ficou e nada mais importante foi dito. A vida ia seguindo da maneira como dava.
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