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terça-feira, 29 de junho de 2010

A chave do reino interior...


“Olá 'Pessoal do mundo todo'! Hoje tive um dia cheio: acordei cedo para ir com mamãe na chácara (amanhã será o ultimo dia do homem que está trabalhando ir lá) e na volta fiz o de costume, desci no ponto da biblioteca, troquei meus livros e segui até o centro espírita Amor à Verdade (Badeco). Foi tudo bastante tranquilo. Ao chegar em casa encontrei uma mensagem da 'Yllaria' perguntando se estou a fim de ir ao Ináciu's amanha. Não gostei muito de lá, mas se não tenho carona para opção melhor, o jeito é não dispensar o convite meio-termo. Aproveitando a ocasião troquei minha frase do MSN e Orkut por “...Minh'alma viajante, coração independente; Por você corre perigo; Tô afim de seus segredos, de tirar o seu sossego; Ser bem mais que um amigo...”
De resto, terminei de ler um livro chamado A chave do reino interiori. O livro diz que o inconsciente se comunica pelos sonhos e pela imaginação. O inconsciente é a mente original da humanidade, a matriz primitiva a partir da qual a especie desenvolveu uma mente consciente e a fez evoluir durante milênios até atingir a extensão e o refinamento atual. É a fonte verdadeira de toda a consciência humana. A maioria das neuroses, o sentimento de fragmentação, o vazio, a falta de significado da vida moderna, resultam do isolamento do ego em relação ao inconsciente. Como seres conscientes, percebemos vagamente que perdemos parte de nós mesmos e sentimos falta de algo que um dia nos pertenceu (muitos procuram erroneamente esse algo oculto e olvidado na projeção da anima ou do animus nos relacionamentos). A individuação é nosso despertar para o ser total, permitindo que nossa personalidade consciente se desenvolva até absorver todos os elementos básicos inerentes em cada um de nós no nível pré-consciente. Os sonhos constantemente registram o processo de individuação e o movimento do ego em direção ao self. O self tem símbolos específicos como o círculo, a mandala, o quadrado, o diamante, o número quatro, etc. Individualizar-se é integrar-se com a própria totalidade de conteúdos autônomos e de sub-personalidades. É ser inteiro e dono de si mesmo.
Diz o livro que ninguém inventa nada na imaginação. O material que aparece na imaginação tem sua origem no inconsciente. A imaginação, corretamente entendida, é o canal através do qual esse material flui para a mente consciente. Ligado tanto aos sonhos, quanto a imaginação, os arquétipos psicológicos são definidos como modelos iniciais preexistentes que formam o esboço fundamental dos principais componentes dinâmicos da personalidade humana. São inatos em nós, parte de nossa herança como membros da raça humana. Em síntese são as muitas personalidades distintas que coexistem dentro de nós a nível inconsciente e, não obstante, fazem parte do inconsciente coletivo. São essas personalidades interiores que nos aparecem em sonhos como pessoas, as quais inclusive podemos nomear enquanto sub-personalidades nossas. Nenhum de nós tem só uma face, pois somos combinações ricas de uma variedade infinita de arquétipos. Todos temos um pouco de herói e de covarde, de pai/mãe e de criança/filho, de santo e bandido, etc. É preciso identificá-los e viver com suas energias distintas de forma construtiva, ou seja, individualizar-se. Todo sonho, por mais curto que seja, tem algo importante a nós dizer. Os sonhos nunca desperdiçam tempo e, mesmo os aparentemente mais tolos ou insignificantes, possuem mensagens importantes. A multiplicidade das figuras dos sonhos reflete a estrutura multidimensional e a pluralidade do eu interior. Cada uma dessas sub-personalidades possuem sua consciência própria, seus valores, desejos e pontos de vistas que nos leva a uma direção, vontade ou atitude diferente. A que sai vitoriosa sobre as demais pode ser chamada de autônoma. Daí dizer que somos manipulados e conduzidos por conteúdos autônomos inconscientes.
São aconselhadas quatro etapas para lidar com os sonhos: Na primeira devemos fazer associações com os símbolos, situações, objetos, conversas, odores, cenas, cores, locais, pessoas e sentimentos do sonho. É preciso definir quais são as sensações geradas, quais as ideias que surgem com relação a cada detalhe. Na segunda etapa é preciso relacionar o vivenciado no sonho, bem como os personagens, com a vida em si ou conosco mesmo. Um sonho pode tomar emprestado qualquer pessoa do cotidiano para evidenciar algo que está acontecendo dentro de quem sonha. Portanto, o sonho é relacionado ao sonhador e não as pessoas externas contidas no sonho.


Daí a importância de buscar a característica das pessoas do sonho em nós mesmos. Se a atitude do inconsciente parece exagerada, significa, em geral, que o inconsciente está compensando uma posição igualmente desequilibrada e exagerada do ego. Na terceira etapa é preciso analisar o ensinamento, a informação mais importante que o sonho está tentando transmitir. O sonho não gasta nosso tempo para nos dizer o que já sabemos e compreendemos; portanto, deve-se escolher a interpretação que desafia as ideias existentes, em vez daquela que simplesmente repete o que pensamos já saber. Há uma exceção para esta regre: algumas vezes os sonhos transmitem a mesma mensagem básica muitas e muitas vezes, mas nós não a compreendemos e não a colocamos em prática. Nesse caso, o sonho parece repetir algo já conhecido. Mas se assim for, é preciso perguntar porque o sonho precisa ficar repetindo essa mensagem. Se nos pegarmos anotando uma interpretação de sonho que nos faz inchar de vaidade e nos auto-congratular, então não estaremos fazendo uma interpretação adequada. Os sonhos não nos fornecem tais tipos de sinais e não nos induzem a inflar nosso ego. Os sonhos apontam para a tarefa inacabada da nossa vida, mostrando o que devemos encarar primeiro e o que devemos aprender em seguida. Na quarta e última etapa, devemos executar um ritual. O ritual é uma representação física da mudança de atitude interior que o sonho está solicitando; e é este nível de mudança que está sendo requisitado pelo sonho. Os melhores rituais são físicos, solitários e silenciosos: estes são os únicos que são registrados o mais profundamente no inconsciente. Pode-se sempre realizar um ato físico simples, mesmo que não se consiga pensar em alguma coisa relacionada diretamente com o sonho. Pode ser uma caminhada, escrever uma carta para uma parte conflituosa de si mesma, enfim, algo em honra ao seu sonho que possa ser assimilado no inconsciente.
Nos sonhos, os eventos acontecem completamente no nível inconsciente. Na imaginação ativa, os eventos se sucedem em um nível imaginativo que não provém nem do consciente e nem do inconsciente, mas de um ponto de confluência, um solo comum onde ambos se encontram em termos igualitários e juntos criam uma experiencia de vida que combina os elementos de ambos. Quando começamos a praticar regularmente a imaginação ativa, os sonhos diminuem em número, tornam-se mais diretos e concentrados e menos repetitivos. Quando levamos o problema para a imaginação ativa, os sonhos têm menos necessidade de se repetirem. A finalidade principal dessa técnica é proporcionar a comunicação entre o ego e as partes do inconsciente das quais geralmente nos desligamos. Qualquer característica dentro de nós pode ser personalizada e persuadida a se revestir de uma imagem, de modo que possamos interagir com ela. Se sentimos um desequilíbrio, podemos dirigir-nos a imaginação e pedir para que ele se personifique através de uma imagem. É preciso boa vontade em escutar aquela pessoa do nosso inconsciente. Ela não deve tentar nem dominar nem se sobrepor à voz interior, mas dispor-se a deixar-nos falar e aprender com ela. Se sentirmos que estamos falando conosco mesmo, excelente! Se sentirmos que estamos inventando, isto é bom, pois o que quer que invente, será uma das personalidades interiores falando. Quando começamos a ver nossa imaginação pelo que ela realmente é, percebemos que ela reflete o mundo interior do nosso inconsciente com a mesma fidelidade de um perfeito espelho.
É indicado as quatro etapas da imaginação ativa: Primeiramente convidamos o inconsciente. Isso pode ser feito expandindo os sonhos, ou seja, voltamos ao sonho, na imaginação, e travamos um diálogo com os nossos personagens, podendo escolher um especifico, com o qual sentimos necessidade de falar. Podemos efetivamente, continuar o sonho e interagir com ele, prolongando-o na imaginação ativa. Assim já estaremos adentrando na segunda etapa de dialogamos e vivenciamos a experiencia. Na prática, podemos dizer ou fazer tudo o que nos vier à mente e que for apropriado e ético. Podemos perguntar quem é a figura que surge na imaginação, o que ela quer ou deseja falar. É melhor fazer perguntas do que discursar ou começar a manifestar opiniões, poia a atitude básica que devemos mostrar é de disposição para escutar. A imaginação ativa é uma experiência completa que tem início, meio e fim. Como um sonho, geralmente ela começa com a apresentação de um problema; segue-se um período de interação com ele e com os diferentes pontos de vista sobre o assinto e, finalmente, chega-se à resolução do conflito ou do problema. Isso pode durar uma sessão ou pode exigir uma série de sessões que continuam por dias ou mesmo anos. No mínimo, a imaginação ativa é um processo de surpresas, um processo que se entrega ao inesperado. Não fazemos planos nem roteiros. Simplesmente começamos e então deixamos que venha o que vier. O que quer que aflore espontaneamente do inconsciente, sem manipulação, sem controle e sem regras é a matéria-prima da imaginação ativa. Simplesmente começamos e então deixamos que venha o que vier. Muitas vezes precisamos desfigurar a aparência de um personagem externo que assemelha-se a um interno e configurá-lo para não confundir o que está dentro de nós com alguém que está fora. Assim, a figura interior não terá a aparência de um humano externo. Em terceiro acrescentamos o elemento ético dos valores. O equilíbrio ético requer que não deixemos um arquétipo ou uma parte de nós mesmos assumir o controle em detrimento dos outros. Não podemos sacrificar valores essenciais para seguir um impulso ou um objetivo limitado. Em quarto, concretizamos a imaginação ativa pelo ritual físico.
Para finalizar, diz o livro que compreensão do inconsciente é o nível no qual tentamos ativamente trazer do inconsciente as partes desconhecidas de nós mesmos, para integrá-las em nossa atuação consciente. Neste nível tentamos familiarizar-nos com as nossas partes interiores ainda não conhecidas. De tal leitura é isso. Muita luz a todos e progressos constantes!”
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iJOHNSON, Robert A. A chave do reino interior: Sonhos, fantasias e imaginação ativa. Trad.: Dilma Gelli. São Paulo: Editora Mercuryo, 1989.

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