para Ami 5

“Olá ‘Ami’! Tudo bem contigo? Hoje eu fui caminhar por volta das nove horas da manhã depois de sair da casa de vovó. Meu dia passou numa certa moleza, pois confesso que dormir na casa de vovó não está sendo fácil: na primeira noite me envolvi em meu namorico e, na segunda, tive de enfrentar solitariamente o quarto que cheira muito a mofo por causa de uma infinidade de cobertas de retalho que minha avó guarda no seu guarda-roupa junto com suas velharias. Ela deu de abrir o guarda-roupa para ventilar lá dentro, mas como ela não abre a janela do quarto, a situação fica um horror. Minha tia ‘Florymel’ sofreu uma alergia feia nas ultimas noites em que lá dormiu e espero que nada do gênero me ocorra. Mas o pior nem é isso, é que dessa vez eu não quis ter o trabalho de levar os meus três travesseiros pesados e conseqüentemente, tentar dormir desacomodada torna a noite um pesadelo de tanta dor no pescoço e dormência nos braços. Para mim, ter que dormir sem meus três travesseiros é quase como querer dormir em pé. Ainda bem que essa noite vou dormir em casa mesmo.
De resto, só tenho a dizer que, agora à noite, fui ao terreiro, mas não tenho muitas novidades. Eu amo a umbanda, mas outra vez estou começando a me cansar de tanto banho disso e daquilo. Pai Tomás me pediu para tomar mais três banhos de hortelã para descarregar as energias negativas e firmar pedido para Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Por sorte ainda não me pediram nenhuma vela ou oferenda, mas já a mamãe teve que levar sua vela rosa de sete dias para firmar com o nome de "Wenda Hilar". Depois a banda virou e vieram os exus. Fui cumprimentada pelo Zé da Esquerda e depois conversei com uma Gira cujo nome não perguntei, mas nada me acrescentou de momento, uma vez que ela ficou de analisar meu caso e dar a resposta na próxima vez que ela descer em terra. Assim finalizou meu dia e por enquanto isso é tudo o que tenho para contar-te. Um abraço e até qualquer outra hora!”