“Olá ‘Pessoal do mundo todo’! Querido ‘Mateus’! Eu compreendo os seus sentimentos de por vezes sentir-se injuriado nos percalços da vida. Não pense nas coisas que não se fazem possíveis aos seus desejos. Deixe a vida mansamente conduzir-te e realizar seus sonhos mais profundos, pois é isso que acontece quando nela confiamos de coração inteiro. Ainda ontem mamãe estava conversando com minha irmã e ela contou que tem sentindo sua vida uma droga, pois não consegue ver vantagem e utilidade na vida domestica e nas lides de ser mãe, confessando inclusive que a ‘Wenda Hilar’ tem sido mais uma estorva em sua vida do que uma fonte de prazer e alegria conforme outrora sonhara. Ela tem reclamado constantemente que na teoria imaginava exatamente o contrario do que agora tem enfrentado na situação de deixar os almejos de uma carreira profissional de lado para a prática de ser mãe. A beleza imaginada virou o desgaste não suposto. Mesmo indo à psicóloga e tendo arrumado compromisso para a filha o dia todo (ela vai cedo para a natação e o próprio pessoal da escola a busca para o almoço e a aula posterior), ela está tendo vários momentos de melancolia e impaciência, pois, traduzindo suas reclamações em palavras que embasam minha opinião, ela sempre foi preconceituosa e inflexível perante mulheres conformadas com a vida domestica ou apenas comprometidas com o serviço maternal. Eu sempre fui o primeiro alvo desse preconceito e relembro cada vez que ela me chamou de vagabunda pelo mero fato de meu coração não ter o ímpeto de buscar um trabalho fora de casa. Agora ela está mordendo na própria língua e tendo de engolir a saliva amarga de seu veneno. Nunca me magoou o julgamento dela em me achar uma vagabunda, pois não baseio meus sentimentos na conceituação dos outros sobre mim, mas nunca foi fácil saber sair ilesa dos conflitos familiares em que ela queria impor na minha vida as suas regras inflexíveis. Nós devemos corresponder com as perspectivas da vida sem querer fazer dela um castelo de caprichos embalados de normas. A vida é diferente para cada pessoa e cada um tem seus sentimentos para saber tomar decisões, sejam elas boas ou ruins. O julgamento, as criticas e a imposição de valores na vida alheia recaem cedo ou tarde sobre nós mesmos. Pagamos pela nossa língua, pelas nossas mãos; somos cobrados pelo que falamos, pelo que fazemos e ainda mais: até pelo que pensamos. Essas reflexões que estou escrevendo aqui não é com o pretexto de vangloriar-me diante de tudo o que já senti e sofri por trás da postura rígida de ser da minha irmã, mas sim com a intenção de instalar mais forte em mim os aprendizados que a serenidade, a paciência e a flexibilidade me fazem experimentar. Não me conforta vê-la sofrendo, mas me inspira vê-la passando pelos benefícios que só colhemos dessa forma: encarando nossos defeitos e trabalhando-os em nós mesmos.
Nós temos certas formas de idéias, as chamadas ilusões, que fazem com que nós façamos um serie de coisas, sem realmente pensarmos e analisarmos o porquê daquilo. Temos mania de acreditar em uma série de coisas, que na prática não funcionam, dão errado para nós. Sendo assim, o primeiro passo para mudar é aceitar que temos ilusões. As coisas são boas quando estão dando um resultado positivo na nossa vida. Estas idéias positivas (que não seriam ilusões) devem ser preservadas, porque são funcionais. Um conceito não é bom (positivo) porque tem uma ‘cara boa’, mas porque funciona de maneira positiva na nossa vida e precisamos saber que isso é pessoal, algo que apenas a própria pessoa pode qualificar. Aonde não criamos ilusão, não existe desilusão. O orgulho, um sentimento tão falado, é um grande armazenador das nossas ilusões. Já ouvi muito dizer que o orgulho cega. Ele cega porque é uma ilusão, ele é um sentimento que não nos deixa ver e sentir com clareza. O orgulho é um estado gerado pelas nossas ilusões. Quando estamos enxergando uma situação ou pessoa através das nossas ilusões, vemos e agimos de maneira deformada, porque a ação vem como resultado daquilo que enxergamos, entendemos e sofremos. Não podemos julgar o mundo e a vida dos outros pela nossa visão deformada. Muitas das nossas ilusões nem somos capazes de percebê-las desta forma e inclusive rotulamos de ‘verdades da vida’. Humildade não é se diminuir, fazendo uma espécie de teatro para os outros. Não é nada disso, porque ninguém é menos. Ser humilde é estar na realidade, na verdade. E, todo sucesso que tivermos na vida, vem da humildade. Todo orgulho é pretensão, uma grande ilusão. Todas as nossas pretensões (quero ser isso ou aquilo, rejeitando o que é e o que tem agora) vão gerar frustrações. E, todas as nossas frustrações vieram de alguma pretensão. A pretensão usa para se comunicar conosco termos como: ‘tem que’, ‘deve’ ou ‘deveria’. Enfim, tudo que é forçado. O ‘deve’, por exemplo, é ilusório. O ‘deve’ depende se você ‘quer’ e/ou ‘pode’. E, o grande perigo em adotar este tipo de comportamento é que nós ignoramos a nossa verdade, a nossa realidade. E de tal modo estamos nos auto-rejeitando, nos auto-ignorando e autodesprezando. Muitas vezes tememos tanto a rejeição do outro e não percebemos que fazemos isso constantemente conosco mesmo. Quando aprendemos a lidar com a nossa pretensão, a auto-estima melhora, porque começamos a deixar fluir uma outra pessoa que está meio amarrada dentro de nós. E quem mostra que existe uma parte de nós ‘amarrada’ é a nossa insatisfação. Tudo aquilo que ignoramos sobre a nossa realidade, é pretensão. É bom descobrir que temos valores simplesmente porque somos únicos. É daí que aprendemos a nos aceitar, pois nenhuma aceitação alheia tem mais valor no intimo de nosso ser.
Minha irmã comentou com mamãe o seguinte termo: ‘a vida tem me dobrado’. Realmente a vida é mestra nisso e quem não se curva perante ela acaba sendo quebrado em caquinhos. Tem um ditado popular que diz: ‘Seja flexível como o bambu, que quando o vento bate cede, e não rígido como o carvalho, que quando o vento bate quebra’. As nossas idéias e crenças dirigem nossa vida. São elas que dão o enfoque nas coisas e pessoas. No entanto existe uma série de enfoques que podem nos levar na direção errada. Os mais comuns são: foco no problema, no passado e no futuro. Quanto mais mantemos o foco no problema, mais longe mantemos de nós as soluções. O nosso enfoque tem que ser na solução e não no problema. Lembremos que tudo que damos importância vai aumentar. Toda vez que nos prendemos com nostalgia ao passado, estamos dizendo para nós mesmo que a ‘felicidade’ estava lá e não aqui, agora. Automaticamente dizemos a nós mesmos que a felicidade ‘já foi’. O que isto faz conosco? Cria angústia, porque se a ‘verdadeira’ felicidade estava lá naquela época, ela não se repetirá, isso significa que nós não teremos mais oportunidade de ser feliz, a não ser que permaneçamos naquela época. Já o foco no futuro é baseado na expressão: ‘Quando...’. Este tipo de comportamento é o responsável pela ansiedade, pelos medos e pelo pensamento catastrófico. Enquanto insistirmos em manter este enfoque na nossa vida, vamos permanecer parados. Este tipo de conduta faz com que ensaiemos a vida, mas não vivamo-la.O problema do enfoque ‘errado’ é ficar preso a uma única visão, um modelo, um passado, uma fase da nossa vida e/ou um único ponto de vista, e tudo que for diferente daquilo é visto como ‘ruim’. O ‘erro’ está em nós ou na nossa vida quando, na verdade, o que está ‘errado’ é o nosso enfoque. Não devemos ficar presos em um único ponto de vista, uma época da nossa vida. Ela é apenas o que a própria palavra diz: uma época, uma fase, e não a própria vida. A nossa vida já teve, tem e terá muitas fases.
As mudanças exigem de nós muita flexibilidade: durante as mudanças o velho e o novo convivem, o que cria confusão, instabilidades, novas prioridades, desestruturação. Quem já fez uma reforma em sua casa morando dentro dela sabe o que é isso. O estado de transição entre o velho que está indo embora e o novo que ainda não chegou costuma ser bastante perturbador. Nestes momentos a rigidez pode ser a nossa característica mais prejudicial. Ceder para vencer é o conceito no judô. Esse conceito surgiu da observação da neve caindo nas arvores. Um sábio observou que a neve que caia nas árvores, ia se acumulando nos galhos rígidos até que o peso quebrasse o mesmo. Por outro lado, ele percebeu que isto não acontecia com todas as árvores, havia espécies onde a neve se acumulava nos galhos, porém, por serem eles flexíveis, quando a neve pesava, eles se curvavam, a neve caia, e eles voltavam inteiros ao lugar. Também existe um provérbio chinês que diz: ‘Quando o vento sopra o bambu cede’. Ele nunca resiste; cede, dobra-se acompanhando o fluir natural do vento sem nunca se quebrar. O vento representa o ruim da vida, as más notícias, as rejeições, os relacionamentos casuais e vazios, os acontecimentos desagradáveis, as agressões externas, os problemas do cotidiano, enfim, toda forma de ação ou informação, e que de uma forma ou de outra, possam nos afetar e machucar. O bambu por sua vez, está associado à idéia da flexibilidade. Ser funcional e sábio é ampliar o modo de agir, pensar e ser. Quanto mais enfoques diferentes nós somos capazes de adotar, sem permanecer em padrões rígidos, mais nos tornamos perceptivo, pois então, percebemos a nós mesmos. Só sentimos aquilo que é percebido por nós e ampliar essa relatividade de percepção, tornando-a inclusive positiva, é um segredo de vida e maturidade pessoal.
Ainda pensando na postura de minha irmã, percebo que ao sermos extremamente autoritários conosco mesmo, nos exigindo o tempo todo, acabamos indo para um ‘outro lado’ indesejável? É claro que para não sermos negligente, pensamos que temos de ser firme e autoritário conosco mesmo. Porém, é o nosso autoritarismo que cria nosso lado largado. O autoritarismo precede a nossa falta de compromisso e consideração conosco mesmo. Disciplina não deve ser associada com a obediência que vem do mando e da servidão. Exatamente o contrario disso, disciplina deve ser encarada como a inteligência a serviço de um ganho. Disciplina tem a ver com energia. Um gasto a favor de uma ação. Tudo que é inteligência na ação, para fazer, para obter. A disciplina envolve a adoção de métodos. Ter um método é facilitar alguma coisa. E os métodos são mutáveis, porque sempre existem outras formas de se fazer e/ou obter alguma coisa. O método e a disciplina são formas melhores e mais fáceis de fazermos as coisas, de nos aperfeiçoarmos. O problema é que quando alguma coisa não vai bem na nossa vida, quando não estamos conseguindo ter resultados positivos com alguma situação externa, ou conosco mesmo, nos condenamos e culpamos além de nos encher de ‘deverias’. ‘Eu deveria isso, aquilo...’. Quer dizer que não nos permitimos olhar para nós mesmo, nos entender, conhecer e compreender as nossas condições. É daí que nascem a mentira, a defesa e a revolta que temos com relação a nós mesmo. Tudo isso nasce da nossa rigidez. Muito da nossa indisciplina, da nossa vontade de ‘largar’ as coisas, vem exatamente da nossa visão. É esta visão que faz com que tenhamos a falsa idéia de que ser autoritário conosco é a única maneira de nos fazer andar. Ser autoritário não é o que vai fazer nós mesmos, os outros ou as coisas em si andarem. A motivação surge através de uma visão diferente, adotar um ponto de vista que nos liberte. Quando ficamos livres, automaticamente ficamos leves e nossa motivação aumenta. Um pouco de compreensão pode render resultados positivos muito mais rápidos do que anos de autoritarismo e mando. É nessa compreensão que Papai do Céu faz-nos viver, aprender e evoluir.
Recapitulando: estou constantemente aprendendo a ser mais flexível, não ter conceitos e regras fixas, não impor minhas vontades sobre a vida como se eu fosse mais poderosa que ela, não me preocupar diante do que ainda não consigo desvendar, mudar ou consertar, não me entristecer perante as coisas, situações e pessoas que me são desagradáveis, não me irritar perante o que ainda não consigo ser ou fazer, etc. Quando vemos a vida como uma ‘mar de rosas’, ela assim passa a ser... Alias, falando em mar, tenho sonhado muito com locais bonitos e por duas ou três vezes sonhei que estava nadando e mergulhando nas ondas do mar. Se não me falha a memória, num dos sonhos eu estava numa profundidade em que meus pés não tocavam a areia e sentia-se bem como uma sereia. Talvez fosse um mergulho em alto mar, mas as lembranças conscientes são mínimas e guardo apenas sensações oníricas. Realmente isso me é estranho, pois a tendência sempre foi sonhar muito mais com piscina e parece que agora os sonhos de mar e praia tem sido mais freqüentes. Outro detalhe: neles eu me encontro sempre (até o então da minha lembranças) dentro da água e não apenas contemplando-a como na maioria dos sonhos de piscina. O que isso pode significar?
Continuando quero aproveitar a oportunidade para falar-te um pouco de um livro que li chamado Voltei[i]. Achei legal saber que no plano espiritual também recitam o salmo 23, o qual tenho de cabeça. Diverti-me imaginando a cena descrita de que os pássaros em verdade eram crianças. Diz o livro que a volitação depende muito da condição evolutiva de cada espírito e que, por mais que tentem os mensageiros espirituais descrever a grandeza das demonstrações da alma eterna aos ouvidos do homem que se demora no mundo, jamais encontrarão recursos com que expressem a realidade. Fiquei também a imaginar como devem ser maravilhosas as publicações e as artes gráficas dos mundos superiores, com material luminoso e gravuras que parecem animadas e vivas. Aprovo a idéia de que a Terra modificar-se-á muito quando o homem compreender a grandeza da vida e a retidão da justiça, orientando-se invariavelmente para o Bem supremo. Alias, acho que o mundo já seria muito melhor se todos tivessem consciência de que a mente possui incalculável poder sobre o nosso campo emotivo e, assim como pode materializar idéias de doença, também deve criar idéias de saúde e mantê-las. Assim se deve fazer com relação a quaisquer idéias, baseando-se nessa convicção e decifrando os problemas a nosso beneficio, mentalizando o equilíbrio, a esperança, a alegria e o trabalho. Devemos amar sem paixão, esperar sem angustia, trabalhar sem expectativas de recompensa, servir a todos sem perguntar, aprender as lições da vida sem revolta, humilharmos sem ruído ante os desígnios superiores, renunciar aos nossos próprios desejos, sem lagrimas tempestuosas, e a vontade justa e compassiva do Pai iluminar-nos-á constantemente o coração fraterno e o caminho redentor. Devemos orar, vigiar e movimentarmos no esforço digno e sermos feliz, pois a nossa luz cresce com a dilatação de nosso devotamento ao bem infinito. O espírito vale pelas expressões divinas que pode traduzir no próprio caminho, porque o Cristo atende a criatura, através da própria criatura. Eis o que mais me agradou da leitura desse simples livro que também relata um retorno à pátria espiritual. Por momento isso é tudo. Abraços, beijos e muita luz!”
[i] XAVIER, Francisco Cândido. (Irmão Jacob). Voltei. 18ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997.
Nós temos certas formas de idéias, as chamadas ilusões, que fazem com que nós façamos um serie de coisas, sem realmente pensarmos e analisarmos o porquê daquilo. Temos mania de acreditar em uma série de coisas, que na prática não funcionam, dão errado para nós. Sendo assim, o primeiro passo para mudar é aceitar que temos ilusões. As coisas são boas quando estão dando um resultado positivo na nossa vida. Estas idéias positivas (que não seriam ilusões) devem ser preservadas, porque são funcionais. Um conceito não é bom (positivo) porque tem uma ‘cara boa’, mas porque funciona de maneira positiva na nossa vida e precisamos saber que isso é pessoal, algo que apenas a própria pessoa pode qualificar. Aonde não criamos ilusão, não existe desilusão. O orgulho, um sentimento tão falado, é um grande armazenador das nossas ilusões. Já ouvi muito dizer que o orgulho cega. Ele cega porque é uma ilusão, ele é um sentimento que não nos deixa ver e sentir com clareza. O orgulho é um estado gerado pelas nossas ilusões. Quando estamos enxergando uma situação ou pessoa através das nossas ilusões, vemos e agimos de maneira deformada, porque a ação vem como resultado daquilo que enxergamos, entendemos e sofremos. Não podemos julgar o mundo e a vida dos outros pela nossa visão deformada. Muitas das nossas ilusões nem somos capazes de percebê-las desta forma e inclusive rotulamos de ‘verdades da vida’. Humildade não é se diminuir, fazendo uma espécie de teatro para os outros. Não é nada disso, porque ninguém é menos. Ser humilde é estar na realidade, na verdade. E, todo sucesso que tivermos na vida, vem da humildade. Todo orgulho é pretensão, uma grande ilusão. Todas as nossas pretensões (quero ser isso ou aquilo, rejeitando o que é e o que tem agora) vão gerar frustrações. E, todas as nossas frustrações vieram de alguma pretensão. A pretensão usa para se comunicar conosco termos como: ‘tem que’, ‘deve’ ou ‘deveria’. Enfim, tudo que é forçado. O ‘deve’, por exemplo, é ilusório. O ‘deve’ depende se você ‘quer’ e/ou ‘pode’. E, o grande perigo em adotar este tipo de comportamento é que nós ignoramos a nossa verdade, a nossa realidade. E de tal modo estamos nos auto-rejeitando, nos auto-ignorando e autodesprezando. Muitas vezes tememos tanto a rejeição do outro e não percebemos que fazemos isso constantemente conosco mesmo. Quando aprendemos a lidar com a nossa pretensão, a auto-estima melhora, porque começamos a deixar fluir uma outra pessoa que está meio amarrada dentro de nós. E quem mostra que existe uma parte de nós ‘amarrada’ é a nossa insatisfação. Tudo aquilo que ignoramos sobre a nossa realidade, é pretensão. É bom descobrir que temos valores simplesmente porque somos únicos. É daí que aprendemos a nos aceitar, pois nenhuma aceitação alheia tem mais valor no intimo de nosso ser.
Minha irmã comentou com mamãe o seguinte termo: ‘a vida tem me dobrado’. Realmente a vida é mestra nisso e quem não se curva perante ela acaba sendo quebrado em caquinhos. Tem um ditado popular que diz: ‘Seja flexível como o bambu, que quando o vento bate cede, e não rígido como o carvalho, que quando o vento bate quebra’. As nossas idéias e crenças dirigem nossa vida. São elas que dão o enfoque nas coisas e pessoas. No entanto existe uma série de enfoques que podem nos levar na direção errada. Os mais comuns são: foco no problema, no passado e no futuro. Quanto mais mantemos o foco no problema, mais longe mantemos de nós as soluções. O nosso enfoque tem que ser na solução e não no problema. Lembremos que tudo que damos importância vai aumentar. Toda vez que nos prendemos com nostalgia ao passado, estamos dizendo para nós mesmo que a ‘felicidade’ estava lá e não aqui, agora. Automaticamente dizemos a nós mesmos que a felicidade ‘já foi’. O que isto faz conosco? Cria angústia, porque se a ‘verdadeira’ felicidade estava lá naquela época, ela não se repetirá, isso significa que nós não teremos mais oportunidade de ser feliz, a não ser que permaneçamos naquela época. Já o foco no futuro é baseado na expressão: ‘Quando...’. Este tipo de comportamento é o responsável pela ansiedade, pelos medos e pelo pensamento catastrófico. Enquanto insistirmos em manter este enfoque na nossa vida, vamos permanecer parados. Este tipo de conduta faz com que ensaiemos a vida, mas não vivamo-la.O problema do enfoque ‘errado’ é ficar preso a uma única visão, um modelo, um passado, uma fase da nossa vida e/ou um único ponto de vista, e tudo que for diferente daquilo é visto como ‘ruim’. O ‘erro’ está em nós ou na nossa vida quando, na verdade, o que está ‘errado’ é o nosso enfoque. Não devemos ficar presos em um único ponto de vista, uma época da nossa vida. Ela é apenas o que a própria palavra diz: uma época, uma fase, e não a própria vida. A nossa vida já teve, tem e terá muitas fases.
As mudanças exigem de nós muita flexibilidade: durante as mudanças o velho e o novo convivem, o que cria confusão, instabilidades, novas prioridades, desestruturação. Quem já fez uma reforma em sua casa morando dentro dela sabe o que é isso. O estado de transição entre o velho que está indo embora e o novo que ainda não chegou costuma ser bastante perturbador. Nestes momentos a rigidez pode ser a nossa característica mais prejudicial. Ceder para vencer é o conceito no judô. Esse conceito surgiu da observação da neve caindo nas arvores. Um sábio observou que a neve que caia nas árvores, ia se acumulando nos galhos rígidos até que o peso quebrasse o mesmo. Por outro lado, ele percebeu que isto não acontecia com todas as árvores, havia espécies onde a neve se acumulava nos galhos, porém, por serem eles flexíveis, quando a neve pesava, eles se curvavam, a neve caia, e eles voltavam inteiros ao lugar. Também existe um provérbio chinês que diz: ‘Quando o vento sopra o bambu cede’. Ele nunca resiste; cede, dobra-se acompanhando o fluir natural do vento sem nunca se quebrar. O vento representa o ruim da vida, as más notícias, as rejeições, os relacionamentos casuais e vazios, os acontecimentos desagradáveis, as agressões externas, os problemas do cotidiano, enfim, toda forma de ação ou informação, e que de uma forma ou de outra, possam nos afetar e machucar. O bambu por sua vez, está associado à idéia da flexibilidade. Ser funcional e sábio é ampliar o modo de agir, pensar e ser. Quanto mais enfoques diferentes nós somos capazes de adotar, sem permanecer em padrões rígidos, mais nos tornamos perceptivo, pois então, percebemos a nós mesmos. Só sentimos aquilo que é percebido por nós e ampliar essa relatividade de percepção, tornando-a inclusive positiva, é um segredo de vida e maturidade pessoal.
Ainda pensando na postura de minha irmã, percebo que ao sermos extremamente autoritários conosco mesmo, nos exigindo o tempo todo, acabamos indo para um ‘outro lado’ indesejável? É claro que para não sermos negligente, pensamos que temos de ser firme e autoritário conosco mesmo. Porém, é o nosso autoritarismo que cria nosso lado largado. O autoritarismo precede a nossa falta de compromisso e consideração conosco mesmo. Disciplina não deve ser associada com a obediência que vem do mando e da servidão. Exatamente o contrario disso, disciplina deve ser encarada como a inteligência a serviço de um ganho. Disciplina tem a ver com energia. Um gasto a favor de uma ação. Tudo que é inteligência na ação, para fazer, para obter. A disciplina envolve a adoção de métodos. Ter um método é facilitar alguma coisa. E os métodos são mutáveis, porque sempre existem outras formas de se fazer e/ou obter alguma coisa. O método e a disciplina são formas melhores e mais fáceis de fazermos as coisas, de nos aperfeiçoarmos. O problema é que quando alguma coisa não vai bem na nossa vida, quando não estamos conseguindo ter resultados positivos com alguma situação externa, ou conosco mesmo, nos condenamos e culpamos além de nos encher de ‘deverias’. ‘Eu deveria isso, aquilo...’. Quer dizer que não nos permitimos olhar para nós mesmo, nos entender, conhecer e compreender as nossas condições. É daí que nascem a mentira, a defesa e a revolta que temos com relação a nós mesmo. Tudo isso nasce da nossa rigidez. Muito da nossa indisciplina, da nossa vontade de ‘largar’ as coisas, vem exatamente da nossa visão. É esta visão que faz com que tenhamos a falsa idéia de que ser autoritário conosco é a única maneira de nos fazer andar. Ser autoritário não é o que vai fazer nós mesmos, os outros ou as coisas em si andarem. A motivação surge através de uma visão diferente, adotar um ponto de vista que nos liberte. Quando ficamos livres, automaticamente ficamos leves e nossa motivação aumenta. Um pouco de compreensão pode render resultados positivos muito mais rápidos do que anos de autoritarismo e mando. É nessa compreensão que Papai do Céu faz-nos viver, aprender e evoluir.
Recapitulando: estou constantemente aprendendo a ser mais flexível, não ter conceitos e regras fixas, não impor minhas vontades sobre a vida como se eu fosse mais poderosa que ela, não me preocupar diante do que ainda não consigo desvendar, mudar ou consertar, não me entristecer perante as coisas, situações e pessoas que me são desagradáveis, não me irritar perante o que ainda não consigo ser ou fazer, etc. Quando vemos a vida como uma ‘mar de rosas’, ela assim passa a ser... Alias, falando em mar, tenho sonhado muito com locais bonitos e por duas ou três vezes sonhei que estava nadando e mergulhando nas ondas do mar. Se não me falha a memória, num dos sonhos eu estava numa profundidade em que meus pés não tocavam a areia e sentia-se bem como uma sereia. Talvez fosse um mergulho em alto mar, mas as lembranças conscientes são mínimas e guardo apenas sensações oníricas. Realmente isso me é estranho, pois a tendência sempre foi sonhar muito mais com piscina e parece que agora os sonhos de mar e praia tem sido mais freqüentes. Outro detalhe: neles eu me encontro sempre (até o então da minha lembranças) dentro da água e não apenas contemplando-a como na maioria dos sonhos de piscina. O que isso pode significar?
Continuando quero aproveitar a oportunidade para falar-te um pouco de um livro que li chamado Voltei[i]. Achei legal saber que no plano espiritual também recitam o salmo 23, o qual tenho de cabeça. Diverti-me imaginando a cena descrita de que os pássaros em verdade eram crianças. Diz o livro que a volitação depende muito da condição evolutiva de cada espírito e que, por mais que tentem os mensageiros espirituais descrever a grandeza das demonstrações da alma eterna aos ouvidos do homem que se demora no mundo, jamais encontrarão recursos com que expressem a realidade. Fiquei também a imaginar como devem ser maravilhosas as publicações e as artes gráficas dos mundos superiores, com material luminoso e gravuras que parecem animadas e vivas. Aprovo a idéia de que a Terra modificar-se-á muito quando o homem compreender a grandeza da vida e a retidão da justiça, orientando-se invariavelmente para o Bem supremo. Alias, acho que o mundo já seria muito melhor se todos tivessem consciência de que a mente possui incalculável poder sobre o nosso campo emotivo e, assim como pode materializar idéias de doença, também deve criar idéias de saúde e mantê-las. Assim se deve fazer com relação a quaisquer idéias, baseando-se nessa convicção e decifrando os problemas a nosso beneficio, mentalizando o equilíbrio, a esperança, a alegria e o trabalho. Devemos amar sem paixão, esperar sem angustia, trabalhar sem expectativas de recompensa, servir a todos sem perguntar, aprender as lições da vida sem revolta, humilharmos sem ruído ante os desígnios superiores, renunciar aos nossos próprios desejos, sem lagrimas tempestuosas, e a vontade justa e compassiva do Pai iluminar-nos-á constantemente o coração fraterno e o caminho redentor. Devemos orar, vigiar e movimentarmos no esforço digno e sermos feliz, pois a nossa luz cresce com a dilatação de nosso devotamento ao bem infinito. O espírito vale pelas expressões divinas que pode traduzir no próprio caminho, porque o Cristo atende a criatura, através da própria criatura. Eis o que mais me agradou da leitura desse simples livro que também relata um retorno à pátria espiritual. Por momento isso é tudo. Abraços, beijos e muita luz!”
[i] XAVIER, Francisco Cândido. (Irmão Jacob). Voltei. 18ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997.
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