1. Na hora do evento existe um “momentum” rápido em que o sujeito implementa e coloca em prática a escolha pessoal de uma nova atitude ou comportamento. Este momento é paradigmático e pessoal, pois o individuo deixa de repetir o passado e renasce em novas atitudes diante do mundo;
2. A Dinâmica da psiquê em processo e a partir de novas configurações gestálticas, formadas a partir de inumeráveis eventos, conduz o individuo a apresentar novas respostas diante dos acontecimentos que a realidade externa exige ou demanda. Este determinismo psíquico conduz o individuo no seu processo de maturação e também é resultante dos avanços que o sujeito implementa a partir dos acontecimentos e de suas respostas diante do mundo. Quando estamos diante de um sonho não podemos apenas pensar em mensagens do inconsciente para o sonhador. Estas são significativas, mas são apenas uma variável tão importante quanto outras que se mostram. Também é válido analisar o retrato da dinâmica que serve para um mecanismo de auto regulação sendo um determinador de novos impasses de mudanças.
Vejamos no sonho esse acontecimento: A psiquê confronta “Alra” produzindo um cenário em que a sua resposta é de generosidade, afetividade e de renúncia ao conforto pessoal. Para que isto ocorra ela abre mão de sua postura egocentrada, de defesa dos próprios interesses, do conforto pessoal, em prol do interesse coletivo, do respeito aos menos favorecidos, de doação aos que mais são exigidos. Isto significa deixar de olhar para o redor do umbigo e olhar para fora, ver o mundo e a necessidade dos que precisam mais, abrir mão de si em função do outro mais necessitado. Este foi o foco determinante para o homem sair do primitivismo e formar a base da sociedade humana, da civilização: uns protegendo os outros para sobreviver às vicissitudes dos perigos da vida. Este é o nascimento da solidariedade. E solidariedade só existe se as pessoas possuírem afetividade, generosidade, se conseguirem renunciar os interesses e o conforto pessoal. O sonho demonstra que, ao fazer a sua escolha, “Alra” cresce, amadurece como pessoa e enquanto mulher. E como isso aparece no sonho? A imagem da filha que acolhe no colo a mãe desfalecida. A imagem é arquetípica. Quando a Madona repousa no seu colo o filho divino do Espírito Santo e sofre calada o sacrifício do filho, ela vive a dramática negação do instinto de preservação da espécie.
Existe o apontamento de naturalidade dos filhos enterrar os pais, sendo uma tragédia os pais enterrar os filhos matando a esperança de continuidade da gênese na família. Isso seria anti natural como um fluxo ao inverso. Por isso, a tragédia da Mãe Divina comove a todos, pois é comum temermos essa dor de dar a vida, alimentar, educar, amar e “perder”. No sonho o fluxo natural é reencontrado. A filha repousa a mãe desfalecida no seu colo enquanto aguarda a hora sagrada de receber a graça divina da cura. Não há desespero, a calma prevalece, não há desequilíbrio, pois a aceitação se faz presente. O sonho mostra a bela atitude madura de quem confia e espera o tempo enquanto ora e clama em silêncio a graça divina. Poderia pensar que o sonho é compensatório, donde “Alra” estaria afastada desta realidade por conta de seu egoismo, mas a dinâmica indica que existe um processo de transformação ocorrendo. Um dos detalhes que me fez pensar nesta possibilidade é a atitude diferenciada e não reativa. Além disso, mesmo que “Alra” assuma o papel de filha-mãe cuidando da mãe-filha, não poderia dizer que é a filha que se faz de mãe, mas sim que a filha cuida da mãe como cuidaria dos filhos e do mesmo modo como foi cuidada. A imagem da mãe desfalecida no colo de “Alra” simboliza a graça de poder cuidar da mãe sem estar revoltada com os desígnios da própria vida. As mudanças afetivas se mostraram presentes no processo onírico.
Sobre a sétima lembrança, verifiquei que analisar os próprio sonhos é tarefa Hercúlea, ou seja, não é questão de sabedoria, informação ou inteligência. É se olhar no espelho e ter olhos capazes de se ver. Os sonhos possuem esses mecanismos de confronto, pois é a forma que a psiquê encontra para nos fazer reavaliar os conceitos, preconceitos, resistências, tendências, desejos, fantasias e dificuldades. Calçar os pés, protegendo-os ou escondendo seu simbolismo fálico, pode ser evidência de que, à medida que esconde seus desejos, eles reaparecem em forma de homossexualidade, ou seja, “Alra feminiliza seu masculino ou masculiniza seu feminino. Em sonhos anteriores essa erotização homossexual já aparecera em jogos sexuais femininos, desejos ou fantasias e agora apareceu novamente em conteúdos masculinos. Uma vez que “Alra” não possui preconceito com relação ao tema, isso revela uma manifestação de narcisismo regredido. Expliquei-lhe que, a partir do parto, a mudança de meio tira o individuo do “paraíso” e o lança numa condição de instabilidade. Neste momento a oralidade sacia a fome da sobrevivência, o calor do corpo materno diminui o desconforto do novo meio, e inicia-se a integração de nova sensações e percepções (aromas, afloramento de sensibilidades táteis e proprioceptivas, sensações de prazer e desprazer, conforto e desconforto, ampliação do universo sonoro e visual, etc.), e a instabilidade originada nas mudanças produz a regressão da natureza narcísica, já que o estado pessoal é lançado em ambiente até certo ponto “inóspito”.
As fases de desenvolvimento que se seguem irão consolidar essas duas naturezas: a narcísica e a coletiva, a individual e a social. É daí que poderemos ficar aprisionados no narcisismo ou amadurecer pela consciência de que não somos únicos, mas parte de um corpo muito mais amplo. O paradoxo é que, quanto mais avançamos na consciência, melhor nos situamos no coletivo e mais conseguimos restaurar a integração pessoal na construção de uma individualidade plena. Neste aspecto o sujeito narcísico é apenas um retrato pífio deste momento que marca o nascimento da natureza singular da individualidade. As manifestações que sobrevivem como uma resistência a essa mudança de “estado” se farão visíveis por toda uma vida para confrontar o individuo na importância de aceitar a impermanência da vida e a maturação de si próprio na participação do universo coletivo. Mas narcísicos resistem nesta suposta “pessoalidade” se escondendo na formação e construção de um ego cheio de vaidades e egoísmos. O paradoxo, enfatizei, é que quando renunciamos a esse narcisismo, fonte e origem da construção do indivíduo, encontramos a pessoalidade liberta dos caprichos. Quando mais resistimos ficando no comportamento centrado e narcísico, mais a psiquê precisa encontrar desvios para compensar o estado regressivo que impede a transformação e evolução do ser, produzindo desajustes emocionais e comportamentais no sujeito. Portanto, resumindo, a série sequencial dos sonhos (lembranças) mostra o conflito pessoal e interno de “Alra” entre se realizar egoistamente ou evoluir coletivamente. Fica evidente a diferença entre o narcisismo egoico e o desprendimento doador de afeto, generosidade e compaixão. Essa foi a mensagem finalizadora da qual “Alra” tinha de se incorporar: embora super contraditório, quanto mais voltados estivermos para o coletivo, mais satisfeitos estaremos em nossas necessidades individuais, pois, quando mais damos, mais preenchidos ficamos.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS
Vejamos no sonho esse acontecimento: A psiquê confronta “Alra” produzindo um cenário em que a sua resposta é de generosidade, afetividade e de renúncia ao conforto pessoal. Para que isto ocorra ela abre mão de sua postura egocentrada, de defesa dos próprios interesses, do conforto pessoal, em prol do interesse coletivo, do respeito aos menos favorecidos, de doação aos que mais são exigidos. Isto significa deixar de olhar para o redor do umbigo e olhar para fora, ver o mundo e a necessidade dos que precisam mais, abrir mão de si em função do outro mais necessitado. Este foi o foco determinante para o homem sair do primitivismo e formar a base da sociedade humana, da civilização: uns protegendo os outros para sobreviver às vicissitudes dos perigos da vida. Este é o nascimento da solidariedade. E solidariedade só existe se as pessoas possuírem afetividade, generosidade, se conseguirem renunciar os interesses e o conforto pessoal. O sonho demonstra que, ao fazer a sua escolha, “Alra” cresce, amadurece como pessoa e enquanto mulher. E como isso aparece no sonho? A imagem da filha que acolhe no colo a mãe desfalecida. A imagem é arquetípica. Quando a Madona repousa no seu colo o filho divino do Espírito Santo e sofre calada o sacrifício do filho, ela vive a dramática negação do instinto de preservação da espécie.
Existe o apontamento de naturalidade dos filhos enterrar os pais, sendo uma tragédia os pais enterrar os filhos matando a esperança de continuidade da gênese na família. Isso seria anti natural como um fluxo ao inverso. Por isso, a tragédia da Mãe Divina comove a todos, pois é comum temermos essa dor de dar a vida, alimentar, educar, amar e “perder”. No sonho o fluxo natural é reencontrado. A filha repousa a mãe desfalecida no seu colo enquanto aguarda a hora sagrada de receber a graça divina da cura. Não há desespero, a calma prevalece, não há desequilíbrio, pois a aceitação se faz presente. O sonho mostra a bela atitude madura de quem confia e espera o tempo enquanto ora e clama em silêncio a graça divina. Poderia pensar que o sonho é compensatório, donde “Alra” estaria afastada desta realidade por conta de seu egoismo, mas a dinâmica indica que existe um processo de transformação ocorrendo. Um dos detalhes que me fez pensar nesta possibilidade é a atitude diferenciada e não reativa. Além disso, mesmo que “Alra” assuma o papel de filha-mãe cuidando da mãe-filha, não poderia dizer que é a filha que se faz de mãe, mas sim que a filha cuida da mãe como cuidaria dos filhos e do mesmo modo como foi cuidada. A imagem da mãe desfalecida no colo de “Alra” simboliza a graça de poder cuidar da mãe sem estar revoltada com os desígnios da própria vida. As mudanças afetivas se mostraram presentes no processo onírico.
Sobre a sétima lembrança, verifiquei que analisar os próprio sonhos é tarefa Hercúlea, ou seja, não é questão de sabedoria, informação ou inteligência. É se olhar no espelho e ter olhos capazes de se ver. Os sonhos possuem esses mecanismos de confronto, pois é a forma que a psiquê encontra para nos fazer reavaliar os conceitos, preconceitos, resistências, tendências, desejos, fantasias e dificuldades. Calçar os pés, protegendo-os ou escondendo seu simbolismo fálico, pode ser evidência de que, à medida que esconde seus desejos, eles reaparecem em forma de homossexualidade, ou seja, “Alra feminiliza seu masculino ou masculiniza seu feminino. Em sonhos anteriores essa erotização homossexual já aparecera em jogos sexuais femininos, desejos ou fantasias e agora apareceu novamente em conteúdos masculinos. Uma vez que “Alra” não possui preconceito com relação ao tema, isso revela uma manifestação de narcisismo regredido. Expliquei-lhe que, a partir do parto, a mudança de meio tira o individuo do “paraíso” e o lança numa condição de instabilidade. Neste momento a oralidade sacia a fome da sobrevivência, o calor do corpo materno diminui o desconforto do novo meio, e inicia-se a integração de nova sensações e percepções (aromas, afloramento de sensibilidades táteis e proprioceptivas, sensações de prazer e desprazer, conforto e desconforto, ampliação do universo sonoro e visual, etc.), e a instabilidade originada nas mudanças produz a regressão da natureza narcísica, já que o estado pessoal é lançado em ambiente até certo ponto “inóspito”.
As fases de desenvolvimento que se seguem irão consolidar essas duas naturezas: a narcísica e a coletiva, a individual e a social. É daí que poderemos ficar aprisionados no narcisismo ou amadurecer pela consciência de que não somos únicos, mas parte de um corpo muito mais amplo. O paradoxo é que, quanto mais avançamos na consciência, melhor nos situamos no coletivo e mais conseguimos restaurar a integração pessoal na construção de uma individualidade plena. Neste aspecto o sujeito narcísico é apenas um retrato pífio deste momento que marca o nascimento da natureza singular da individualidade. As manifestações que sobrevivem como uma resistência a essa mudança de “estado” se farão visíveis por toda uma vida para confrontar o individuo na importância de aceitar a impermanência da vida e a maturação de si próprio na participação do universo coletivo. Mas narcísicos resistem nesta suposta “pessoalidade” se escondendo na formação e construção de um ego cheio de vaidades e egoísmos. O paradoxo, enfatizei, é que quando renunciamos a esse narcisismo, fonte e origem da construção do indivíduo, encontramos a pessoalidade liberta dos caprichos. Quando mais resistimos ficando no comportamento centrado e narcísico, mais a psiquê precisa encontrar desvios para compensar o estado regressivo que impede a transformação e evolução do ser, produzindo desajustes emocionais e comportamentais no sujeito. Portanto, resumindo, a série sequencial dos sonhos (lembranças) mostra o conflito pessoal e interno de “Alra” entre se realizar egoistamente ou evoluir coletivamente. Fica evidente a diferença entre o narcisismo egoico e o desprendimento doador de afeto, generosidade e compaixão. Essa foi a mensagem finalizadora da qual “Alra” tinha de se incorporar: embora super contraditório, quanto mais voltados estivermos para o coletivo, mais satisfeitos estaremos em nossas necessidades individuais, pois, quando mais damos, mais preenchidos ficamos.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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