“Olá ‘Mateus’! Acabei de ler o livro Cinquenta anos depois[i], o qual é continuação do livro há dois mil anos. Eis um resumo: Públio se transforma no escravo Nestório e Lívia assume a pessoa de Célia, com seu coração ainda mais amoroso e sábio que continua aplicando as lições de Jesus no transcurso doloroso de sua vida. Tal história inicia-se no ano 131 d.C. Helvídio Lucius (filho de Cneio Lucius) é um nobre romano, desposado de Alba Lucínia, tendo duas filhas: Helvídia e Célia, sendo esta ultima a filha mais nova, a qual segue a tradição religiosa cristã, algo criminoso na época para os romanos. Alba é filha do casal Fábio Cornélio e Júlia Spinter. Também se faz presente os personagens Lólio Úrbico, prefeito dos pretorianos e Claudia Sabina, sua esposa e antiga plebéia que já teve um caso com Helvídio. É Caio Fabrícius quem presenteia Nestónio ao amigo Helvidio. O escravo judeu apresenta seu passado de sofrimentos junto a historia romana, a qual conhece muito bem por ter sido nela escravizado. Neste momento de conversa aparece as filhas de Helvídio e Alba, a qual só aceita ficar com aquele servo depois de libertá-lo e dar-lhe independência para cumprir seus deveres. Tornando-se um ex-escravo, Nestório se ajoelha e beija os pés de Alba em agradecimento. É no momento em que Célia lhe estende a mão aristocrática e delicada, numa saudação sincera e carinhosa, que os olhos de ambos se encontram numa atração indefinível.
Alba pede a Túlia Cevina, esposa do tribuno Máximo Cunctatos, para lhe arrumar três servas de confiança. Cláudia, a qual possui ímpetos de vingar-se de Alba, por achar que esta lhe roubou a felicidade, pede a Hatéria, sua serva, para se apresentar a Túlia. Assim Hatéria faz apresentando-se com humildade e singeleza, fazendo-se de submissa, desvelada e carinhosa. Logo a serva conquista a confiança de Alba. Nestório surpreende Cláudia com Haltéria. Célia relata suas alegrias religiosas com o avô, mas ele não a compreende, alegando que Jesus só deixou ensinamentos impossíveis de aplicar-se na vida real. Célia também relata sua paixão pelo escravo Ciro, o qual se tornara livre após salvá-la durante uma excursão donde acompanhava a família remando a gôndola, a qual foi abalada por um vento forte fazendo Célia cair nas águas. Em narrativa ela conta que Ciro foi levado preso e açoitado a mando de Helvídio assim que este foi informado por Pausanias, chefe dos serviços servis, de forma maldosa e proposital, que o jovem escravo estava bolinado Célia. Sofregamente Célia chora ao relembrar que Ciro sempre respeitara a diferença entre eles e lhe passara os maiores ensinamentos sobre o Cristo, demonstrando que a dor e a humilhação não deveriam afetar o espírito. Ciro foi enviado numa embarcação para longe e Célia prometeu que nunca olvidaria suas mensagens de paz e fé ligadas a Jesus, disposta a defender a doutrina cristã com todas as forças de sua alma.
Helvídia se apaixona por Caio. Cláudia se insinua para Helvídio enquanto Lólio faz o mesmo para com Alba, mas ambos permanecem fieis ao matrimonio. Helvídio vai para Tibur auxiliar o imperador Élio Adriano. Alba aceita o convite de sua grande amiga Túlia Cevina para irem a um encontro religioso secreto nas catacumbas rezar para que Helvídio retorne rápido de sua viagem. Entretanto, de ultima hora, sentindo-se cansada e doente, pede a Célia que vá em seu lugar. Ambas vão à pregação do evangelho e descobrem com espanto e alegria que o orador não era Policárpio (discípulo do apostolo João Evangelhista), mas sim Nestório. Ao termino da pregação uma surpresa sucede: o liberto Ciro reconhece seu pai Nestório e sua amada Célia. Dias depois o inquiridor Pompônio Gratus interroga Nestório e este responde que negar a fé cristã é como trair a própria consciência. Os centuriões encaminham Nestório para o escritório de Fábio Cornélio, mas o cristão não teme as torturas e se recusa a entregar seus companheiros, os quais eram tidos como conspiradores. Ciro e Nestório são levados ao cárcere junto de outros cristãos. Poucos dias depois Helvídeo retorna a Roma e reencontrando-se com o sogro Fábio fica sabendo das prisões ocorridas. Irado por saber que Ciro é filho de Nestório e verificando a proximidade da filha com o mesmo, Helvídeo arruma meio de ir conversar com Nestório, mas desiste de libertá-lo quando este confessa ser cristão. Nestório suplica pelo filho, mas Helvídio se nega a intervir a favor de qualquer um que se diga cristão e confessa seu ódio por Ciro.
Cláudia vai à casa de uma consulente chamada Plotina. A velha clarividente a aconselha a abandonar todos os planos maléficos que possui em mente, afirmando que sua rival Alba é muito protegida por seres espirituais. Hatéria continua a detalhar os pormenores ocorridos no lar de Alba e Helvídio. Através do avô, Célia consegue ir visitar Ciro antes da morte do mesmo. Célia chora ao ver Ciro tão desfigurado pelos maus tratos e pouca alimentação. Ciro a consola e a faz prometer que não deixará nenhuma energia negativa perturbar seu coração, bem como jamais deixar de honrar a fé divina. Os cristãos, dentre eles Ciro e Nestório, são martirizados com flechas envenenadas, mas nem com o peito cravado de setas não deixam de rezar e entoar hinos esperançosos a Jesus. No meio da arena os mártires do Cristianismo são resgatados pelos anjos enquanto os corpos são arrastados para fora do local. Cláudia agindo na intenção de separar Helvídio de Alba, conversa com Adriano para que este volte a chamá-lo para trabalhos na Grécia. Assim os fatos se materializam, ficando Alba novamente desprotegida diante das insinuações de Lólio.
No leito de morte, Cneio Lucius recebe a visita do filho adotivo Silano, dando-lhe um medalhão que foi encontrado consigo quando Márcia, sua irmã mais velha, o encontrou. Naquele fim de primavera do ano de 133, Cneio falece. Célia percebe a presença de Nestório junto a uma equipe espiritual que socorre seu avô nos planos invisíveis. Helvídia casa-se com Caio. Cláudia manda Hatéria pegar uma criança na roda-de-expostos (local donde as mulheres costumavam abandonar seus filhos) e levando-o para a casa de Alba mente dizendo a Célia que aquela criança é filha de sua mãe com Lólio. Hatéria coloca sonífero na bebida de Alba. Helvídio retorna ao lar. Cláudia escreve uma carta despedida fazendo de conta que é de seu esposo e forjando um suicídio acrescenta veneno na bebida de Lólio. Helvídio irritado pergunta de quem é o bebê e cheia de fé na providencia divina, buscando sacrificar-se por sua mãe, Célia responde que aquele pequeno ser é seu filho e ainda diz que foi Lólio quem a abusou sexualmente por não ter conseguido nada com sua mãe Alba. Hatéria surpresa com o imprevisto desenrolar da cena é obrigada a confirmar a versão de que ajudara Célia a dar a luz àquele recém nascido. Cheio de ódio pela desonra familiar e por ser a filha uma seguidora do cristianismo, Helvídio expulsa Célia de casa para não cometer a loucura de matá-la com um punhal. Helvídio vai a procura de Lólio e recebe a notícia de seu suposto suicídio. Dormindo ao relento e ganhando alimento nas ruas, Célis ora tentando validar sua fé. Helvídio providencia o falso funeral de Célia, pois apenas a suposta morte desta poderia encobrir o ocorrido vergonhoso. Júlia falece de um colapso cardíaco não suportando os últimos acontecimentos. Célia é acolhida por Orfília, seu marido Horácio e filho Júnior. Pouco depois fica sabendo do fato de sua própria morte falsa e assim, apresenta-se com o nome de Marta dizendo ser uma viúva abandonada. Aproveitando a viagem que Júnior ia fazer, Célia decide acompanhar o jovem até Gaeta. Júnior insinua-se para Célia não contendo seus impulsos perniciosos.
Julio e Célia se acomodam numa hospedaria. Abrindo seu coração para a serva arrumadeira do local, esta lhe ajuda a fugir no meio da madrugada. Nas ruas ela ganha carona com Gregório, um carreteiro, para distanciar-se da hospedaria. Escondendo-se numa gruta, Célia encontra Caio junto a outros cavaleiros. Caio não reconhece Célia por julgar que esta já morreu e oferece-lhe dinheiro, o qual ela recusa aceitar. Sentindo-se desamparada, Célia observa Caio sumir na escuridão e reza chorosa. Nesse momento Cneio aparece em raios luminosos para lhe confortar e com doces palavras revela-lhe que sua mãe nunca foi infiel nos laços matrimoniais e ainda ressalta que aquela pequena criança se trata de uma promessa de amor: o pequeno ser é Ciro reencarnado, o qual volta para purificar as conquistas espirituais de Célia. Envolvida por benéficos magnetismos, Célia dorme tranqüilamente. No dia seguinte ela reencontra-se com Gregório e segue com ele até Minturnes. Aceitando sua acolhida numa choupana, ambos se tornam amigos e Gregório revela-lhe que seu verdadeiro nome é Lésio Munácio, um filho de antigos guerreiros que foi traído pela esposa e perdera a filha recentemente com uma peste fatal, decidindo depois de tantas tristezas seguir o caminho da doutrina cristã na pratica da caridade, mesmo tendo de passar por várias perseguições, calúnias e sacrifícios. Entremeio a conversa, Célia descobre que Lésio foi amigo de seu avô, o qual salvou-lhe a vida libertando-o do cárcere donde se confinavam os religiosos fieis a Jesus. Ciro reencarnado falece e Célia se encontra com ele durante o sono. Célia se faz de homem e é apresentada por Lésio, através de carta, como seu filho viúvo, conseguindo assim receber acolhimento no monastério próximo de Alexandria. Assim Célia transforma-se em Irmão Marinho.
Tempos depois Célia é acusada de, na figura masculina, ter engravidado Brunehilda, sendo expulsa do mosteiro depois de um escândalo por conta de uma situação totalmente oposta à realidade e, ainda por cima, levando o suposto filho consigo. Alojando-se junto aos pobres, põe-se a trabalhar exaustivamente no cultivo de hortaliças e com alma humilde e cheia de amor começa a fazer pequenos milagres junto à população. Haltéria arrependida conta à Alba e Helvídio os erros cometidos no passado junto à Cláudia. Naquele ano de 145 Fábio Cornélio manda o oficial Silano reunir seus soldados para matar Cláudia sentenciando-a como conspiradora do império. Antes de morrer, Cláudia confessa que Silano é seu filho. Silano abre o medalhão que lhe foi dado por Cneio e reconhece tal veracidade com a mensagem materna ali inscrita. Vingativo Silano cumpre o pedido de sua mãe e mata Fábio. Hatéria é morta por ladrões. Alba morre e Helvídio vai atrás de Célia procurando-a por toda a Itália sem encontrá-la. Tempos depois seu antigo amigo Rúfio Propércio lhe visita contando-lhe sobre o novo pregador de Jesus chamado Saulo Antônio. Pela primeira vez Helvídeo resolve ir ao encontro de um cristão. Inspirado pelos céus quando questionado por Helvídio, Saulo revela que aprendeu todos aqueles ensinamentos com o apostolo Irmão Marinho e recomenda a Helvídio que o procure em Alexandria.
Célia segue sua vida pura de humildade e renúncia. O filho de Brunehilda também falece e Cneio lhe aparece outra vez revelando-lhe que aquele segundo filho por ela adotado também era Ciro, o qual fazia das pequenas existências uma expiação por ter se suicidado em vida anterior. Em seguida Alba lhe aparece submersa em véu de tristeza. Dias depois Célia reconhece o pai em meio a uma palestra que professa. Helvídio tenta reconhecer porque a voz daquele jovem lhe é tão familiar. Em conversa particular, Célia oferece sua choupana para hospedar Helvídio e confortá-lo em suas amarguras internas. Amparado pelo carinho do Irmão Marinho, Helvídio confidencia todas as suas dores e revela seus amargos arrependimentos com relação à filha. Célia tem vontade de abraçar o pai, mas sente ainda não ser o momento propicio e conforta Helvídio com suas palavras sábias, dizendo que sua filha sofreu conforme lhe foi designado pela justiça divina. Por fim Célia não consegue suportar as fortes emoções e irrompida num pranto profundo diz a Helvídio para não lastimar o passado e ter fé sempre, a fim de perseverar com boa-vontade nas durezas da vida. Sem se revelar, Célia recomenda-lhe a fazer a caridade aos mais necessitados, pois apenas assim seu espírito poderá conquistar um coração amoroso e pacifico como o da filha, advindo daí o merecimento para reencontrar com esta através dos laços da afinidade moral.
Dias depois, eternamente grato, Helvídio se despede e seguindo viagem vai direto à casa de Helvídia e Caio comunicar que adiantará a herança da filha, uma vez que pretende doar todo o resto aos pobres e necessitados. Enfrentando os perigos da situação política, Helvidio não faz mistério das suas convicções religiosas e abandonando todos os conceitos da aristocracia, inicia seus atos de caridade. Um ano depois, já sentindo a morte próxima, Helvídio volta a procurar Irmão Marinho, o qual também já se encontrava doente e enfraquecido. Após escutar do pai todos os seus relatos de caridade como uma súplica a Deus para reencontrar a filha, esta revela sua real identidade e entremeio a lágrimas, reza a Jesus fechando as pálpebras do pai para o sono derradeiro. Uma multidão de espíritos iluminados aparece para acolher o espírito redimido de Helvídio. Acolhida novamente no mosteiro e embalada pelo cântico das crianças que tanto a adoravam, Célia falece antevendo antes do suspiro final o seu avô junto de seus pais, Nestório, Hatéria, Lésio e seu amado Ciro. Ao descobrirem que Irmão Marinho era uma mulher, mandam chamar Brunehilda, a qual revela a verdade escandalosa de seu ato insensível. Célia é chamada a um mundo superior, onde lhe foi concedida à tarefa de velar pela evolução dos seus entes bem-amados, os quais permaneciam nas esferas mais próximas da Terra, regiões de trabalho e de luta, buscando cada qual armazenar energias novas para subseqüentes esforços no plano material. Cláudia, Lólio, Fábio e Siliano permaneciam em áreas espirituais mais sombrias. Nestório e Policarpio faziam excursões pelos arredores pesados do planeta, cooperando com os mensageiros de Jesus, que pregavam a Boa Nova aos espíritos desalentados e sofredores.
Um dia, porém, um mensageiro das alturas convoca o grupo familiar de Cneio para que efetuem a livre escolha das provações futuras. Deste modo, tais personagens junto a centenas de escravos, servos e espíritos amigos, regressam a carne para experimentar e colocar a prova o valor dos aprendizados adquiridos. Em finalização desse resumo, eis a frase do livro que mais gostei: ‘...as minhas dores constituem o preço de minha redenção para a luz da Eternidade...’ Realmente a história de Emmanuel junto à santa e evoluída Célia é profundamente cheia de ensinamentos emocionantes que outra vez me fizeram jorrar dos olhos as lágrimas que transbordaram de meu coração. Que o amor de espíritos tão sublimes que tanto sofreram para se redimirem na prática da humildade, do perdão e do amor, possam continuar nos iluminando hoje e sempre. Assim Seja!”
[i] XAVIER, Francisco Cândido. (Emmanuel). Cinqüenta anos depois: episódios da história do Cristianismo no século II. 19ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
Alba pede a Túlia Cevina, esposa do tribuno Máximo Cunctatos, para lhe arrumar três servas de confiança. Cláudia, a qual possui ímpetos de vingar-se de Alba, por achar que esta lhe roubou a felicidade, pede a Hatéria, sua serva, para se apresentar a Túlia. Assim Hatéria faz apresentando-se com humildade e singeleza, fazendo-se de submissa, desvelada e carinhosa. Logo a serva conquista a confiança de Alba. Nestório surpreende Cláudia com Haltéria. Célia relata suas alegrias religiosas com o avô, mas ele não a compreende, alegando que Jesus só deixou ensinamentos impossíveis de aplicar-se na vida real. Célia também relata sua paixão pelo escravo Ciro, o qual se tornara livre após salvá-la durante uma excursão donde acompanhava a família remando a gôndola, a qual foi abalada por um vento forte fazendo Célia cair nas águas. Em narrativa ela conta que Ciro foi levado preso e açoitado a mando de Helvídio assim que este foi informado por Pausanias, chefe dos serviços servis, de forma maldosa e proposital, que o jovem escravo estava bolinado Célia. Sofregamente Célia chora ao relembrar que Ciro sempre respeitara a diferença entre eles e lhe passara os maiores ensinamentos sobre o Cristo, demonstrando que a dor e a humilhação não deveriam afetar o espírito. Ciro foi enviado numa embarcação para longe e Célia prometeu que nunca olvidaria suas mensagens de paz e fé ligadas a Jesus, disposta a defender a doutrina cristã com todas as forças de sua alma.
Helvídia se apaixona por Caio. Cláudia se insinua para Helvídio enquanto Lólio faz o mesmo para com Alba, mas ambos permanecem fieis ao matrimonio. Helvídio vai para Tibur auxiliar o imperador Élio Adriano. Alba aceita o convite de sua grande amiga Túlia Cevina para irem a um encontro religioso secreto nas catacumbas rezar para que Helvídio retorne rápido de sua viagem. Entretanto, de ultima hora, sentindo-se cansada e doente, pede a Célia que vá em seu lugar. Ambas vão à pregação do evangelho e descobrem com espanto e alegria que o orador não era Policárpio (discípulo do apostolo João Evangelhista), mas sim Nestório. Ao termino da pregação uma surpresa sucede: o liberto Ciro reconhece seu pai Nestório e sua amada Célia. Dias depois o inquiridor Pompônio Gratus interroga Nestório e este responde que negar a fé cristã é como trair a própria consciência. Os centuriões encaminham Nestório para o escritório de Fábio Cornélio, mas o cristão não teme as torturas e se recusa a entregar seus companheiros, os quais eram tidos como conspiradores. Ciro e Nestório são levados ao cárcere junto de outros cristãos. Poucos dias depois Helvídeo retorna a Roma e reencontrando-se com o sogro Fábio fica sabendo das prisões ocorridas. Irado por saber que Ciro é filho de Nestório e verificando a proximidade da filha com o mesmo, Helvídeo arruma meio de ir conversar com Nestório, mas desiste de libertá-lo quando este confessa ser cristão. Nestório suplica pelo filho, mas Helvídio se nega a intervir a favor de qualquer um que se diga cristão e confessa seu ódio por Ciro.
Cláudia vai à casa de uma consulente chamada Plotina. A velha clarividente a aconselha a abandonar todos os planos maléficos que possui em mente, afirmando que sua rival Alba é muito protegida por seres espirituais. Hatéria continua a detalhar os pormenores ocorridos no lar de Alba e Helvídio. Através do avô, Célia consegue ir visitar Ciro antes da morte do mesmo. Célia chora ao ver Ciro tão desfigurado pelos maus tratos e pouca alimentação. Ciro a consola e a faz prometer que não deixará nenhuma energia negativa perturbar seu coração, bem como jamais deixar de honrar a fé divina. Os cristãos, dentre eles Ciro e Nestório, são martirizados com flechas envenenadas, mas nem com o peito cravado de setas não deixam de rezar e entoar hinos esperançosos a Jesus. No meio da arena os mártires do Cristianismo são resgatados pelos anjos enquanto os corpos são arrastados para fora do local. Cláudia agindo na intenção de separar Helvídio de Alba, conversa com Adriano para que este volte a chamá-lo para trabalhos na Grécia. Assim os fatos se materializam, ficando Alba novamente desprotegida diante das insinuações de Lólio.
No leito de morte, Cneio Lucius recebe a visita do filho adotivo Silano, dando-lhe um medalhão que foi encontrado consigo quando Márcia, sua irmã mais velha, o encontrou. Naquele fim de primavera do ano de 133, Cneio falece. Célia percebe a presença de Nestório junto a uma equipe espiritual que socorre seu avô nos planos invisíveis. Helvídia casa-se com Caio. Cláudia manda Hatéria pegar uma criança na roda-de-expostos (local donde as mulheres costumavam abandonar seus filhos) e levando-o para a casa de Alba mente dizendo a Célia que aquela criança é filha de sua mãe com Lólio. Hatéria coloca sonífero na bebida de Alba. Helvídio retorna ao lar. Cláudia escreve uma carta despedida fazendo de conta que é de seu esposo e forjando um suicídio acrescenta veneno na bebida de Lólio. Helvídio irritado pergunta de quem é o bebê e cheia de fé na providencia divina, buscando sacrificar-se por sua mãe, Célia responde que aquele pequeno ser é seu filho e ainda diz que foi Lólio quem a abusou sexualmente por não ter conseguido nada com sua mãe Alba. Hatéria surpresa com o imprevisto desenrolar da cena é obrigada a confirmar a versão de que ajudara Célia a dar a luz àquele recém nascido. Cheio de ódio pela desonra familiar e por ser a filha uma seguidora do cristianismo, Helvídio expulsa Célia de casa para não cometer a loucura de matá-la com um punhal. Helvídio vai a procura de Lólio e recebe a notícia de seu suposto suicídio. Dormindo ao relento e ganhando alimento nas ruas, Célis ora tentando validar sua fé. Helvídio providencia o falso funeral de Célia, pois apenas a suposta morte desta poderia encobrir o ocorrido vergonhoso. Júlia falece de um colapso cardíaco não suportando os últimos acontecimentos. Célia é acolhida por Orfília, seu marido Horácio e filho Júnior. Pouco depois fica sabendo do fato de sua própria morte falsa e assim, apresenta-se com o nome de Marta dizendo ser uma viúva abandonada. Aproveitando a viagem que Júnior ia fazer, Célia decide acompanhar o jovem até Gaeta. Júnior insinua-se para Célia não contendo seus impulsos perniciosos.
Julio e Célia se acomodam numa hospedaria. Abrindo seu coração para a serva arrumadeira do local, esta lhe ajuda a fugir no meio da madrugada. Nas ruas ela ganha carona com Gregório, um carreteiro, para distanciar-se da hospedaria. Escondendo-se numa gruta, Célia encontra Caio junto a outros cavaleiros. Caio não reconhece Célia por julgar que esta já morreu e oferece-lhe dinheiro, o qual ela recusa aceitar. Sentindo-se desamparada, Célia observa Caio sumir na escuridão e reza chorosa. Nesse momento Cneio aparece em raios luminosos para lhe confortar e com doces palavras revela-lhe que sua mãe nunca foi infiel nos laços matrimoniais e ainda ressalta que aquela pequena criança se trata de uma promessa de amor: o pequeno ser é Ciro reencarnado, o qual volta para purificar as conquistas espirituais de Célia. Envolvida por benéficos magnetismos, Célia dorme tranqüilamente. No dia seguinte ela reencontra-se com Gregório e segue com ele até Minturnes. Aceitando sua acolhida numa choupana, ambos se tornam amigos e Gregório revela-lhe que seu verdadeiro nome é Lésio Munácio, um filho de antigos guerreiros que foi traído pela esposa e perdera a filha recentemente com uma peste fatal, decidindo depois de tantas tristezas seguir o caminho da doutrina cristã na pratica da caridade, mesmo tendo de passar por várias perseguições, calúnias e sacrifícios. Entremeio a conversa, Célia descobre que Lésio foi amigo de seu avô, o qual salvou-lhe a vida libertando-o do cárcere donde se confinavam os religiosos fieis a Jesus. Ciro reencarnado falece e Célia se encontra com ele durante o sono. Célia se faz de homem e é apresentada por Lésio, através de carta, como seu filho viúvo, conseguindo assim receber acolhimento no monastério próximo de Alexandria. Assim Célia transforma-se em Irmão Marinho.
Tempos depois Célia é acusada de, na figura masculina, ter engravidado Brunehilda, sendo expulsa do mosteiro depois de um escândalo por conta de uma situação totalmente oposta à realidade e, ainda por cima, levando o suposto filho consigo. Alojando-se junto aos pobres, põe-se a trabalhar exaustivamente no cultivo de hortaliças e com alma humilde e cheia de amor começa a fazer pequenos milagres junto à população. Haltéria arrependida conta à Alba e Helvídio os erros cometidos no passado junto à Cláudia. Naquele ano de 145 Fábio Cornélio manda o oficial Silano reunir seus soldados para matar Cláudia sentenciando-a como conspiradora do império. Antes de morrer, Cláudia confessa que Silano é seu filho. Silano abre o medalhão que lhe foi dado por Cneio e reconhece tal veracidade com a mensagem materna ali inscrita. Vingativo Silano cumpre o pedido de sua mãe e mata Fábio. Hatéria é morta por ladrões. Alba morre e Helvídio vai atrás de Célia procurando-a por toda a Itália sem encontrá-la. Tempos depois seu antigo amigo Rúfio Propércio lhe visita contando-lhe sobre o novo pregador de Jesus chamado Saulo Antônio. Pela primeira vez Helvídeo resolve ir ao encontro de um cristão. Inspirado pelos céus quando questionado por Helvídio, Saulo revela que aprendeu todos aqueles ensinamentos com o apostolo Irmão Marinho e recomenda a Helvídio que o procure em Alexandria.
Célia segue sua vida pura de humildade e renúncia. O filho de Brunehilda também falece e Cneio lhe aparece outra vez revelando-lhe que aquele segundo filho por ela adotado também era Ciro, o qual fazia das pequenas existências uma expiação por ter se suicidado em vida anterior. Em seguida Alba lhe aparece submersa em véu de tristeza. Dias depois Célia reconhece o pai em meio a uma palestra que professa. Helvídio tenta reconhecer porque a voz daquele jovem lhe é tão familiar. Em conversa particular, Célia oferece sua choupana para hospedar Helvídio e confortá-lo em suas amarguras internas. Amparado pelo carinho do Irmão Marinho, Helvídio confidencia todas as suas dores e revela seus amargos arrependimentos com relação à filha. Célia tem vontade de abraçar o pai, mas sente ainda não ser o momento propicio e conforta Helvídio com suas palavras sábias, dizendo que sua filha sofreu conforme lhe foi designado pela justiça divina. Por fim Célia não consegue suportar as fortes emoções e irrompida num pranto profundo diz a Helvídio para não lastimar o passado e ter fé sempre, a fim de perseverar com boa-vontade nas durezas da vida. Sem se revelar, Célia recomenda-lhe a fazer a caridade aos mais necessitados, pois apenas assim seu espírito poderá conquistar um coração amoroso e pacifico como o da filha, advindo daí o merecimento para reencontrar com esta através dos laços da afinidade moral.
Dias depois, eternamente grato, Helvídio se despede e seguindo viagem vai direto à casa de Helvídia e Caio comunicar que adiantará a herança da filha, uma vez que pretende doar todo o resto aos pobres e necessitados. Enfrentando os perigos da situação política, Helvidio não faz mistério das suas convicções religiosas e abandonando todos os conceitos da aristocracia, inicia seus atos de caridade. Um ano depois, já sentindo a morte próxima, Helvídio volta a procurar Irmão Marinho, o qual também já se encontrava doente e enfraquecido. Após escutar do pai todos os seus relatos de caridade como uma súplica a Deus para reencontrar a filha, esta revela sua real identidade e entremeio a lágrimas, reza a Jesus fechando as pálpebras do pai para o sono derradeiro. Uma multidão de espíritos iluminados aparece para acolher o espírito redimido de Helvídio. Acolhida novamente no mosteiro e embalada pelo cântico das crianças que tanto a adoravam, Célia falece antevendo antes do suspiro final o seu avô junto de seus pais, Nestório, Hatéria, Lésio e seu amado Ciro. Ao descobrirem que Irmão Marinho era uma mulher, mandam chamar Brunehilda, a qual revela a verdade escandalosa de seu ato insensível. Célia é chamada a um mundo superior, onde lhe foi concedida à tarefa de velar pela evolução dos seus entes bem-amados, os quais permaneciam nas esferas mais próximas da Terra, regiões de trabalho e de luta, buscando cada qual armazenar energias novas para subseqüentes esforços no plano material. Cláudia, Lólio, Fábio e Siliano permaneciam em áreas espirituais mais sombrias. Nestório e Policarpio faziam excursões pelos arredores pesados do planeta, cooperando com os mensageiros de Jesus, que pregavam a Boa Nova aos espíritos desalentados e sofredores.
Um dia, porém, um mensageiro das alturas convoca o grupo familiar de Cneio para que efetuem a livre escolha das provações futuras. Deste modo, tais personagens junto a centenas de escravos, servos e espíritos amigos, regressam a carne para experimentar e colocar a prova o valor dos aprendizados adquiridos. Em finalização desse resumo, eis a frase do livro que mais gostei: ‘...as minhas dores constituem o preço de minha redenção para a luz da Eternidade...’ Realmente a história de Emmanuel junto à santa e evoluída Célia é profundamente cheia de ensinamentos emocionantes que outra vez me fizeram jorrar dos olhos as lágrimas que transbordaram de meu coração. Que o amor de espíritos tão sublimes que tanto sofreram para se redimirem na prática da humildade, do perdão e do amor, possam continuar nos iluminando hoje e sempre. Assim Seja!”
[i] XAVIER, Francisco Cândido. (Emmanuel). Cinqüenta anos depois: episódios da história do Cristianismo no século II. 19ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1987.
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