Como voltara a fazer muito frio, "Ágape" não foi na sua corrida do parque e preferiu ir mais cedo para a casa de sua avó. Uma vez lá ficando sem nada proveitoso para fazer, "Ágape" continuou confabulando consigo própria sobre sua vida e quanto mais pensava, mais aflita sentia-se pela confusão interior. Quando chegou momento de dormir e "Ágape" iniciou suas preces, sem querer quando percebeu estava irrompida em profundo pranto. Desde o dia em que "Graúda" fora olhar a sorte que algo negativo vinha rondando "Ágape". No fundo ela sabia que se algo parecia faltar em sua vida isso refletia uma única falta: a de Deus. Ela tinha consciência e experiência de que estando com o Pai Criador de tudo, é impossível sentir falta de qualquer coisa ou situação de vida, pois a essência divina dentro do ser humano preenche todos os vazios. Mas "Ágape" estava muito confusa e se sentindo completamente perturbada com tantas contradições dentro de si. Seus conceitos estavam em briga, seus paradigmas haviam entrado em estado de choque. O que realmente ela devia pensar, decidir e fazer? E ainda tinha um detalhe, "Ágape" sabia que somente ela podia organizar seus próprios conceitos dentro de si e por causa disso dispensava qualquer opinião alheia. Ela não queria saber o que qualquer outra pessoa pensaria sobre suas dúvidas, mas sim o que ela ia decidir responder para si mesma. Ela sabia que as respostas para si só poderia ser satisfatórias se saíssem de si mesma. E na busca de respostas mais e mais perguntas apareciam: “diz o dito popular que Deus não dá o peixe, mas ensina a pescar. Isso representa que Deus às vezes nos deixa sentir determinadas carências para nos impulsionar a tomar atitudes e correr atrás do que nos falta?” Ela sabia que pescar o peixe com as próprias mãos não significava de forma alguma dispensar a vontade e ajuda divina. Entretanto havia um entrave nisso: planejar uma pescaria cria expectativas que podem terminar em decepção e tristeza. Até então ela já colhera muito desgosto e angustia ao invés de peixe. Assim as duvidas se seguiam: “Ou será que minha paciência de esperar ainda está sendo testada?” Às vezes ela sentia que essa era o maior teste de sua vida e por momentos tinha a sensação de que nada a impedia de buscar algo faltoso, mas por outro lado, se soubesse esperar com calma, resignação e fé, Deus a recompensaria. E sem saber mais o que pensar, "Ágape" deitou a cabeça no travesseiro e manteve-se em oração. Ela sentia-se muita estranha e irreconhecível, pois nos últimos dois dias, ao invés de fazer suas costumeiras preces de agradecimento pelo que era e tinha, sua mente parecia presa pensando apenas no que ela não era e não tinha. O que estava lhe acontecendo? Seu pranto de desabafo e sua prece tendiam a lhe levar de volta para os braços de “seu Papai do Céu” e foi nestes que ela dormiu um tranqüilo sono.
Atualização
Há 4 anos
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