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sexta-feira, 17 de abril de 2009

Ainda em tempos de ser auxiliar de biblioteca...

Exercício de visualização feito em 19/08/08:
Estou trabalhando numa
biblioteca. Passei num concurso público e estou amando a minha independência. É um acervo médio, cerca de trinta mil livros. As pessoas daqui são legais. A cidade chama-se Mateus Leme e parece mais um povoado de interior. Fica perto de Belo Horizonte. Eu trabalho colocando os livros na estante e atendo as pessoas ajudando a carimbar as fixas e dando referencia. É um trabalho bom, pois tudo aqui é calmo, não tenho que falar muito e por momentos consigo ler algo também. Tem uma sala ao lado com atividades recreativas (oficina de artes) para crianças, com dobraduras de papel, contos infantis e inclusive pintura. Às vezes eu ajudo e acho isso muito divertido. Também recebemos muitos adolescentes que buscam livro para o vestibular. É uma biblioteca pública e fica no centro da cidade. As pessoas são simples e estou morando aqui perto. Ficar no meio dos livros é como estar num conto mágico para mim e essa biblioteca é o meu castelo encantado. Sou fascinada por livros, pois sempre amei ler e meu maior sonho desde criança era ser escritora. Por enquanto estou morando de aluguel, mas andei olhando uns terrenos e com a ajuda de mamãe creio que em logo, bem logo terei um local de meu para morar, fazer o meu quintal e plantar minhas mudas de flores e hortaliça.
O melhor de trabalhar é poder sentir-me mais a vontade para ser eu mesma, já não me sinto envergonhada como uma desempregada e ademais, não tenho m
ais medo do dinheiro faltar. Sinto-me uma pessoa útil e sei que isso reflete no meu caráter religioso. Minha vida melhorou bastante e pretendo fazer uma terapia psicológica para livrar-me de vez de alguns pontos negativos que ainda me acompanham. Ah, eu ganhei uma viagem da minha irmã por ter passado no concurso. Foi uma premiação de incentivo, mas vou falar disso na próxima carta. Eu tive um treinamento nos primeiros dias de trabalho para aprender na pratica tudo o que envolve o mundo da biblioteca. Acho maravilhoso estar num local diferente, convivendo com pessoas novas, tendo autonomia de cuidar de minha própria vida sem interferência externa. Agora me sinto uma pessoa humana de verdade, mesmo que ainda tenha meu jeito diferente de ser. Tirei um peso das costas com esse emprego e acho que voltei ao tempo uns dez anos de saúde e rejuvenescimento. O maior medo de minha vida foi suprimido, derrotado e sinto-me como se estivesse vendo o sol depois do um dilúvio bíblico de quarenta dias e quarenta noites. Até a minha timidez melhorou, pois agora não preciso ficar escapando do convívio por me sentir inferior, incapaz e com baixa auto-estima. Estando trabalhando eu sinto-me empolgada por poder controlar minhas finanças, fazer planos de médio e longo prazo com o dinheiro e sinto que sou outra pessoa quando posso contar com a estabilidade em minhas mãos. Posso dizer que estar trabalhando é o maior milagre de minha vida. Juro que foi por Deus, mas também não quero fazer nenhuma pregação religiosa. Eu estudei, chorei, lutei, sofri, mas consegui adentrar numa vida nova, muito diferente daquela rotina pessimista, vazia, solitária, artificiosa, pesada, culpada e atormentada que eu tinha em Uberlândia. Eu precisei tirar forças de onde não tinha e para tal acreditei que meu sonho era importante, útil e possível, não apenas para mim, mas para o mundo e para Deus.
A biblioteca em si é nova, bem arejada e estão chegando vários livros de recente lançamento. Na frente tem uma praça muito bonita com um jardim bem cuidado. Sempre que acordo eu agradeço pelo meu trabalho e a alegria de caminhar até ele contando com a oportunidade de passar entremeio o perfume de flores tão graciosas. Tem dias que tomo banho antes de ir para o trabalho e isso me faz sentir-me num mundo novo. Falando em perfume, adoro me sentir cheirosa, mesmo que para ficar ao redor dos livros. Pode parecer estranho, mas esperei muito tempo para ter uma oportunidade como esta de usar meus perfumes. Eu não via graça nem justificativa de passar perfume para ficar em casa, mas agora que estou trabalhando tudo mudou. Cada dia eu visto uma roupa diferente para mudar o
visual e nunca me senti tão leve no meio das outras pessoas. Trabalhando eu sinto que ninguém pode se meter na minha vida, dizer o que não desejo ouvir ou ficar me dando mil conselhos diferentes (o que endoida a cabeça de qualquer ser humano). Esse padrão de sensações ficou para trás e já não me sinto uma pessoa perdida no mundo. Trabalhar tem seus sacrifícios, mas sou feliz por acordar cedo, com o frescor da manha e saber que estou contribuindo para a intelectualidade do mundo. É bom lidar com algo que não demanda muita responsabilidade ou liderança e gosto da simplicidade de tudo o que desempenho e principalmente de meu jeitinho natural de ser. Ah, tem dias que toca (baixinho) musica clássica na biblioteca e sou muito favorável a esse conceito. Sobre meus relacionamentos e amizades também relatarei em outra carta. Por momento isso é tudo. Felicidade e gratidão são o que sinto e desejo eternamente.

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