Eram mais de cinco horas da tarde quando "Ágape" foi com sua mãe a casa de “Mariposa” conforme usualmente. De lá "Ágape" seguiu para o parque enquanto matutava loucas idéias em sua mente, algo que lhe consumira o pensamento durante todo o dia. Ela estava com um plano arriscado em mente e pretendia propor um desafio à "Mateus". Ao dar entrada no parque pela entrada principal, viu "Mateus" sentado (na parte das barras para alongamento) sobre o cimentado próprio de fazer abdominal. Com um sorriso radiante e malicioso ela chegou próximo enquanto ele levantava saudoso para lhe dar um apertado abraço e um beijo daqueles de fazer tudo desaparecer.
___ Eu cheguei agora a pouco e estava lhe esperando para corrermos juntos. Tinha quase certeza de que entraria por esse portão caso viesse nesse horário da tarde – disse "Mateus" demonstrando sua ansiedade perante a idéia de encontrar "Ágape".
Ambos iniciaram a corrida e já no meio desta uma chuva rápida e pesada despencou do céu. Como não havia abrigo algum para se esconderem, continuaram correndo sem se importar e tranquilamente ensoparam-se como a manga d’água que inesperadamente alvoroçou os caminhantes. Depois desta um lindo arco-íris cobriu o céu enquanto o sol iluminava novamente o tempo com seus raios fracos. A corrida de ambos foi como sempre e no final nem pareciam estar tão molhados quanto antes. Esbanjando alegria ambos sentaram-se num dos bancos perto da entrada e observando as demais pessoas passarem "Ágape" não tardou a revelar o que lhe ia à mente:
___ Estou pensando de lhe propor um desafio, mas estou envergonhada de dizer.
"Mateus" encarou "Ágape" com jeito sedutor e respondeu:
___ Eu senti que você estava diferente, mas confesso que estou surpreso em imaginar que você tenha uma proposta para mim. É sobre aquele assunto de ser apresentada a minha família?
___ Não, longe disso. Bem, vou ser direta: gostaria que você dormisse essa noite comigo e isso não é uma indireta, mas um convite – respondeu "Ágape" demonstrando seriedade.
"Mateus" olhou-a com expressão inserta e nada respondeu.
___ Eu vou dormir na casa de minha avó hoje e, caso você aceite minha proposta não muito descente, irei abrir o portão para você. Vai ser algo às escondidas. Nós marcamos um horário mais tarde e amanhã, acordamos antes dela, para você ir embora.
___ Não sei, isso pode não dar certo e não quero de forma alguma causar má impressão...
___ Eu sei o que estou lhe propondo, confia em mim – interrompeu "Ágape". – Além do mais, não estou te chamando pra ir para a cama transar, quero apenas ter mais tempo para ficar contigo e realizar um de meus mais antigos desejos, ou seja, dormir a primeira noite com um homem que eu me veja apaixonada sem obrigatoriamente ter de rolar sexo.
"Mateus" riu como se acabasse de escutar uma piada e não tardou a desabafar seus pensamentos:
___ Você não acha que é castigo demais pedir a um homem apaixonado e cheio de desejos por sua namorada para que ambos durmam juntos sem acontecer nada?
___ Eu não tenho que te dar essa resposta. É pegar ou largar e você escolhe. Quero a resposta já, o que você me diz?
"Mateus" remexeu a cabeça negativamente como se não acreditasse naquela conversa e tornou a rir menos à vontade.
___ Ah, para de brincar comigo, isso não tem graça nenhuma – respondeu ele.
___ Estou falando muito sério, eu quero dormir com você e não tem ocasião melhor do que hoje para isso acontecer. Minha avó dorme na sala numa cama de solteiro e eu durmo sozinha no quarto numa cama de casal. Você não vai me deixar dormir sozinha lá depois de ter imaginado o dia todo que teria os seus braços de travesseiro, vai? – apelou "Ágape" em fala derradeira.
Por mais receoso que "Mateus" se sentisse, aquela proposta não tinha como ser negada, até porque, por muitas vezes ele já imaginara a situação de um momento mais intimo com "Ágape". Combinando para as onze horas da noite ambos se despediram super eufóricos com o que poderia acontecer. Ao chegar novamente na casa de sua avó, "Ágape" arrumou a cama com a ajuda de “Graúda” e esperou o tempo passar enquanto fazia seu crochê. Assim que sua avó caiu no sono, ela tomou um banho apresado, vestiu um leve vestido e perfumou-se. Seu coração batia descompassado e todo o ser de "Ágape" dizia-lhe que aquela noite seria inesquecível. Onze horas em ponto "Ágape" abriu vagarosamente a porta de saída e foi para o portão. "Mateus" já estacionara o carro próximo e veio a seu encontro assim que a viu. Num abraço apertado se beijaram e, após "Ágape" fechar novamente o cadeado, ambos adentraram entrelaçados um na cintura do outro pelo corredor do quintal escuro. Silenciosamente passaram pela sala e fechando a porta com cuidado "Ágape" o convidou para irem até o quarto. Nisso uma chuva desabou do lado de fora, o que proporcionou aos dois um clima ainda mais romântico.
___ Você me surpreendeu como nunca imaginei que pudesse ser surpreendido por mulher alguma, menos ainda por você – revelou "Mateus" quanto "Ágape" fechava a porta do quarto para ficarem mais à vontade. – Você está tão bonita, acho que isso vai ser um tormento, não sei se fiz bem em...
___ Quer ir embora? – perguntou "Ágape" em tom de brincadeira enquanto o enlaçava pela cintura depois de lhe percorrer o olhar num exame minucioso de baixo em cima.
"Mateus" respondeu-lhe com longos beijos e quanto mais se beijavam, mais seus corpos pareciam brasas a se consumirem de desejo por dentro. Aquela noite não ia ser nada fácil para nenhum dos dois caso fossem cumprir a risca a proposta de "Ágape" em realizar sua velha fantasia amorosa.
___ Estive pensando que eu também tenho direito de realizar uma de minhas fantasias contigo – disse "Mateus" seriamente.
"Ágape" o olhou espantada. Incerta do que deveria dizer ficou esperando que ele completasse a fala.
___ Quero uma sessão de massagem por todo o corpo e você me deve isso, afinal de contas, eu estou aqui contigo para lhe satisfazer e isso implica passar o sufoco absurdo de ter que controlar meus instintos sexuais.
___ Você não acha que uma sessão de massagem vai te deixar muito mais sufocado?
___ Eu não quero sair na desvantagem e acho impossível ficar mais excitado do que já estou – respondeu "Mateus" com sinceridade.
___ Tudo bem, só tenho a te dizer que sou uma ótima massagista.
"Mateus" tirou a camisa e deitou de bruços na cama. "Ágape" sentou-se sobre suas nádegas e lhe beijou a nuca enquanto percorria as duas mãos um tanto suadas por seus braços repousados na lateral do corpo. Fazendo movimentos circulares com o dedão naquele ombro musculoso, "Ágape" suspirou verificando o quanto era grande seu desejo de se entregar inteiramente e ser amada por aquele homem. Depois de quase uma hora massageando-lhe as costas, "Ágape" resolveu passar para as coxas e escutando apenas um grilo chiando no quintal junto ao barulho da chuva fina, achou que "Mateus" já houvesse dormido. Por um segundo pensou de parar a massagem, mas incrivelmente ela estava adorando percorrer sua mão por aquele corpo. Pouco depois ela lhe massageou a sola dos pés e lembrou de que, em si, aquele era um ponto especial para lhe aumentar a libido. Ao termino de três horas de massagem, imaginando que "Mateus" realmente estivesse dormindo, "Ágape" beijou-lhe na lateral da face e deitou-se ao seu lado abraçando-lhe nas costas. Nisso "Mateus" virou-se e sentando encarou-a extremamente sério.
___ Pensei que houvesse dormido – disse "Ágape" sentando-se também. - O que foi? Porque está me olhando assim? Não gostou da massagem?
___ Você é inacreditável! Nunca pensei que isso pudesse ser possível um dia em minha vida!
___ Ah, deixa de tentar me agradar com palavras tolas. Não deve ser a primeira vez que uma mulher lhe faz um agrado desses, até porque, qualquer uma ficaria desejosa em...
___ Eu não vou tentar te convencer de nada – ele interrompeu-a. – Só quero que você saiba e acredite que nunca isso me aconteceu anteriormente. Se você quer saber a verdade, tenho a dizer que nunca vivenciei a experiência de um encontro intimo donde o sexo não fosse à única fonte de prazer. Você foi à única com quem tive coragem de revelar que meu maior desejo amoroso não era transar, mas ser massageado carinhosamente por todo o corpo. Nem mil orgasmos me proporcionariam o prazer que acabei de ter em me sentir realizado com uma fantasia que sempre julguei a mais tola do mundo.
"Ágape" suspirou profundamente sem tirar o olhar daqueles olhos que a contemplavam com um brilho de emoção.
___ Sei que não é cedo para lhe dizer algo muito importante: eu te amo, de verdade! – revelou "Ágape" abraçando-o.
___ Eu também te amo e também sei que não existe cedo ou tarde para revelar um sentimento tão forte e certeiro. Eu confesso que você estava com a razão quando me perguntou se eu estava com medo de lhe perder. Acho que não sobreviveria se...
___ Pois eu não tenho medo algum – ela interrompeu saliente. - Confie em você e saiba que serei sempre tua enquanto seu amor puder preencher o vazio de meu ser – respondeu "Ágape" sem pestanejar. – Por acaso você tem algum motivo para me perder?
___ Nada além do próprio medo de não estar a sua altura.
___ Amor não se mede em altura, você entende isso? Se eu digo que o amo é porque automaticamente estou dizendo que você está suficientemente na minha altura, compreende? Aliás, até um pouco mais alto – riu "Ágape" ao responder. – E tem mais: estou me declarando com uma verdade sentimental que nunca senti por homem algum.
Novamente se beijaram até que "Mateus" procurou aquietar-se antes de sentir seus desejos físicos intensificarem. Aninhando "Ágape" em seus braços ele pediu licença para fazer suas preces já que pretendia dormir posteriormente. Concentrados ambos puseram-se a rezar agradecendo a oportunidade daquele momento e pedindo a benção para aquele relacionamento. Por fim ambos acabaram conciliaram o sono. Por volta das cinco horas da manhã "Ágape" resolveu levantar para ir ao banheiro e nisso acabou acordando "Mateus" que já vestira a camisa e estava sentado na beira da cama quando ela retornou para o quarto.
___ Que pena, acho que já está na hora de ir – disse "Mateus" consultando as horas no seu BlackBarry.
___ Não, fica mais um pouco, está chovendo e vovó não vai acordar agora, acho que ainda temos ao menos umas duas horas antes do dia começar a clarear – explicou ela enxergando "Mateus" apenas com a claridade natural da lua que adentrava pela janela. - Será domingo e sei que você não tem nenhum compromisso. Fica mais um pouco, por favor – pediu "Ágape" levantando as sobrancelhas com jeitinho mimado enquanto fazia um quase beicinho.
___ Eu não agüento mais, o pouco que dormi sonhei com nos dois e, puxa vida, sou homem! – desabafou "Mateus" realmente disposto a ir embora.
___ Só porque é homem acha que sente mais desejo do que eu? É isso? – perguntou "Ágape" cheia de sedução. - Eu prometo que você não vai se arrepender – disse "Ágape" sentindo-se mais à vontade do que nunca enquanto passava a ponta dos dedos carinhosamente na face de "Mateus" e o obrigava a ficar depois de ser distraído de seus propósitos com um ardente beijo.
___ Eu te desejo tanto quanto você – disse "Ágape" deitando sobre "Mateus" enquanto beijava-lhe o pescoço e passava as mãos por baixo de sua camisa a fim de tirá-la novamente. – A noite se foi e, agora, eu sou toda sua, estou totalmente entregue para que você me cubra de amor – ela interrompeu a própria fala dando-lhe mais um beijo rápido. - E prazer – finalizou com um sorriso extremamente malicioso e cheio de felicidade.
Enlevados de um desejo que desde muito os consumia, ambos respeitosamente acarinharam-se até o êxtase final que os amoleceu por completo. Por precaução "Mateus" levara seus preservativos e nenhum dos dois poderia supor que teriam uma primeira noite tão repentina, especial, divertida, diferente e encantadora. Ambos estavam vislumbrados com o nível de satisfação em todos os sentidos que haviam atingido juntos. Os carinhos continuaram até que o dia começou a clarear e assustados com a possibilidade de “Mariposa” acordar de um momento para outro, ambos resolveram que, infelizmente, estava na hora de se separarem. Foi então que combinaram de encontrarem-se no parque ainda na parte matutina daquele novo e lindo dia. Depois de levar "Mateus" até o portão e retornar para dentro de casa, "Ágape" jogou-se na cama como se não pudesse acreditar na perfeição de tudo o que acontecera. Somente em sonhos ela se vira tão realizada com alguém. Sentindo que algumas lágrimas de emoção lhe invadiam os olhos, acabou adormecendo novamente.
Atualização
Há 4 anos
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