Do outro lado do espelho[i] e relata a vida de Inácio no plano espiritual. Acho interessante relembrar que Kardec, um dos mais importantes homens na historia do espiritismo, era tido como um misantropo por ser excessivamente solitário e introvertido. Eu sou totalmente assim e me parece um balsamo pensar nos feitos e na postura de ser do Prof. Rivail há cerca de 152 anos atrás. Dentre alguns esclarecimentos do livro, gostei da fala de Dona Modesta (também desencarnada) a explicar sobre seres da mitologia: ‘...A mitologia não é fruto da imaginação humana. Os seres metade pessoas e metade animais pululam nas regiões espirituais inferiores; os instintos como que se lhes sobrepõem à razão e, assim, eles perdem o controle de si...’ Mais adiante algumas palavras de Bezerra: ‘...A conquista do amor se faz acompanhar, para o espírito, do seu séqüito de virtudes divinas. O amor detém em si a essência de toda a sabedoria! Quem não se sacrifica não se realiza; quem não se doa não tem a posse de si...’ Vale mencionar algo que adorei saber através da leitura: quando Inácio conhece Irmão José e curiosamente verifica em seu corpo espiritual varias cicatrizes luminescentes, Odilon explica-lhe que, ao tempo de Cristo, o Irmão José chamou-se Alexandre e foi um dos discípulos de Inácio de Antioquia, tendo sido morto ao lado do grande mártir do cristianismo nascente, ficando daí com aqueles sinais das garras afiadas dos leões gravados de luz em seu tórax como eterno sinal de testemunho de fé em Jesus. Mais adiante o livro combate à idéia da regressão de memória, dizendo que esta, no fundo, empreendida sem a devida cautela, pode levar a maiores perturbações. Na maioria das vezes, o paciente que se submete à hipnose apenas tem acesso a lembranças fantasiosas guardadas no subconsciente; o que ele descreve em estado de semitranse não corresponde à realidade de si mesmo, portanto, mesmo sob indução hipnótica, a personalidade possui mecanismos de defesa em que se oculta. Eis mais um detalhe que não sabia. Achei válido ler sobre os elementares: Labelius, uma espécie de duende do barro, explica que já encarnara na espécie humana uma vez e não era retrocesso a sua escolha de voltar a ser um elementar, pois o que garante a evolução é a capacidade de amar e não a forma humana em si. Cada forma é compatível com a própria essência e verifica-se portanto que os elementares não são seres criados a parte por Deus, mas sim uma raça com características diferentes que estão num grau intermediário da evolução. Chega a ser estranho pensar que nos mundos superiores não existem répteis e insetos, uma vez que seus princípios espirituais caracterizam inferioridade. Assim os ciclos evolutivos vão se cumprindo até revelarem-se aptos a reencarnarem na condição de pássaros, indo do morcego até as espécies mais representativas que antecedem a reencarnação do principio espiritual em corpos humanos primitivos. Como Deus teve tanta criatividade para conceber essa coisa de evolução? Fico pasma imaginando esses processos todos. Nem as pedras estão destinadas a serem pedras para sempre. Que loucura! Paginas adiante é comentado sobre o inferno enquanto solidificação das nossas crenças absurdas. A ilusão que se alimenta ganha vida fictícia. Varias mentes, pensando na existência do inferno, terminam por dar-lhe forma. A insanidade extrema de algumas entidades levou-as a incorporar a figura do Demônio. Tudo acaba sendo plasmado, existindo assim no interior da Terra centenas de réplicas do inferno imaginado pelo ser humano, donde as labaredas que se alteiam são alimentadas pelo remorso dos espíritos culpados que se agrupam. Depois da morte do corpo, seremos remetidos para o endereço de nossa preferência moral. Descrevendo o resgate de Tomás de Torquemada, verificam-se multidões de demônios com patas, chifres e tridentes dançando ao redor de caldeirões ferventes, bem como várias escoltas de dragões com armaduras, escudos e lanças. Ainda para completar, tem também as formas ovóides semelhantes a enormes sanguessugas. Tomás tinha mais de oito ovóides à altura da cabeça e do tórax. O resgate de Torquemada, o qual parecia uma massa disforme, faz da historia uma real-ficção fantástica. O próprio Inácio transparece sua incredulidade na seguinte fala: ‘...os seres elementares, Labelius, aquela representação do Inferno, os dragões, os corpos ovóides... De tudo, o que mais me custa crer é a existência daquela região infernal, com aqueles espíritos transfigurados no imaginário Satanás...’ E o pior é a resposta de seu benfeitor a dizer que ele ainda não houvera visto nada.
[i] BACCELLI, Carlos Antônio. (Inácio Ferreira). Do outro lado do espelho. Votuporanga, SP: Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2001.
[i] BACCELLI, Carlos Antônio. (Inácio Ferreira). Do outro lado do espelho. Votuporanga, SP: Casa Editora Espírita “Pierre-Paul Didier”, 2001.
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