Obrigada pela visita!

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domingo, 18 de janeiro de 2009

Agape e Mateus 8

"Ágape" chegou ao parque por volta das nove horas da manhã e conforme combinado encontrou-se com "Mateus" logo a entrada do porão principal. Extremamente sorridentes ambos se abraçaram com um longo beijo e depois de alguns alongamentos iniciaram a corrida costumeira. O tempo estava fresco e bastante convidativo. Depois de passarem próximo ao portão da parte de baixo, "Mateus" desacelerou o passo e convidou "Ágape" para sentarem perto do lago num dos bonitos bancos de madeira talhada que ali havia. "Ágape" achou estranho interromper o exercício praticamente na metade do trajeto, mas tendo em vista o clima do local tão agradável para um bom namoro, aceitou o convite de bom grado. Assim que se sentaram "Mateus" olhou-a firmemente nos olhos e foi logo dizendo:
___ Eu quero te agradecer pela noite maravilhosa que você me proporcionou. Na verdade eu nem sei o que te dizer...
___ Não precisa me agradecer e nem ficar buscando o que me dizer. Sou eu quem tem de lhe agradecer – prosseguiu "Ágape" tentando deixar "Mateus" mais tranqüilo. – Não precisa tecer elogios e nem preocupar-se na elaboração de comentários. Eu já senti de modo instantâneo todas as suas sensações do ocorrido. Não sou uma grande mulher, mas sei reconhecer quando dou vida a um grande homem. Somos o que somos e estamos apenas dando mais sentido à vida um do outro. Estamos apenas nos esforçando para preencher o vazio interior de nosso próprio ser através da doação de amor para o vazio um do outro. Eu sempre tentei fazer isso, mas nunca fui suficientemente retribuída e desgastei-me continuamente em relacionamentos frustrados, mas agora sinto que é diferente, pois você me completa e não sinto nenhum egoísmo de sua parte. Eu percebo nitidamente que você pensa e se preocupa comigo tanto quanto eu contigo. Eu sinto o que você sente por mim e isso me basta mais do que quaisquer palavras ou declarações.
"Mateus" ficou um pouco calado observando o jeito tranqüilo de "Ágape" até que resolveu comentar algo em resposta:
___ Às vezes penso que não mereço alguém tão especial como você e fico atordoado.
___ Muitas vezes Papai do Céu testa o nosso merecimento: Ele dá e também tira para nos ensinar a dar valor e nos conscientizar que devemos lutar por nossos objetivos. Eu perdi a capacidade de ser comunicativa e consequentemente mais sociável e também perdi a liberdade para usufruir tranquilamente do dinheiro. Eu ganhei traumas, bloqueios e grande cota de sofrimento, mas isso não tira de mim a minha capacidade de reconquistar o que perdi e superar meus ganhos negativos, até porque, como se diz o ditado popular, nada se perde porque tudo se transforma. Existem coisas nessa vida cujo merecimento não pode ser explicado pela razão. A questão é que, enquanto desmerecidos de um bocado de coisas, vamos conquistando outros tantos merecimentos dos quais pensamos que nem merecemos. Muitas vezes os nossos defeitos, erros e ignorância nos fazem desmerecer uma alegria de momento, mas deve-se ter em mente que essa mesma alegria virá em dobro quando refizermos nossos erros, ampliarmos nossas qualidades e aprendermos as lições que auto-semeamos pela vida afora. Eu não sou a pessoa mais indicada para lhe dizer isso, mas talvez seja a mais sincera que você tenha no seu presente instante de vida. Não queira analisar se você me merece ou o porquê de você ter esse merecimento, creia apenas que assim é para nosso próprio bem. Vá por mim e deixe o resto para Deus, até porque, ele já está analisando tudo – disse "Ágape" embalada por todas as emoções e inspirações que aquele momento lhe proporcionava.
___ Você fala de Deus como se ele estivesse aqui e pudesse ser visto e ouvido – "Mateus" comentou meio espantado.
___ E quem disse que não está? Eu o sinto mais do que meus olhos ou ouvidos. A verdade é que estamos tão perto de Papai do Céu quanto escolhemos estar. Amizade intima com Deus é uma escolha, não um acaso ou sorte de alguns. Na minha opinião e experiência pessoal, devemos buscar nosso Criador intencionalmente. Intimidade divina é fruto do quanto queremos conhecer, ouvir, saber e aprender com Deus. É um processo indubitavelmente natural. Jesus veio ao mundo nos mostrar que a verdadeira religião é a amizade íntima que mantemos com o Pai através da fé e da oração. Se me foi possível lhe conhecer e se agora me é permitido estar contigo aqui, porque assim não poderia ser com Deus também, ainda mais se o conheço e com Ele estou desde todo o sempre? Muitas pessoas podem me achar uma esquizofrênica arrogante por eu ter a audácia de afirmar que sinto até mesmo o perfume de Papai do Céu junto a mim, mas se assim for, irrefutavelmente afirmo que não existe doença melhor. Não estou falando de ser fanática, mas sim de ter fé. Será que sou a única a ser doente de Deus? E quantos não largariam a saúde para ter essa doença incrivelmente maravilhosa? Sozinha ou acompanhada a minha alma repousa com Papai do Céu e a Realeza do Amor. Qualquer um pode sentir o perfume de Papai do Céu exalando da própria respiração e não pense que isso é só para santos ou espíritos puramente iluminados, pelo contrário, é no breu de nossas debilidades morais que Papai do Céu prova seu amor e nos ilumina, mesmo que meio mundo permaneça cego e insensível a Ele. Receber o amor de Deus não me é vanglória, mas ser digna desse amor sim. Ele nos ama independente de sermos dignos, pois seu amor é incondicional. Mas dentro da sua perfeição e justiça existe uma condição claramente perceptível: só sentimos tal amor quando nos fazemos dignos de recebê-lo. Quem se esforça nesse sentido passa a sentir o amor divino nos mínimos detalhes, enquanto os demais passam à vida buscando sem nem saber o que exatamente buscam. Aí encontra a verdadeira diferença entre ser rico e pobre, ser alegre ou ser triste, ter saúde ou ser doente, estar acompanhado ou permanecer só. Pelos olhos do mundo eu nada tenho e não sou ninguém além de uma quase muda que chegou aos vinte e quatro anos sem ter saído da infância. Mas eu não me importo com isso, porque algumas vezes Papai do Céu me empresta os olhos Dele e enxergo uma porção de coisas bem sintonizadas e condizentes. Talvez seja por isso que eu só me sinta rica, feliz, saudável, segura, completa e acompanhada quando deixo o mundo para estar com Deus. Incrivelmente Papai do Céu permanece em tudo quando com Ele estamos, mas também se materializa no nada quando o olvidamos. Tudo ou nada pode nos fazer feliz e nos dar paz, basta um escolha que diariamente precisa ser refeita. Bem, chega disso. Vamos continuar o trajeto?
Mateus acenou um sim com a cabeça enquanto pensativo permanecia calado e profundamente admirado com aquela explanação. Existia um porque para estar escutando tudo aquilo? Analisando a situação concluiu que "Ágape" era mais misteriosa e cheia de encantos do que ele até então ousara supor. Depois de chegarem novamente no portão donde haviam iniciado a corrida, ambos se despediram carinhosamente e, retornando para casa, "Ágape" refez meio-trajeto de volta correndo pela parte exterior do parque. Para ela também era espantoso lembrar a fluidez com que cada palavra saíra de sua boca. A verdade é que ela nunca se sentira tão à vontade para dialogar com alguém e nem percebera o quanto impressionara "Mateus" em sua inesperada e repentina defesa de fé. O dia para "Ágape" passou rápido e sem grandes novidades. Às vezes lhe era estranho e legal ao mesmo tempo ter a convivência um tanto forçada com os novos inquilinos (um casal e duas filhas) da parte superior. E para término de tal dia, "Ágape" foi com sua mãe a casa de “Mariposa” dormir mais uma noite por lá... dessa vez apenas com seu próprio Eu feminino e “Ameth”. Enigmaticamente ela podia sentir que seu Eu espiritual estava se abrindo para um nível mais profundo. Algo maior ia lhe suceder...

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