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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Assim escreveu o destino...


"Ágape" acordou feliz por estar nos braços de "Mateus", mas ao mesmo tempo melancólica por saber que situações como aquela se espaçavam tanto a ocorrer. O dia esteve nublado e convidativo para uma pesca, mas "Mateus" marcara de ir resolver alguns assuntos pendentes com seu cliente na parte da manhã. "Ágape" tranqüila esperou-o sem muito a fazer enquanto tentava lembrar dos sonhos que tivera, mas absolutamente nada lhe veio em mente. Por volta das dez horas "Mateus" retornou e ligando o som do carro convidou "Ágape" para dançar. Não havia ninguém no local e depois de dois toques de forró, "Mateus" pediu para "Ágape" lhe dançar igual costumava fazer na frente do espelho de sua casa. "Ágape" não acreditou que ele estava lhe pedindo isso e envergonhada tentou mudá-lo de idéia, mas não adiantou. Sem alternativa ela aproveitou o clima romântico e disse que estava acostumada a dançar samba. O ritmo não foi problema para "Mateus" e mais do que rápido ele trocou a música. Exatamente como exercitava e treinava em casa, "Ágape" soltou o corpo requebrando enquanto misturava passos de dança do ventre no ritmo do samba. Ela adorava dançar de forma mista: rodopiava, sambava, remexia as mãos com os braços para cima, sacudia os ombros, fazia charme com os olhos entre as mãos igual às dançarinas indianas, rebolava, tremia a cintura, enfim, dançava de modo leve, alegre, teatral e sedutor. Sem perceber ela ficou mais de uma hora dançando sem parar enquanto "Mateus" lhe observava sorridente e encantado. Quem a via dançar não entendia se ela era uma árabe, uma sambista ou cigana, mas percebia visivelmente que ela incorporava um pouco de tudo em seu molejo. E que molejo!
No almoço "Ágape" saboreou guisado de peixe e pouco depois o passeio encerrou-se. "Mateus" deixou "Ágape" em casa dizendo que estava um pouco assoberbado com alguns assuntos de trabalho pendente. O dia prometeu chuva o tempo todo, mas nenhum pingo caiu do céu. Despedir de seu amado era sempre doloroso, mas dessa vez "Mateus" disse que pretendia ficar em Uberlândia até "
Ágape" ir para Campinas. Num misto de saudade antecipada ela disse-me que se pudesse prolongaria sua realidade de vida para viver nela até o ultimo minuto da encarnação. Era-lhe pesaroso pensar que o tempo traria mudanças de vida para todos. Mesmo que estas fossem positivas, "Ágape" sentia-se muito realizada e feliz com a vida que tinha: sua mãe, seu quintal, o namoro, as atividades físicas que praticava, sua boa saúde, suas pesquisas e leituras, os momentos de meditação, a contemplação do seu mundo de sonhos e o pouco de lazer que surgia de vez em quando. Ela respirava tudo isso e não tinha vontade de aspirar outros ares. Outra vez senti em "Ágape" mais receio de perder o corriqueiro conhecido do que medo de enfrentar o inusitado desconhecido. Assim ela seguia a vida lutando para não temer o destino e nem sofrer antecipadamente a hipótese das perdas que podiam surgir, mas realmente essa lhe era uma batalha gigantesca que muito a atormentava.

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