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quarta-feira, 2 de junho de 2010

Sonho (respondido) de estrupar um rottweiler

Relato de “Alra” sobre seus sonhos: “Essa noite acordei várias vezes e sempre com a cabeça cheia de lembranças oníricas. Tive sonhos bons, outros que não lembro e um que me pareceu uma extrema aberração, mas já estou achando todos os sonhos muito válidos, pois analisando-os compreendo que o importante é o que eles têm a dizer e não a sensação em si que me provocam. Vou começar por esse que pareceu uma aberração: eu queria acordar e não conseguia. Só que não foi um daqueles sonhos de costume donde tenho a sensação de que quero acordar de verdade e inclusive acordo no final. Em tal sonho era como se eu também estivesse dormindo noutra dimensão e fosse apenas nela que eu quisesse acordar (e não na dimensão da realidade, pois nesta eu não sabia conscientemente que estava sonhando). No meio do meu desespero para acordar, veio alguém e me mandou beber água enquanto eu passei a achar que estava falecendo ou que ainda iria de fato morrer. Eu bebia e tentava arrotar como se estivesse inchada de ar. Meu coração batia tão forte que eu me sentia um tambor sendo utilizado e, uma vez sem camisa, sentindo pela mão o peito pular, nitidamente dava para constatar que eu era um homem ou estava num corpo masculino. Era como se eu estivesse sofrendo um ataque tipo convulsão ou sei lá o que poderia ser. Nisso eu desisti da ideia de acordar (já que não adiantava a mera vontade) e fui obrigada a vencer o temor da morte. Tinha momentos que eu parecia não conseguir respirar direito e pouco conseguia mover os membros superiores. Fiquei me contorcendo inteira sobre a cama até que peguei no sono outra vez.
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Nisso sonhei (já não é a primeira vez que tenho sonho dentro de sonho) o que jamais poderia supor que um dia sonharia: veio um cachorro (eu não o vi, mas podia senti-lo) e eu subi em cima dele e praticamente o ataquei sexualmente. Nessa parte eu já era mulher normalmente e só não pareceu um estupro canino porque ele parecia gostar também. Ao acabar o ato, não sei se eu também fui acordando do sonho ou não, consegui visualizar o cachorro: era um rottweiler preto. Ainda esfregando as partes intimas do animal, mandei-o ir chamar seu pai, pois eu estava precisando dele também e pensei comigo 'o material dele é bem melhor do que o seu'. Eu não me referia ao pai cão biológico, mas sim ao seu dono que no sonho pareceu ser meu marido, o qual estava chegando com as compras e, embora sem ver, eu sabia ser um homem malhado e tão forte quanto o porte do cachorro. Embora seja super esquisito, no sonho eu me sentia potente e gostava daquele prazer que não estava envolvido pela minha dose natural de carolice. Não sei por que, mas vendo o sonho por fora dele, essa sensação de domínio um tanto agradável parece estar sobre uma base de indiferença para com os sentimentos alheios, o que me espanta e talvez me bloqueie. Em verdade sempre admirei e desprezei ao mesmo tempo essa postura autoritária de quem decide, ordena e realiza a liderança. Estou com conflitos nisso? Será que eu tenho essa fome sexual e não sei por não me permitir ou por não assumir conscientemente? Por que no sonho eu deixei vir à tona minha parte de mulher líder, insaciável e libidinosa?
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No segundo sonho eu estava chegando num local de neve e, como nunca estive num local desses, fiquei admirada e feliz. Eu ia fazer umas fotografias profissionais e estava numa especie de turnê. Do local donde eu estava, o qual parecia a sacada de uma construção subterrânea coberta de neve, eu podia ter uma vista linda e também teria boa parte do dia de folga para passear pelo local.
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No terceiro eu e minha mãe havíamos ido a um local de umbanda, mas não ia ter atendimento naquele dia e, voltando para casa, reclamei dizendo: 'está vendo por que não gosto desse lugar, é desorganizado, não haviam as coisas com antecedência. Já pensou se eu houvesse trazido os materiais? Até o dia de atendimento já teriam se estragado e eu teria de trazer tudo outra vez'.
No quarto sonho, minha sobrinha adotiva era minha filha e alguém comentou que eu poderia ter tido ela sem me alembrar. Interessante que a minha irmã nem apareceu no sonho. Pensei na possibilidade da minha gravidez, uma vez que eu a sentia de fato como minha filha, mas como eu iria ter um surto de esquecimento de nove meses ou mais? Estariam todos escondendo isso de mim ou todos teriam tido o mesmo surto de amnesia do passado?
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No quinto eu estava num local donde iam tirar minha medida corporal (não sei exatamente para quê). Nisso a mulher mediu e disse que eu tinha corpo de dezesseis anos. Confessei que eu me sentia bem mais nova do que a minha idade natural e, por certo, isso tinha reflexos no corpo em si também. Pensei que essa deveria ser a minha idade de maturação interior. Daí comecei a dançar com um senhor e não recordo o resto.
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No sexto eu andava por umas ruas desertas na noite escura e tocava um instrumento que parecia um bumbo. Eu parecia saber tocar aquilo e me divertia nas modalidades de sons que os batidos diferentes produziam. Eu estava bem tranquila quando apareceu um militar e me deu fuga de um monte de indígenas (ou talvez alienígenas) que foram aparecendo por causa do barulho. Deixei de tocar o instrumento e andei rápido toda receosa. Fui para um barraco que parecia ser minha moradia e a todo momento conferia na rua se não havia nenhum dos seres estranhos vindo atrás de mim.
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No sétimo eu estava num local com várias piscinas que ficavam a muitos metros abaixo do nível donde eu pisava. Havia uma moça e alguém tentava pegar a cabeça dela por uma espécie de pinça gigante. Só que, de repente, ela resolveu pular e todos ficaram preocupados e bravos, pois não era para ela ter feito aquilo. Nisso eu passei por uma espécie de portal e fui para outra parte de piscinas. Sentei-me numa janela redonda cujo vidro estava vedado e lá fiquei encostada nesse vidro. O local era levemente escuro e eu parecia muito triste, mas não sei por qual motivo. Nisso apareceram os cantores Zezé de Camargo e Luciano que passaram pelo portal vindo em minha direção. Pensei comigo que eles deveriam estar procurando pela moça que havia se jogado na piscina. Fiquei surpresa quando eles pareceram preocupados comigo e me tiraram daquele local como se estivessem fazendo um resgate. Por que eles? - Eu me perguntava como se não merecesse tamanha honra. Será que eles ainda não perceberam que eu não sou aquela moça? - eu parecia não entender o que de fato acontecia. Eu me sentia muito abatida. Eles me levaram para um local mais seguro e observaram que eu tinha comigo uma tesoura metálica pequena e uma garrafa com um conteúdo verde escuro que parecia venenoso. Eles começaram a falar que aquilo deveria ser coisa de um terceiro sujeito (um homem), mas antes que eles saíssem pensando em acerto de contas, eu reagi colocando-me na frente deles e dizendo que esse tal sujeito não tinha nada a ver com o caso e que a culpa fora toda minha. Eles diziam como se esse sujeito (não lembro o nome e nem me veio à mente nenhuma imagem física) houvesse me induzido a querer um suicídio, mas eu assumia a responsabilidade dizendo que eu estava ali por minha conta própria. Além do mais, eu não associava tudo aquilo com um suicídio, mas com algum grande sofrimento do qual eu estava naturalmente tendo de superar. Foi um sonho muito distante, tanto que eu parecia uma outra de mim que nada tivesse em comum comigo mesma, entende?
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No oitavo eu estava assistindo uma apresentação da Sheila Carvalho e do Tony Sales. Eles dançavam acrobaticamente dentro de um bloco transparente feito com diversos tipos de espelhos que refletiam várias cores formando um espetáculo incrível. Acho que tal bloco era cheio de água gelatinosa. Por que ando sonhando com artistas de televisão? Isso tem alguma relevância? Só você para me ajudar a entender tudo isso. É o que lembro por momento”.


Devido à complexidade do primeiro sonho, foquei apenas alguns aspectos para evitar equívocos. A primeira parte do sonho parece sinalizar conteúdo de origem histérica. Apesar de “Alra” não apresentar um quadro clássico de neurose histérica, existem núcleos já detectados em sonhos anteriores, que ainda podem existir, ou que não tendo sido pulverizados ou integrados ainda se manifestam numa tentativa de se manterem vivos como núcleos autônomos com poder de interferência na personalidade. Em segundo lugar, pode ser um movimento excepcional do inconsciente de reordenação mostrando que existe uma força de conteúdo masculino na sua origem, que independente de seu poder de controle, limitado, ocupará seu espaço devido, e realizará seu movimento para se manifestar. Já vimos anteriormente essa indicação. Mas nesta parte do sonho essa força obsessão, como que incorpora e ocupa o comando do corpo independente de suas fugas, sua evitação, seus escapes, suas artimanhas. Esse poder ou força supera os orgulhos, a moralidade excessiva, os limites da repressão, a moral religiosa, a sociabilidade padrão, os princípios legais e sociais, enfim, incorpora o corpo e assume o poder de seu comando. Já lhe indicara que a repressão de seus desejos sexuais é apenas uma tentativa de bloquear uma força poderosa, que, se manifesta, será projetada de forma incontrolável ou poderá provocar desvios de comportamento não tão padronizados ou aceitáveis. O seu poder de controle falha, quando supostamente “desiste” do comando. A força da natureza não pode e não deve ser subestimada. Se não desiste do combate “Alra” sucumbe, será reduzida e subjugada.
No momento seguinte o masculino incorporado se manifesta na explosão do desejo sexual incontrolável, ainda que no corpo de mulher. O cão é historicamente associado à morte (como guia dos mortos), aos infernos, ao mundo subterrâneo, aos impérios regidos pelas divindades Ctonianas ou Selênicas. Está ligado aos elementos terra e água, tem significação sexual, divinatória e a conteúdos arquetípicos de inconsciente. Alem de guia dos mortos na noite escura, é intercessor entre as múltiplas dimensões, entre os múltiplos mundos inferiores e superiores. É símbolo da potência sexual e da sedução. Ao subjugar sua força, ela aflora como pulsão Yang, masculina e “descontrolada”, já que é projetada de forma “animal”. Há novamente evidência de dificuldades para lidar com essa sua natureza. A mulher líder está dentro de “Alra”. Ela pensa que tem o poder de deixar ou não vir à tona essa mulher poderosa, mas não o tem. Disse-lhe que é preciso aprender a administrar essa força sexual do seu desejo para aprender a ter domínio sobre si mesmo e se libertar para atuar com equilíbrio: nem recatada e nem oferecida, nem submissa e nem dominadora.

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Respondi-lhe que o segundo se contrapõe à fornalha sexual do sonho anterior. Pode ser referência a uma noite fria ou à repressão e contenção sexual. Se o sonho foi sequência do anterior, uma baixa de pressão, tipo hibernação, após a força do sonho anterior, o esfôrço, o gasto energético que é significativo, tendo a considerar apenas o universo sensorial determinando as sensações e a vivência.

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No terceiro “Alra” pontua o local, cobra mais atenção e organização, mostra-se atenta às exigências da realidade e aos compromissos. A postura é ativa, mas também castradora e exigente. Pareceu-me mais um sonho relacionado a realidade do que com qualquer possível representação significativa.

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No quarto sonho “Alra” inconscientemente realiza a maternidade através de sua irmã. Essa é uma forma de compensar aquilo que não está em condições de realizar, seja a maternidade em si ou a adoção que lhe causa admiração.

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No quinto, “Alra” se faz sentir e comportar como uma adolescente de dezesseis anos. Já vimos em sonhos anteriores essa fixação pela infância e adolescência como forma de renunciar à libertação evitando seu amadurecimento, ficando na barra da saia da mamãe. O corpo já não é de uma menina, a idade é inevitável, dançando com o mais velho o corpo mostra que se equivale. A personalidade não amadurece, mas o corpo envelhece. Quando o individuo escapa de sua maturação resta a personalidade infantil no corpo envelhecido, o que é uma escolha infeliz. Por outro lado, disse para “Alra” que isso pode ser apenas uma dedução de escolha mental já que, por vezes, ela também diz ter mais maturidade do que a de sua idade. Embora não seja independente financeiramente, “Alra” tem suas personalidade forte, é uma pessoa bastante consciente de si, que não se melindra por pouca coisa e que tem boa estrutura emocional, mesmo que prefira não reconhecer isso.

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No sexto, sua tônica ocorre: quando encontra o prazer se vê obrigada a se refugiar para escapar das ameaças advindas da consequência do que pratica. O medo reaparece associado ao seu desejo de prazer. A justificativa para a defesa é a ameaça alienígena, indígena ou estrangeira. O militar neste caso é a figura da autoridade que protege, mas que ao mesmo tempo reprime. A cobrança surge disfarçada de autoridade para lhe proteger das ameaças e ela se refugia, temerosa, recolhida em sua casa.

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No sétimo há a indicação de angústia, melancolia e autocomiseração. É a pobre menina, digna de dó, sendo salva, resgatada pelos heróis que a protegem do mundo ameaçador. É como se vivesse na fronteira onde num lado mora o desejo de ser salva e de ser descoberta pelo príncipe (cantador de multidões) e no outro mora a mulher que supera a baixa-autoestima enquanto mira seu alvo com ânsia de participar do mundo. Não percebi tendências autodestrutivas, mesmo que todos as tenhamos. Mas se pensarmos no aniquilamento de sua individualidade ao evitar sua maturação, podemos considerar o boicote como uma forma de suicídio. A baixa-autoestima, o poder e a força do mundo, ou da realidade na qual está inserida, continuam a subjuga-la.

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No oitavo sonho aparece a imagem de uma dançarina determinada que conquistou seu espaço e superou as barreiras para o sucesso se tornando uma Sex Simbol. Ela apresenta-se acompanhada com seu par e isso é apenas uma referência compensatória e projetiva daquilo que “Alra” também gostaria de vivenciar.


COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

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