Falando sobre Jesus, sempre me pego a imaginar como ele pôde suportar tudo o que vivenciou aqui na Terra. Que imenso amor teve por todos nós para descer ao mundo e sofrer a dor com todos os seus sentidos imensamente desenvolvidos e sensíveis! O espectro da dor é temido pelos homens até os limites do pânico. Quem saberá, porém, formar idéia do que possa ser a dor de algum Arcanjo? A evolução é, por natureza, aguçadora da sensibilidade; que não só os poderes da percepção, mas igualmente os da sensação, se ampliam e apuram, à medida que o ser ascende na escala evolutiva. Jesus foi o único espírito absolutamente completo, com todas as suas faculdades plenamente desenvolvidas e em perfeito funcionamento, que se materializou na Terra, assumindo por inteiro a biologia e a morfologia de um homem. Diz o livro que o sofrimento de Jesus não teve, não tem e não será similar, de qualquer ângulo que seja analisado, inclusive no que concerne à dor física, tal como a entendemos, em vista da sua inigualável sensibilidade orgânica. E junto ao filho estava presente o amor da mãe. Espíritos sublimes como Jesus e Maria, de imensa superioridade evolutiva, só encarnam na Terra em raras e altíssimas missões, de singularíssima importância para a evolução da humanidade. Sabe-se que a Mãe Maria de Nazaré, a Virgem Excelsa, Rainha dos Anjos, cuja presença material, na Crosta Terrestre, foi indispensável para a materialização do Messias Divino entre os homens, forneceu ao Mestre a base ectoplasmática necessária a sua tangibilização, servindo ainda de ponto de referencia e de equilíbrio de todos os processos espirituais, eletromagnéticos e quimiofísicos que possibilitaram, neste orbe, a presença crística. Tudo o que Jesus sentiu, na sua jornada messiânica, repercutiu diretamente nela, na Santa Augusta Senhora do Mundo. Estrela Divina do Universo das Grandes Almas, também teve de peregrinar do paraíso excelso de sua felicidade para o nosso vale de lágrimas, a fim de ajudar e servir a uma humanidade paupérrima de espiritualidade, da qual se fez, para sempre, a Grande Mãe, Advogada e Protetora.
Enquanto houver sobre a face da Terra pobres e famintos, gente que chora e almas sem misericórdia, a palavra de Jesus não cessará de ecoar nas eternas Bem-aventuranças. Por mais que demore, os princípios da força serão substituídos, no mundo, pelos da misericórdia, e os mandamentos da astúcia pelos da verdadeira justiça. Nesse dia, acima do Direito, estará o amor universal e eterno, a reger a vida humana para o entendimento e a felicidade. A sementeira de maldades e ignomínias rebentará num oceano de frutos amargos de prantos e dores, e o homem aprenderá, por fim, que o evangelho do Senhor não é um conto de fadas, mas uma lei de vida que ninguém pode violar sem funestas conseqüências. Então, raiará para a Terra um novo dia. As lições maravilhosas de Jesus, vivificadas e restabelecidas em sua pureza original pela terceira revelação, regerão as manifestações do sentimento enobrecido nas forjas da amargura. Uma nova aurora despontará, fecunda, para este orbe triste e a aleluia de há dois mil anos ressoará, mais vivida e mais clara, na quebradas dos nossos alcantis. O espírito do Bem reinará na alma dos homens e Cristo vencera!
Agora, falando sobre o espiritismo, vale lembrar que foi na noite de 31 de março para 1º de abril de 1848 que o fenômeno surgiu na casa dos Fox, em Hydesville. Foi então que Hippolyte Leon Denizard Rivail, o discípulo de Pestalozzi, tomou conhecimento dos fatos, constatou-os pessoalmente em 1855, estudou-os objetiva e minuciosamente, convenceu-se de sua realidade, buscou-lhes a causa e deduziu-lhe a significação; pesquisou, trabalhou e escreveu ‘O livro dos espíritos’ em 18 de abril de 1857. nada obstante, os príncipes das Trevas levariam o bispo católico de Barcelona a apreender e mandar queimar ilegalmente em praça pública, por carrasco oficial, cerca de trezentos volumes de obras espíritas, que foram solenemente incineradas no dia 9 de outubro de 1861. A verdade é que esses dolorosos acontecimentos e suas tristes conseqüências não fugiam à lógica de uma reação desesperada dos escusos interesses que o Espiritismo naturalmente feria, com os seus princípios e as suas decorrências de inteiriça moral. Fosse ele simples compilação de fenômenos, sem maiores decorrências éticas, talvez pudesse ser tranqüilamente aceito, admirado e até praticado, sem afetar a consciência e sem alterar os hábitos das pessoas; mas, ao contrário disso, ele obrigava, por sua filosofia e pelos seus fundamentos evangélicos, a um claro e inarredável compromisso de renovação para o bem verdadeiro, para o amor desprendido e incondicional, para a fraternidade pura e para a justiça perfeita. Abalava, desse modo, todas as estruturas baseadas no egoísmo e na vaidade, no orgulho e na cobiça. Por isso, pareceu a muitos incômodo demais e mesmo incompatível com a índole de uma civilização alicerçada no prazer irresponsável e na exclusividade da posse. O espiritismo não necessita de exterioridades para empreender a reforma do mundo, porque isso ele realizará através de cada pessoa, de cada grupo de pessoas, de cada sociedade, de cada comunidade humana. Como a doutrina espírita tem a natureza de uma revelação progressiva e incessante, sua influencia será cada vez mais especifica e mais ampla, em todos os setores da atividade humana, inspirando novos rumos e novas motivações, suscitando novos pensamentos criativos e promovendo o progresso.
No porvir, naves esplêndidas farão viagens comuns, a mundos de sempiterna beleza. Necessidades e fraquezas não poderão ser extirpadas por milagre, mas os frutos venenosos da maldade jamais chegarão aos extremos do homicídio. O estatuto dos povos manterá o parlamento das nações, onde excelsos espíritos materializados designarão, em nome e por escolha do Cristo, os governadores da Terra. Sem monarquias, oligarquias ou democracias, haverá apenas uma espiritocracia evangélica, fundada no celeste platonismo do mérito maior, do maior saber e da maior virtude, para o serviço mais amplo e mais fecundo. Reinarão na Terra a ordem e a paz. O amor universal será estatuto divino e a Terra pertencerá aos mansos de coração! Não é lindo?
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