Escrevi essa oração em um momento que estava concentrada na presença intuitiva de Ameth, mas posteriormente fiz algumas correçoes. Entretanto, esta é a versão original que me foi "sussurada espiritualmente":
“Obrigada Pai Oxalá, porque eu sou a encarnação, da minha própria ficção, de minha tristeza e alegria, de minha frieza e sabedoria. Obrigada porque eu sou o mar de meu interior, sou o sol de meu esplendor, da minha loucura e pavor, de minha paúra e louvor. Obrigada porque eu sou a meta de meu viver, a paz de meu bom ser, a doçura de meu pequeno saber. Obrigada porque sou a esquizofrenia de meu coração, a magia de minhas mãos, a própria luz de minha escuridão. Obrigada porque eu sou as flores de meu jardim, as estrelas de minha noite carmim, o remédio de minhas mazelas, o arco-íris do meu céu de quimeras. Obrigada porque eu sou o tudo que tua luz criou, e sou o nada que a humildade consagrou, porque sou o tempo que passou, a esperança que ainda não vingou, a força que a natureza emprestou, e o amor que do mundo expirou. Obrigada porque eu sou a seiva de poder, que os orixás me fizeram valer, eu sou a sombra do que desejo ser, e a realidade do que me faz crescer. Obrigada porque eu sou a estrada da prudente aventura, das cores sou a alvura, dos temperos sou o sabor da gostosura, dos sons a melodia que a tudo estrutura. Obrigada mesmo eu sendo o mineral escondido em rocha, mesmo sendo o broto que não desabrocha, mesmo sendo o animal extinto de toda caçada, e o ser humano ainda em crisálida ultrapassada. Obrigada porque eu sou eu e não sou ninguém, sou o pendulo que vai e vêm, e o tostão que só meu anjo tem. Obrigada porque sou a Deusa do meu corpo talhado, sou o Rei do infinito imaginado, e sou a miséria do fel acumulado. Obrigada porque eu sou a egrégora filosofal do milagre, a transformação de uva em vinagre. Obrigada porque eu sou a filha, a mãe e esposa da liberdade, a aurora santificada pela integridade. Obrigada porque sou a fé das confianças, sou o sorriso das crianças. Obrigada porque de Xangô tenho a justiça das pedreiras, de Oxossi a flecha certeira, de Ogum a vitória de guerreira, de Oxum a sensibilidade e volúpia costumeira, de Omolu a solidão conselheira, dos Erês a esperteza matreira, de Iansã os ventos de uma tempestade inteira, de Vós a pureza sementeira, de todos os demais a veneração ligeira. Obrigada porque eu sou o mundo sem fundo, eu sou o ar sobre o mar. Obrigada porque sou a teia do equador, a fusão de Vós meu criador, feita do gene salvador, e do verme predador, e sou tudo o que sou com muito ardor! Obrigada!”
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