“Sonhei que o filho da inquilina (Toigá) ia dormir na minha casa. Nisso eu deixei o que estava fazendo e fui dar atenção para ele. No que cheguei perto ele pediu-me num tom de imploração para que eu não pegasse os brinquedos dele. Disse-lhe que não ia mexer em nada e acaricie-lhe os braços. Ele agradeceu-me de uma maneira tão afetuosa que estranhei. Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada. Eu sabia que com a mãe ele era super manhoso, mas comigo ele pareceu um verdadeiro, embora pequeno fisicamente, ser iluminado. Pensei comigo que tal idade só poderia ser a representação de Deus na Terra por causa da simplicidade, meiguice e espontaneidade tão pura e transbordante. Nisso ele foi dormir no sofá vendo televisão e deitei ao lado. Quando deixei de ver a televisão para conferir se ele dormira, era minha mãe quem estava deitada no lugar dele e estranhei como ela o carregara para a cama e ali se deitara sem eu nada perceber.
Em segundo eu dirigia um carro e até parecia saber dirigi-lo, mas estava com medo de atropelar alguém. Quando fui estacionar resgatei um bebê que uma menina acabara de colocar num terreno vago dentro de uma sacola de papel. Tanto ela quanto o bebê e a mãe eram de cor negra. O bebê era muito pequeno, mas ao pegá-lo pude ouvir seu coração batendo forte e não consegui não me importar com ele. A menina havia dito para a mãe que ninguém notaria que aquilo era um bebê, pois tinha muita semelhança com uma boneca. Entretanto, ela viu eu recolhendo o bebê e contou para a mãe. Essa deu-lhe uma bronca dizendo que era para colocar lá num momento em que não houvesse ninguém na rua. A mãe pareceu aflita pensando que eu fosse entregá-la para a polícia e eu realmente ia fazer isso, principalmente por não pretender ficar com aquele bebê para mim. Saí meia fugida com medo que a mãe viesse atrás de mim e, como se já não houvesse mais carro, tive que subir uma ladeira caminhando mesmo. Por fim escutei a mãe dizendo que ninguém ia dar atenção ao fato e que eu é que ficaria com o problema sem resolução.
Em terceiro eu estava chegando em casa quando notei o portão e a porta de entrada aberta. Pensei de entrar para conferir, mas notei que ainda havia alguém ali dentro e supus que fosse ladrão. Imediatamente tranquei a porta julgando trancar o ladrão lá dentro e fui até a casa dos fundos. O marido da inquilina dormia. Acordei-o alarmada com o ladrão, mas ele não deu a mínima e só fez virar para o outro lado. Conversei com a inquilina e o irmão dela, mas nenhum dos dois nem se quer pararam o que faziam para me ouvir. Vendo que não conseguia ajuda, comecei a gritar por socorro, a dizer que havia um ladrão na minha casa e decidida resolvi enfrentá-lo sozinha. Quando voltei ele estava tentando abrir a porta do lado de dentro. Corajosamente abri a porta e encontrei minha irmã e cunhado, os quais haviam chegado de viagem. Tudo fora apenas um mal-entendido da minha parte. Minha irmã havia destruído um enfeite de flores, batendo-o na porta, desesperada para que alguém abrisse-a antes que eu conseguisse chamar a polícia sem precisão. Em quarto sonhei que havia no quintal da minha casa um monte de gatinhos e cachorrinhos filhotes de várias espécies. Não entendia como aqueles filhotes, principalmente os cachorros de raça, haviam ido parar exatamente ali. Acariciei-os com prazer, mas sem vontade de ficar com nenhum deles para mim. Todos eram muito dóceis, brincalhões, fofos e bonitos.
Em quinto eu estava saindo de uma espécie de palestra e precisava de uma carona. Qualquer um ali poderia me oferecê-la, pois o destino seria um outro local específico para outra atividade do gênero. Entretanto, notei que algumas pessoas iam lanchar primeiro e, enquanto umas já estavam se retirando, outras ainda estavam conversando numa parte recanteada do estacionamento donde havia uma lanchonete. Foi então que um homem todo vestido de preto igual a um segurança particular colocou-se a minha esquerda e disse que o pessoal com quem eu fora de carona ainda ia demorar um pouco, querendo saber se eu ia esperar ou não para avisá-los posteriormente. Comentei que estava querendo arrumar outra carona, mas estava indecisa no meio de tantas pessoas. Foi então que ele mostrou-me um rapaz que estava sozinho num dos cantos a remexer no seu celular e, como se soubesse tudo a respeito de todos, passou-me várias informações a cerca do mesmo, como nome, idade, graduação, filiação, etc. Decidida fui ao encontro do rapaz desconhecido e me apresentei. Infelizmente não recordo o resto. Essas foram as únicas lembranças que conservei
Respondi por partes. O primeiro sonho demonstra o comportamento do menino, a atitude de subjugo frente à imagem de poder ou ao medo de perder o que possui. Isso indica que existe em “Alra” sentimento de apego e angústia pelo não vivido. Este o menino inferiorizado, possessivo e angustiado habita o interior de “Alra” e, mesmo enquanto inquilino, ele aparece dentro de sua casa. Ele pode ser meigo e espontâneo, mas é frágil, manhoso, defensivo e sofrido de modo que necessita do abrigo alheio para se proteger. Mas essa criança se transmutando em mãe pode ser a chave para entender de onde vem a baixa estima, o apego, a astúcia do dengo e principalmente do seu lado regredido: vem de sua mãe, ou nascida na relação com ela. Outro detalhe é a atenção voltada para um foco que tira a consciência do entorno a ponto de não perceber mudanças significativas. “Alra” precisa avaliar seu grau de dispersão, de fuga ou ausência. É relevante considerar que a criança possa ser uma imagem resultante da construção ou configuração psíquica de novas formas que nascem e se desenvolvem para o restabelecimento da relação de “Alra” com o mundo. Neste caso a criança é seu espelho como pessoa defensiva, cheia de medo, mas astuciosa.
Para finalizar a atualização psíquica é possível que a construção dessa realidade onírica tenha se formado para focar sua atenção na necessidade de estabelecer com o mundo novas formas de se relacionar, de buscar relações mais afetivas, criteriosas e também para despertar compaixão pelos que se angustiam frente à realidades desfavoráveis. Realcei-lhe que é sumamente importante ter paciência consigo mesma, com suas limitações e dificuldades. Quando aceitamos nossos limites podemos melhor compreender os limites alheios e aceitá-los. Naturalmente “Alra” repete comportamentos de sua infância, mas é preciso superá-los, romper com esses padrões de repetição para encontrar novas atitudes e respostas mais maduras. Interessante analisar a sentença: “Ele não aparentava ter apenas três anos, pois sua postura era muito madura, inteligente e educada.” Não adianta aparentar mais que a idade, ser mais maduro, inteligente e educado se mantivermos o comportamento de criança suplicante diante da vida. Há o momento de pedir e há o momento de conquistar. Quando pedimos, entregamos a satisfação ao poder de escolha do outro. Quando conquistamos, fazemos-o por mérito, postura e coragem. Superamos os desafios a partir do empenho, da dedicação, do esforço, de nossos próprios propósitos e da força aplicada ao trabalho. Essa é a conquista e a vitória que “Alra” precisa.
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No segundo sonho o carro é o veiculo que nos simboliza o corpo, o qual é um veículo mediador entre o espírito e a realidade. Simbolicamente, independente de “Alra” ter ou não um carro que favoreça seu deslocamento, a representação onírica demonstra a conquista da habilidade de dirigi-lo enquanto superação de um estágio de aprendizagem que dá-lhe o direito de condução do veículo. Isto representa um símbolo de mobilidade e autonomia pessoal. No sonho “Alra” aprende a dirigir a sua vida, ainda que tenha receio de passar por cima de interesses alheios com sua autonomia e decisões pessoais. “Alra” se identificou com o bebê abandonado no lote vago. Isso demonstra que ela sempre nutriu o conceito de abandono e carrega a cruz de sentir-se internamente carente. As crianças vêm aparecendo no sonho como indício de que “Alra” está se resgatando do abandono que se infligiu. Ainda permanece o conceito de culpabilidade materna, de julgamento, autoridade e busca de justiça. Além disso existe confusão conceitual, pois a vítima sai como que fugida e os papeis ficam invertidos: a vítima passa a ser perseguida e o culpado passa a ser autoridade. Um sinal bacana é a subida da ladeira com seu esforço pessoal, pois esse é o movimento pessoal de mudança, a energia que liberada serve para romper com os obstáculos. É o sinal de transformação pessoal que surge quando somos tomados de uma força que, nascendo na profundez de nós mesmos, aciona a resposta, impulsiona o sistema e promove a revolução pessoal. No final “Alra” ainda é provocada, ou se provoca, acreditando que seu movimento é inútil, que não faz diferença nenhuma aquilo que optou por fazer. É preciso não se deixar levar por esses boicotes internos, pois são conteúdos que diminuem seu poder e intenção de transformar sua realidade e vida.
No segundo sonho o carro é o veiculo que nos simboliza o corpo, o qual é um veículo mediador entre o espírito e a realidade. Simbolicamente, independente de “Alra” ter ou não um carro que favoreça seu deslocamento, a representação onírica demonstra a conquista da habilidade de dirigi-lo enquanto superação de um estágio de aprendizagem que dá-lhe o direito de condução do veículo. Isto representa um símbolo de mobilidade e autonomia pessoal. No sonho “Alra” aprende a dirigir a sua vida, ainda que tenha receio de passar por cima de interesses alheios com sua autonomia e decisões pessoais. “Alra” se identificou com o bebê abandonado no lote vago. Isso demonstra que ela sempre nutriu o conceito de abandono e carrega a cruz de sentir-se internamente carente. As crianças vêm aparecendo no sonho como indício de que “Alra” está se resgatando do abandono que se infligiu. Ainda permanece o conceito de culpabilidade materna, de julgamento, autoridade e busca de justiça. Além disso existe confusão conceitual, pois a vítima sai como que fugida e os papeis ficam invertidos: a vítima passa a ser perseguida e o culpado passa a ser autoridade. Um sinal bacana é a subida da ladeira com seu esforço pessoal, pois esse é o movimento pessoal de mudança, a energia que liberada serve para romper com os obstáculos. É o sinal de transformação pessoal que surge quando somos tomados de uma força que, nascendo na profundez de nós mesmos, aciona a resposta, impulsiona o sistema e promove a revolução pessoal. No final “Alra” ainda é provocada, ou se provoca, acreditando que seu movimento é inútil, que não faz diferença nenhuma aquilo que optou por fazer. É preciso não se deixar levar por esses boicotes internos, pois são conteúdos que diminuem seu poder e intenção de transformar sua realidade e vida.
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Sobre o terceiro sonho realcei que há uma mudança significativa na dinâmica do inconsciente de “Alra” frente aos acontecimentos. No passado vimos com recorrência o surgimento de ladrões, os quais representavam ameaças ao equilíbrio pessoal além do desconforto que promoviam. Agora é perceptível que a capacidade de defesa é mais adequada: “Alra” encontra o portão, a porta aberta, se defronta com a ameaça e busca o socorro, uma solução, denuncia o problema e decide encará-lo. No passado recente sua tendência era a defesa antecipada, algo que não a protegia e cuja ameaça a descompensava. O fantástico do sonho e que vem como surpresa é que não há ameaça! “Alra” foi confrontada assim como no passado, mas agora, mesmo que venha abrindo mão de defesas como máscaras, bloqueios, medos e dificuldades, sua resistência psíquica aparece mais fortalecida, pois “Alra” não sucumbe de pavor ao pânico. Sua reação é a busca de proteção e, uma vez não encontrando-a, faz o que deve fazer, encarar as dificuldades, superar os medos com atitude e postura. E um desempenho ótimo!
“Alra” é agraciada com a não ameaça e consequentemente com a realidade do mal entendido. Isso significa que ela mudou a atitude para enfrentar seus fantasmas e descobriu que eles se dissolveram, que eles eram criações mentais. Como que aconteceu? A modificação conceitual, a reflexão, as mudanças de atitudes, o entendimento, a compreensão, a consciência de suas dificuldades, etc. Suas respostas diante da vida modificam a vida diante de seus olhos. O inconsciente aceita a nova dinâmica, aponta o confronto e a nova resposta diante do mundo, do fato e da realidade. Isso indica o fechamento de um ciclo interno de crescimento. É um passo à frente, mas não basta, pois a profundidade do que precisa ser transformado pode ser mais amplo. Esse avanço pode ser apenas uma configuração básica que mudou e que exigirá mudança nas subsequentes. Neste momento de maturação perante as dificuldade emocional e instabilidade psíquica, “Alra” foi levada a procurar respostas para seus dilemas e encontrar novos instrumentais e conceitos. Basicamente pode-se dizer que ela está fechando uma configuração, estabelecida em sua adolescência, de defesa frente à seus medos e inseguranças. Felizmente as respostas que surgem são mais adequadas à vida adulta. Dois detalhes: 1. “Alra” chega a conclusões de forma muito rápida (esse foi o impacto ao ver o portão aberto e deduzir na possibilidade de ladrão ter invadido sua casa). Disse-lhe para ser mais cautelosa mediante diagnósticos da realidade. É preciso abandonar o achismo e fazer avaliações mais criteriosas do seu entorno; 2. A avaliação acelerada leva-a à defesa de se bloquear ou aos pensamentos imaginários e persecutórios.
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Sobre o terceiro sonho realcei que há uma mudança significativa na dinâmica do inconsciente de “Alra” frente aos acontecimentos. No passado vimos com recorrência o surgimento de ladrões, os quais representavam ameaças ao equilíbrio pessoal além do desconforto que promoviam. Agora é perceptível que a capacidade de defesa é mais adequada: “Alra” encontra o portão, a porta aberta, se defronta com a ameaça e busca o socorro, uma solução, denuncia o problema e decide encará-lo. No passado recente sua tendência era a defesa antecipada, algo que não a protegia e cuja ameaça a descompensava. O fantástico do sonho e que vem como surpresa é que não há ameaça! “Alra” foi confrontada assim como no passado, mas agora, mesmo que venha abrindo mão de defesas como máscaras, bloqueios, medos e dificuldades, sua resistência psíquica aparece mais fortalecida, pois “Alra” não sucumbe de pavor ao pânico. Sua reação é a busca de proteção e, uma vez não encontrando-a, faz o que deve fazer, encarar as dificuldades, superar os medos com atitude e postura. E um desempenho ótimo!
“Alra” é agraciada com a não ameaça e consequentemente com a realidade do mal entendido. Isso significa que ela mudou a atitude para enfrentar seus fantasmas e descobriu que eles se dissolveram, que eles eram criações mentais. Como que aconteceu? A modificação conceitual, a reflexão, as mudanças de atitudes, o entendimento, a compreensão, a consciência de suas dificuldades, etc. Suas respostas diante da vida modificam a vida diante de seus olhos. O inconsciente aceita a nova dinâmica, aponta o confronto e a nova resposta diante do mundo, do fato e da realidade. Isso indica o fechamento de um ciclo interno de crescimento. É um passo à frente, mas não basta, pois a profundidade do que precisa ser transformado pode ser mais amplo. Esse avanço pode ser apenas uma configuração básica que mudou e que exigirá mudança nas subsequentes. Neste momento de maturação perante as dificuldade emocional e instabilidade psíquica, “Alra” foi levada a procurar respostas para seus dilemas e encontrar novos instrumentais e conceitos. Basicamente pode-se dizer que ela está fechando uma configuração, estabelecida em sua adolescência, de defesa frente à seus medos e inseguranças. Felizmente as respostas que surgem são mais adequadas à vida adulta. Dois detalhes: 1. “Alra” chega a conclusões de forma muito rápida (esse foi o impacto ao ver o portão aberto e deduzir na possibilidade de ladrão ter invadido sua casa). Disse-lhe para ser mais cautelosa mediante diagnósticos da realidade. É preciso abandonar o achismo e fazer avaliações mais criteriosas do seu entorno; 2. A avaliação acelerada leva-a à defesa de se bloquear ou aos pensamentos imaginários e persecutórios.
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No quarto sonho “Alra” já conhece seu lado gata, felina e arisca. Chamou-me a atenção o quintal cheio de bichos, o cuidado e as carícias expressas, a diferenciação e o não envolvimento configurado pela ausência do desejo de posse. Há um pragmatismo materialista no foco de percepção pessoal que define a conduta e as escolhas. Naturalmente bicho não representa objeto que desperte ou que mobilize o encantamento de “Alra”, pois ela só se encanta com coisas extraordinárias. Este pode ser um referencial magistral, um diferencial e um desafio. Precisamos nos libertar, não do que não nos seduz, mas daquilo que nos atrai, nos encanta e nos coloca em um nível perigoso de suscetibilidade. Precisamos nos libertar daquilo que gostamos e que nos faz prisioneiros e não daquilo que não nos prende a atenção. Neste aspecto “Alra” tem um parâmetro perfeito. O inconsciente oferece uma bela referência para ela se ligar no que a faz presa fácil. Fica evidente que ela se mostra afetiva, mas não se mistura, mantêm-se distanciada, sem confusão emocional. Ela sabe o que quer e o que não quer. É sem dúvida uma atitude segura diante dos fatos e da vida em si.
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No quinto e ultimo sonho a dependência define os acontecimentos, os contatos e aproximações. Isso é semelhante a ter uma chave, abrir uma porta, mas não ter condição de passar pela mesma. Finalizando, disse que ela precisa repensar seus caminhos pessoais e fortalecer a sua libertação.
COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
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