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terça-feira, 7 de abril de 2009

o dia 07 nas sensações divinas

Ágape" relatou-me logo cedo que sonhara com um Irmão. Ela não soube dizer quem este era, mas acordou-se maravilhada com as sensações de algo que não lembrava: “Sonhei com um irmão muito querido, intimo e iluminado que me estreitava em seu colo. Um sentimento de irmandade, aconchego, ternura e bênçãos muito puro e maravilhoso. Não lembro do sonho em si e nem das feições deste irmão, mas foi tão especial quanto se estivesse abraçando e sendo consolada por nosso Irmão Maior. Seria meu anjo de guarda protetor, ou ‘Ameth’ como costumo chamá-lo? Não lembro nada, mas ainda posso sentir a sensação acima de todas as já experimentadas no plano terrestre. Alias, acho que aqui na Terra nunca sentirei nada do gênero. Em verdade, de uns dias para cá tenho tido muito, mas muito sono. Geralmente evito dormir durante o dia, mas já observei que quando durmo breves momentos durante este, geralmente depois do almoço, o sono não diminui durante a noite e, ao contrário disso, quando impeço os cochilos diurnos, tenho dificuldade de conciliar o sono à noite e fico mais revirando na cama do que imersa na normal letargia do espírito desprendido do corpo. É como se meu corpo aprontasse uma briga comigo mesma e se não adormeço quando ele pede, depois ele dificulta quando quero ou julgo ser o momento adequado para dormir. E o mais interessante tem sido as nítidas sensações de ter tido maravilhosos sonhos que de nada lembro além das boas impressões sinestésicas que permanecem durante bom tempo mesmo depois de desperta. Ontem, antes de dormir, ocorreu-me algo esquisito. Eu estava sentindo-me estranha como se fosse morrer. Uma sensação real de morte me acometeu, não por qualquer dor física, mas por uma leveza interior que é difícil explicar. Cheguei a sentir meu corpo físico um pouco mórbido e ansioso, como se eu pudesse experimentar aquela ponta de certeza de alguém prestes a passar para o outro lado da vida. Dizem que as pessoas pressentem isso e, embora fosse uma sensação bastante leve perante a que realmente deve suceder nos últimos instantes de vida, eu realmente comecei a pensar na possibilidade de que tal noite fosse a ultima. Claro que eu não acreditava a sério que ia morrer, mas pensar na possibilidade disso e ter a sensação da leveza da morte me fez dormir serena como uma doce criança embalada em braços maternos. Viver aqui na Terra é bom em vista do bem que podemos exercitar, dos aprendizados que colhemos com as dores da resignação e das experiências difíceis que faz-nos provar nossa fé, mas com toda convicção, nada aqui se compara a real vida que existe nas paisagens do além onde o amor vivifica livremente como inesgotável fonte de vitalidade! Quando sinto isso dentro de mim por estar com os pés aqui e a cabeça com o coração no além, ou principalmente quando acordo com tão boas sensações de paz amorosa, todo meu ser fica mergulhado numa certeza de que nada neste mundo tem mais valor do que o amor puro e que não estou tão distante deste quanto por vezes julgo por causa do desventurado jeito tímido e mesquinho de ser...” Realmente "Ágape" estava maravilhada ao relatar-me sobre isso e seus olhos brilhavam de alegria.
Pouco depois de tomar o café da manhã, “Graúda” telefonou para “Belalú” e junto destas "Ágape" foi até a fabrica de arroz Rezende no bairro Tibery para buscarem arroz quebrado e feijão bandinha. Estes saiam praticamente por
menos da metade do preço, apenas por não serem comercializados, uma vez que o produto é considerado (pela maioria da população) um restolho. Para as três, o que contava além do preço tão em conta era a delicia de um arroz picadinho que depois de pronto ficava tão mimoso! Além do mais, para elas o importante está no sabor (que é o mesmo) e não o tamanho. Tudo era arroz e não fazia diferença ser inteiro ou quebrado. “Belalú” dera uma ótima informação falando sobre seu costume de só comprar arroz direto na fábrica. A principio ela pareceu constrangida, mas depois verificou que simplicidade não é puramente sinônimo de pobreza. Se as condições financeiras dela só lhe permitiam um arroz de tal tipo, para "Ágape" e “Graúda” era a simplicidade que ia além das condições razoáveis para se comprar qualquer tipo de arroz. "Ágape" voltou para casa com um pacote de cinco quilos de arroz sobre a cabeça, parando todos os olhares pelas ruas afora. (“Que povo bobo!” – dizia ela ao ver a admiração dos outros – “Será que nunca viram uma baiana, cigana ou indiana na televisão carregando água ou qualquer outra coisa na cabeça?”) “Graúda” carregava mais cinco quilos e “Belalú” comprara dez, dizendo já estar super acostumada a carregar peso. Fiquei arrepiada quando escutei a citação final de "Ágape" sobre o assunto: “Acho maravilhoso ter condição familiar para desfrutar uma vida sofisticada e, no entanto, ser a mais grata e feliz das criaturas apenas por existir e ser tão simples quanto uma flor do campo que não precisa de nada além do amor divino para enfeitar o mundo e perfumar o caminho alheio. Sou a mais grata e feliz das criaturas porque Papai do Céu é minha companhia e nada mais me falta. Mesmo que eu possa ter o mundo todo aos meus pés, eu renego tudo para olhar o céu e agradecer eternamente pelo que sou. Sou pequena para ser grande e sou grande para ser ainda maior e ajudar os outros a crescerem também!...” E foi assim que outro dia se foi.

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