Ágape" teve um dia tranqüilo com um final desagradável. Durante a manhã ela foi com “Belalú” buscar água de mina na bica próxima da Avenida Rondon Pacheco. Oito horas da manhã, conforme combinado, "Ágape" estava chegando na casa de “Belalú”. Tal caminhada não era tanto pela água em si, mas para poder se distrair na companhia de sua amiga, a única mais presente nos últimos dias e que, sem dúvida alguma na opinião de "Ágape", fazia parte da Realeza do Amor. No momento em que ambas estavam chegando na bica, havia um homem maltrapilho com um carrinho de quinquilharias lavando o rosto. O nariz dele estava sangrando e o vermelho vivo do liquido já havia sujado o passeio e a calçada ao redor da queda d’água. “Belalú” um pouco receosa o aconselhou a pedir gelo em algum bar para colocar no nariz e sem constrangimento algum, ele respondeu que havia cheirado muita cocaína no dia anterior. Constatar aquela realidade tão digna de clemência era algo deprimente para "Ágape" e somente depois de uma breve prece que seu coração sentiu-se melhor. Na volta ela acabou passando novamente na casa de “Belalú”, pois esta quis lhe dar três blusas e duas calças que havia ganhado e não lhe haviam servido. Por fim "Ágape" ganhou até uma sandália de salto alto. Embora as peças fossem usadas, "Ágape" se sentia mais feliz do que se fossem novas, pois tinha plena certeza de que lhe fora dado de coração. Além do mais, "Ágape" realmente adorava ganhar coisas já usadas, o que garantia seu gênero de aproveitadora. Uma das blusas ela teve de reformar, pois estava faltando um dos botões da frente. Retirando os demais botões, "Ágape" passou uma costura colocando três babados e refez o franzido da gola que estava frouxo. "Ágape" sempre aprovou seu senso de criatividade e outra vez gostou do resultado de suas habilidades na costura. No dia anterior ela cortara um cacho de banana no quintal e dissera alegremente para sua mãe enquanto fazia o serviço: “Você estava duvidando que eu daria conta, pois aí está. Posso não ter a força física de um homem, mas tenho a criatividade valiosa de uma alma feminina”. Foi assim que "Ágape" fez para cortar o alto cacho de banana: cortou vagarosamente o tronco da bananeira enquanto este ia apoiando-se na escada aberta, de modo que o cacho em si desceu até a altura exata para se retirar às pencas de banana.
Enquanto aguardava sua mãe chegar da chácara para almoçarem juntas, "Ágape" leu no evangelho a lição que saiu ao acaso falando sobre indulgência. Assim ela fez um pequeno rascunho com algumas idéias que lhe veio em mente na hora: “Deus nos preenche conforme nos esvaziamos. Para esvaziar é preciso passar adiante. Papai do Céu quer nos dar abundancia de vida, saúde, paz e alegria, mas só pode fazer isso se assim nós merecermos. Nosso merecimento depende do que passamos adiante. Deus só pode dar amor a quem distribui indulgência, paciência, tolerância, afeto, perdão, etc. Deus só pode dar prosperidade a quem concede paz, retidão moral e caridade material. Ele retribui em termos espirituais, ou seja, ele devolve-nos os sentimentos que causamos nos outros com nossos atos e palavras. É dando que se recebe, já ensinava Francisco de Assis”.
Depois de almoçar, "Ágape" fez o segundo dia de sua novena da Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Em seqüência ela foi ao parque fazer sua corrida e por lá aconteceu um episodio estranho e desagradável. Já estava no final da volta quando uma senhora de meia-idade, acompanhada de um senhor, gritou com ela duas vezes perguntando se ela sabia que correr não adiantava nada. "Ágape" já havia passado por ela quando foi refeita a pergunta pela segunda vez. Pensando que talvez fosse alguma vizinha ou pessoa conhecida, "Ágape" diminuiu o ritmo e retornou alguns passos na tentativa nula de identificar quem lhe chamara a atenção. Não era nenhuma conhecida, pelo contrário, era uma figura exótica e aparentemente arrogante. "Ágape" não entendeu qual era a dela em querer lhe dar uma aula esportiva. Seria a mulher uma professora (aposentada talvez) de educação física? Seria médica, aplicadora de yoga ou algo do gênero? Teria ela ficado com inveja ao ver "Ágape" correndo? Afinal, quem era aquela desconhecida que fizera questão de parar "Ágape" com duas perguntas gritadas no meio da caminhada, sem mais nem menos? "Ágape" desconcertada pensou em perguntar mil coisas que se passaram pela sua cabeça, mas sua maior vontade era desaparecer da frente daquela sujeita. Enquanto a mulher falava como se fosse a única pessoa a saber como fazer exercício físico, "Ágape" observou-a de perto: óculos de sol grande, o pescoço cheio de colares feitos com miçangas grandes, sendo cada um de um tipo e de uma cor, boné, cabelo loiro oxigenado em corte curto e até maquiagem. O corpo nada escultural para quem afirmava, cheia de sabedoria e pose, que andar era muito mais eficaz do que correr, demonstrava que na prática as suas palavras não tinham muito valor. Eficácia em que sentido ela quisera dizer? "Ágape" voltou para casa sem entender a situação embaraçosa que aquela mulher lhe fizera passar. Claramente "Ágape" gostava e até desejava fazer amizades e ser simpática com as pessoas em geral, mas o comum era sentir-se extremamente desconfortável perto das mesmas. Raras eram as pessoas com quem "Ágape" sentia tranqüilidade e bem-estar quando estava junto e mesmo assim, essa boa sensação era relativa de pessoa para pessoa. Muitas das vezes esse desagrado em estar perto dos outros não era apenas por falta de afinidade, mas por desconfiança e principalmente por um incomodo interior que nem ela mesma conseguia se explicar. De maneira geral ela achava as pessoas frias e totalmente desinteressantes. Tentando se livrar da cena desgastante que ficara em sua mente com o episódio do parque, "Ágape" resolveu tomar um banho de descarrego e cobrir com banho de açafrão. Assim ela preparou, como muitas vezes fizera, o seu banho de descarrego: folhas de café, mamona, comigo-ninguém-pode, fumo, guiné e sal grosso (ainda não usando a água de mina). Ela tomou o primeiro banho, rezou um pai-nosso e jogou o segundo. Aguardou cerca de três minutos para enxugar-se e nisso já começou a literalmente arrepiar e sentir seu corpo cobrir-se por inteiro de uma coceira desesperadora. Sem duvida seu banho de descarrego ficara muito forte. "Ágape" tentou permanecer com ele no corpo, mas foi impossível e mesmo enxaguando a pele por um bom tempo, a urticária permaneceu o resto da noite. Ela não soube me dizer se era uma reação alérgica ou se era algo espiritual em si. O estranho era o fato dela já ter tomado tais tipos de banho e nunca ter sentido nada do gênero. À parte dos ombros e peito chegou a ficar vermelha como uma pimenta malagueta madura. Por fim ela teve que espalhar álcool no corpo inteiro e passou quase toda à noite horrivelmente se pinicando. E, foi assim, entre bom e incomodante, que mais um dia se passou na vida de "Ágape".
Enquanto aguardava sua mãe chegar da chácara para almoçarem juntas, "Ágape" leu no evangelho a lição que saiu ao acaso falando sobre indulgência. Assim ela fez um pequeno rascunho com algumas idéias que lhe veio em mente na hora: “Deus nos preenche conforme nos esvaziamos. Para esvaziar é preciso passar adiante. Papai do Céu quer nos dar abundancia de vida, saúde, paz e alegria, mas só pode fazer isso se assim nós merecermos. Nosso merecimento depende do que passamos adiante. Deus só pode dar amor a quem distribui indulgência, paciência, tolerância, afeto, perdão, etc. Deus só pode dar prosperidade a quem concede paz, retidão moral e caridade material. Ele retribui em termos espirituais, ou seja, ele devolve-nos os sentimentos que causamos nos outros com nossos atos e palavras. É dando que se recebe, já ensinava Francisco de Assis”.
Depois de almoçar, "Ágape" fez o segundo dia de sua novena da Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Em seqüência ela foi ao parque fazer sua corrida e por lá aconteceu um episodio estranho e desagradável. Já estava no final da volta quando uma senhora de meia-idade, acompanhada de um senhor, gritou com ela duas vezes perguntando se ela sabia que correr não adiantava nada. "Ágape" já havia passado por ela quando foi refeita a pergunta pela segunda vez. Pensando que talvez fosse alguma vizinha ou pessoa conhecida, "Ágape" diminuiu o ritmo e retornou alguns passos na tentativa nula de identificar quem lhe chamara a atenção. Não era nenhuma conhecida, pelo contrário, era uma figura exótica e aparentemente arrogante. "Ágape" não entendeu qual era a dela em querer lhe dar uma aula esportiva. Seria a mulher uma professora (aposentada talvez) de educação física? Seria médica, aplicadora de yoga ou algo do gênero? Teria ela ficado com inveja ao ver "Ágape" correndo? Afinal, quem era aquela desconhecida que fizera questão de parar "Ágape" com duas perguntas gritadas no meio da caminhada, sem mais nem menos? "Ágape" desconcertada pensou em perguntar mil coisas que se passaram pela sua cabeça, mas sua maior vontade era desaparecer da frente daquela sujeita. Enquanto a mulher falava como se fosse a única pessoa a saber como fazer exercício físico, "Ágape" observou-a de perto: óculos de sol grande, o pescoço cheio de colares feitos com miçangas grandes, sendo cada um de um tipo e de uma cor, boné, cabelo loiro oxigenado em corte curto e até maquiagem. O corpo nada escultural para quem afirmava, cheia de sabedoria e pose, que andar era muito mais eficaz do que correr, demonstrava que na prática as suas palavras não tinham muito valor. Eficácia em que sentido ela quisera dizer? "Ágape" voltou para casa sem entender a situação embaraçosa que aquela mulher lhe fizera passar. Claramente "Ágape" gostava e até desejava fazer amizades e ser simpática com as pessoas em geral, mas o comum era sentir-se extremamente desconfortável perto das mesmas. Raras eram as pessoas com quem "Ágape" sentia tranqüilidade e bem-estar quando estava junto e mesmo assim, essa boa sensação era relativa de pessoa para pessoa. Muitas das vezes esse desagrado em estar perto dos outros não era apenas por falta de afinidade, mas por desconfiança e principalmente por um incomodo interior que nem ela mesma conseguia se explicar. De maneira geral ela achava as pessoas frias e totalmente desinteressantes. Tentando se livrar da cena desgastante que ficara em sua mente com o episódio do parque, "Ágape" resolveu tomar um banho de descarrego e cobrir com banho de açafrão. Assim ela preparou, como muitas vezes fizera, o seu banho de descarrego: folhas de café, mamona, comigo-ninguém-pode, fumo, guiné e sal grosso (ainda não usando a água de mina). Ela tomou o primeiro banho, rezou um pai-nosso e jogou o segundo. Aguardou cerca de três minutos para enxugar-se e nisso já começou a literalmente arrepiar e sentir seu corpo cobrir-se por inteiro de uma coceira desesperadora. Sem duvida seu banho de descarrego ficara muito forte. "Ágape" tentou permanecer com ele no corpo, mas foi impossível e mesmo enxaguando a pele por um bom tempo, a urticária permaneceu o resto da noite. Ela não soube me dizer se era uma reação alérgica ou se era algo espiritual em si. O estranho era o fato dela já ter tomado tais tipos de banho e nunca ter sentido nada do gênero. À parte dos ombros e peito chegou a ficar vermelha como uma pimenta malagueta madura. Por fim ela teve que espalhar álcool no corpo inteiro e passou quase toda à noite horrivelmente se pinicando. E, foi assim, entre bom e incomodante, que mais um dia se passou na vida de "Ágape".
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