De novo na chácara...
"Ágape" acordou cedo para ir com sua mãe a chácara e lá passaram o domingo inteiro conforme feito na semana anterior. "Ágape" capinou durante horas seguidas e, segundo “Graúda”, a qual rastelava o capim ceifado, ambas limparam no mínimo mil metros de chão. Tinha pouco capim, pois boa parte desse trecho estava com os cajuzeiros e embaixo deles os ramos ainda estavam pequenos e fáceis de tirar. Havia muito picão e as sementes grudaram aos montes na roupa de "Ágape". O maior problema era o peso da enxada que tinha um cabo muito grosso e mais comprido que "Ágape", o qual deixou-lhe com dor nas costas num instante. Mesmo assim ela não largou o serviço e na maior animação, quando apertou a dor na lombar lateral, passou a enxada para o lado esquerdo e capinou como se fosse canhota. Em tal dia "Ágape" não carregou esterco de vaca, pois houvera esquecido a capanga em casa. Pouco antes de retornarem, "Ágape" tomou um banho para aproveitar a água de mina do local e deitou um pouco para descansar e meditar junto ao único barulho existente por ali: o canto dos pássaros. Somente às sete horas da noite que ela e sua mãe chegaram outra vez em casa. Depois de comer algo, "Ágape" resolveu colocar as cartas de tarô. Ela estava desconfiada de que fizera uma leitura um pouco errada quando entendera nas cartas papisa, imperador e sol o fato de que ia conhecer uma figura masculina através de uma mulher mais velha e que adviriam alegrias disso. Em tal dia ela pensou que talvez as jogadas anteriores nas quais essas três cartas caíram tão enfáticas poderiam em realidade e verdade representar a sua permanência junto de seu cunhado, irmã e sobrinha em São Paulo. "Ágape" fez várias jogadas, pois tinha quase certeza de que sua interpretação das cartas não fora bem feita, até porque não aparecera nenhum homem em sua vida e nem fazia sentido pensar que isso ainda fosse acontecer de tal modo. Pensar que as três cartas enfáticas no meio dos demais representavam sua ida para São Paulo lhe fez todo sentido no momento, enquanto a idéia visualizada anteriormente evaporou-se. De todo modo, o oráculo não confirmou a desconfiança de "Ágape". Era como se sua primeira impressão houvesse sido a certa. A duvida permaneceu, embora "Ágape" tenha preferido apostar na sua desconfiança. O tarô confirmou sua viagem, a qual não foi especificada se era para Uberaba, São Paulo ou ambas. Coisas novas estavam por acontecer e o tarô pareceu-lhe muito misterioso. Talvez não fosse um bom dia para captar novas idéias do futuro, ou então este estava incerto. De todo modo uma coisa era sensata na definição do oráculo: se as cartas anteriores e da atual tiragem se referiam a sua viagem para São Paulo, tudo indicava que esta lhe seria proveitosa e próspera. Assim "Ágape" realmente esperava e, de antemão, estava tranqüila por saber que tudo o que se referia a sua vida já vinha decidido e detalhado por “Pajib”.
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