Obrigada pela visita!

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domingo, 4 de julho de 2010

Dez sonhos (respondidos)...


Logo cedo “Alra” foi acordada por sua mãe para irem ao Uai, pois “Alra” continuava tossindo muito e “Graúda” estava preocupada. “Alra” não queria ir, pois pronto socorro é para casos emergenciais e de fato, ela foi e não conseguiu ser atendida. Ao passar pela triagem a enfermeira mediu sua temperatura, os batimentos cardíacos e a oxigenação. Como tudo estava normal ela disse que “Alra” tinha de marcar uma consulta com um clinico geral. “Alra”, depois de tanta espera, saiu de lá imensamente irritada. Ela preferia tossir o resto da vida a ter de marcar uma consulta, ainda mais agora que estava trabalhando naquele recinto e já tinha de passar seis horas sentada de “plantão”. Atendimento público demorado como era, melhor seria dar jeito de tomar uma vacina antibiótica e pronto. Sua tosse não era constante, mas nos momentos de crise a tosse lhe provocava vômito e já acontecera dela de fato vomitar. O melhor mesmo era fazer o impossível para segurar a tosse, apesar disso quase a fazer explodir.


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Ainda na parte da manhã ela revelou-me a sequencia de sonhos que tivera a noite: “Primeiro sonhei que segurava um bebê. Não era meu filho, mas ele sorria muito para mim enquanto eu brincava com ele.


Em segundo, sonhei que havia uma jovem chorando (essa jovem é a filha do primeiro casamento do meu cunhado), dizendo que os pais dela iriam expulsá-la de casa. Havia uma outra jovem com ela que estava calada. Eu aproximei-me e compreendendo sua tristeza comecei a chorar perguntando se o que ela sentia era uma dor imensa no peito. Ela afirmou com a cabeça. Nisso os pais dela apareceram e deram-lhe opção de uns cinco tipos de comprimidos para ela tomar. Ela escolheu o maior deles e engoliu. Eu sabia exatamente o que ela estava sentindo: um pré-abandono desesperado e medroso daqueles que corrói a pessoa por dentro.



Em terceiro, eu estava na varanda de algum lugar quando dois carros quase se colidiram. Nisso o motorista de um dos carros saiu do veículo, foi até o outro e tirou de dentro dele o motorista que era deficiente físico (inclusive ele tirou-o do carro já sentado na cadeira de rodas) e deixou o mesmo largado no meio da rua. Estava de noite e muitos olhares indignados correram para o local a fim de anotar a placa do sujeito que estava maltratando o outro. Fiquei revoltada com aquilo, pois ambos não estavam travando uma briga de igual para igual.


No quarto sonho eu estava dançando entre vitrines de um shopping que parecia um labirinto. Eu dançava de uma maneira sensual. Não haviam expectadores e eu sentia-me a vontade. Houve um momento em que precisei descer uma escada e essa encolheu, ou melhor, seus degraus recolheram-se. Foi preciso esperar uma outra mulher aparecer e tentar voltá-lo ao normal.



Em quinto sonhei que estava vendo minha mãe lavar roupas junto a outra mulher e eu parecia bem alegre conversando bobagens no meu estilo de falar ironias humorísticas.


Em sexto eu estava procurando um terreiro de Umbanda por umas vilas. Eu parecia tranquila com o pessoal desconhecido. Estava de noite e a claridade das luzes eram fracas, mas ainda assim pude notar a beleza dos moços e homens morenos e negros. Nisso fui informada de que o terreiro era ali mesmo e que logo começariam a trabalhar. Fiquei esperando e de fato não demorou, mas antes houve uma espécie de dança teatral um pouco exagerada. Era uma cena sobre ciúmes. De um lado havia um casal dançando e bailavam com tanta velocidade que começaram a derrubar os copos e algumas coisas de comer que estavam numa mesa no centro do local. Parece que eles esbarravam na mesa de propósito. Do outro lado da mesa chegou um rapaz numa moto e ele acelerava muito para demonstrar seu ciúme. Achei aquela encenação bastante carregada e não entendia, pois parecia muito real como se não fosse apenas um mero teatrinho dançante.



Em sétimo eu estava num local que não sei dizer o que era. Eu estava no andar superior estilo pé direito e de lá podia ver o segurança que sentado estava na porta de entrada principal. Parecíamos muito amigos. Mandei-lhe um beijo e ele devolveu-me outro. Ficamos um breve tempo na brincadeira de conversar por mímica a distância, até que tive de ir cumprir minhas obrigações e retirei-me do local. Interessante que esse segurança era o ator Lincoln Tornado, que possui a mesma idade minha e está fazendo o personagem Ezequiel na novela das seis horas, cujo papel é exatamente de segurança.


Em oitavo eu fui para perto de minha mãe e avó e perguntei algo sobre Tupaciguara (não tenho certeza se era essa cidade). Minha avó comentou que era a segunda cidade que ela mais gostava, pois ao menos na época dela, era uma cidade rural com muitas fazendas. Na vida real minha avó nem se quer conhece Tupaciguara. Não sei por qual motivo fui lhe perguntar sobre tal cidade, mas era como se algo do meu passado estivesse relacionado ao assunto.


Em nono alguém me disse que o Gustavo já houvera morado ali, que ele estava com raiva e queria mesmo era me matar. Na vida real tenho um primo com esse nome, mas há anos não temos contato nenhum (imagino que o Gustavo do sonho seja uma figura misteriosa e interna minha que nada tenha a ver com meu primo).


Em décimo eu estava vendo da janela de uma escada um grupo de paraquedistas. Depois dos saltos eles adentraram no prédio. Nisso encontrei com uma mulher e ela chamou-me agarrando minha mão e praticamente me puxando. Perguntei por que ela não me avisara daquele grupo, pois se eu soubesse, teria me inscrito para pular de paraquedas também. Ela me retirou do local, nós passamos no meio do grupo de paraquedistas que estavam no corredor (ficou uma fileira de homens uniformizados de ambos os lados) e começamos a descer numa outra escada quando ela perguntou-me se eu tinha certeza de não estar caindo outra vez numa armadilha. Ia responder que não quando ela transformou-se num homem que agarrou meu pescoço e tentou com a boca enfiar-me uma espécie de espinho envenenado na minha testa. Percebi que era sim outra emboscada. Uma força estranha surgiu em mim e consegui desvencilhar-me dele enquanto ele/ela se desequilibrava e caía da escada. Depois de rolar dois raus ele parou desfalecido. Instantaneamente aquela já não era mais eu, pois eu estava em frente a uma televisão assistindo aquelas cenas, aos quais faziam parte de um filme chamado A vida de Isabel (ou poderia ser Isabela, não lembro direito). Assistindo as cenas finais do filme, vi-me na tela, mas meu rosto foi mudando para outras faces femininas e masculinas até que ela ficou idêntica a face comumente conhecida como a de Jesus e depois ainda continuou sua transformação para época ainda mais remotas. A moral da história do filme era mostrar que Jesus poderia ter retornado numa figura feminina. Só não consegui associar ou aceitar que essa figura feminina fosse eu. Era como se eu tivesse tomando rápido conhecimento de todas as aparências de rosto que tive de encarnação a encarnação. Acho difícil interpretar o sentido de um sonho como esse. Por ultimo eu voltei a sonhar com a jovem do segundo sonho. Ela e outras jovens estavam fazendo algumas coisas de comer. Eu não me sentia muito bem tanto física quanto emocionalmente e procurei um lugar para deitar. Ela nem se quer foi ver o que eu tinha e fiquei lamentosa pela postura insensível dela. Sem mais, isso é tudo o que lembrei.”


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Primeiro disse-lhe que pensar na compensação de ter um filho simboliza a realização da maternidade. Mas não podemos desconsiderar o simbolismo do nascimento interior, a formação de conteúdos que representam o renascimento da criança nela mesma no sentido de espontaneidade, naturalidade e alegria de viver. “Alra” precisa cuidar dessa criança que vem se anunciando, amá-la, educá-la e formá-la ou transformá-la em uma mulher plena, corajosa, integra e digna.


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Sobre o segundo sonho, ressaltei que ele poderia ser catártico e de atualização, pois frente a tensões e enfrentamentos o sonho reequilibra as funções musculares promovendo um relaxamento que compense a tensão da angústia, ou seja, ele diminui a angústia mascarada e aumenta o limiar de resistência, renovando a capacidade de resposta orgânica frente a cenários e novos eventos de tensão e fonte de angústia. Sua identidade transparece que a dor vivida pelo outro é projeção de seu desconforto, e o apoio familiar compensa sua necessidade de proteção. O momento parece de angústia, ou há alguma tristeza mascarada, pois o sonho evidencia que seu desejo é ser cuidada. Enquanto vendo-se frágil aceita até uma dosagem elevada de amortecedor. A psiquê cuida de reequilibrar seus mecanismos descompensados. No sonho a imagem do abandono, rejeição e punição, realça a condição precária em decorrência da dependência do outro. O mecanismo toca no ponto de fragilidade (medo de rejeição) para mobilizar e compensar a angústia ou a elevada tensão do momento. E também é possível que a mobilização seja para aumentar o limiar de resistência, diminuindo a suscetibilidade de “Alra” frente à condições emocionais adversas.


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O terceiro sonho demonstra colisão e mais confronto. De alguma forma “Alra” está promovendo em si mesma algum mau trato, talvez esteja passando por cima de algum lado seu que, sendo mais frágil, não consegue igualdade ou espaço. Sua revolta chamou-me a atenção, pois demonstra que ainda permanece no papel de “justiceira”, a qual com a espada (que para mim é arquétipico) se manifesta em geral nas mulheres dominadoras e castradoras, repressoras e reprimidas. Encontram como justiceiras uma possibilidade de aplicar no meio a rigidez e a força da repressão que aplicam em si mesmas. Isso é um conteúdo que precisa se trabalhado, principalmente, flexibilizado. Essa Santa Indignação projetada em defesa do outro deve ser a atitude, a energia adequada para aplicar em seus propósitos, em sua vida.


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No quarto sonho não há espectador. Isso simboliza que a timidez de “Alra” bloqueia sua necessidade de visibilidade, ou então a visibilidade é apenas a necessidade de compensar seu sentimento de abandono. Surge a necessidade de exibir-se, mas o medo de invasão ou de se expor ao julgamento moral a impede de satisfazer seu desejo, sua vaidade, sua natureza narcísica. Assim ela dança e se exibe apenas para si mesma. Naturalmente, já vimos suas características narcísicas e sua necessidade de compensar a sua baixa estima ocupando o foco de atenção, o palco, a vitrine. Independente disso achei interessante a descida de escada que associei com regressão, retorno e recuo: as escadas se fecham e bloqueiam seu caminho de descida, de volta. Quando avançamos a estrutura psíquica não mais nos permite o recuo aos estágios anteriores. Neste caso, apenas a nova mulher que surge permite o tráfego entre desníveis. Vivemos permanentemente entre duas forças: uma que nos impulsiona para a frente, para o avanço, a expansão; e outro que nos puxa, bloqueia, trava e empurra para a retração. São polaridades opostas. Quanto maior a diferença da força que impulsiona e a força que retrai, maior a tendencia de estagnação ou de retrocesso. Quanto mais fortalecemos a harmonia entre os opostos, maiores as possibilidade de aproximação destes opostos e, consequentemente, de sua integração. Nossos avanços não nos asseguram nada, o que nos fortalece é a integração dos opostos.


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O quinto sonho é leve e demonstra o natural, o espontâneo, a imagem de como o simples é essencial aos olhos e à alma. Este estado, esta condição, que muitos perdem ao longo da vida, seja pela seriedade de suas tragédias ou pela gravidade que se empenham em seus mal entendidos, ou pela importância que se acreditam e que se dão, mostra que a felicidade pode estar ao nosso lado, a um palmo de nossas mãos: basta que a toquemos. Mas o poder de tocar a felicidade é resultado de uma conquista: a de ir ao inferno e sobreviver, mantendo o espírito puro, e mesmo com o corpo marcado, trilhar o caminho de saída e reencontrar o caminho do paraíso. Em suma o sonho indica alegria em decorrência do processo de purificação, limpeza e lavação da sujeira.


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O sexto sonho mostra que existe um “intento” voltado para o ritual ou trabalho religioso. A pré ocupação, o foco, está voltado para localizar o lugar no espaço onde a intenção se realiza. E neste momento ocorre o imprevisível: a dança, o movimento impulsivo, caótico e destrutivo do embate, da competição. “Alra” define o evento como ciúme. Podem ser conteúdos de inconsciente, pulsões fora de controle que acionam a competição destrutiva que ela carrega em si como uma armadilha da vaidade, do egoísmo e da possessividade. Nisso ela pode cair no erro de incorporar o equivoco de que é o único sentido na vida do outro, a melhor, sem perceber que passa por cima do direito alheio de realizar outras escolhas. A insegurança, a inferioridade e o medo à rejeição se realçam sendo projetados de forma possessiva e agressiva. É a forma de domínio pela imposição, a autoridade que ela se impõe para realizar seu desejo ou mostrar sua insatisfação. Pode ser uma outra faceta da “Justiceira”. Outro detalhe que me chamou a atenção é a velocidade: sua forma de realizar as coisas é acelerada, descontrolada ou impaciente no sentido de fazer seu comportamento ser dispersivo, fora do eixo. O que parece favorecê-la acaba sendo resultado de ações impensadas. Se pudesse chegar a uma mensagem, eu diria: existem atitudes, comportamentos e preços que pagamos que podem ser mais altos e produzir mais consequências do que poderíamos imaginar ou querer. É preciso interromper e paralisar essas respostas para que parem seu processo de crescimento antes que se tornem monstros destrutivos pela vida afora.


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O sétimo sonho mostra “Alra” satisfazendo o desejo de ter um homem como seu segurança, seu herói e protetor, mas sob o seu comando. A relação vivida é até certo ponto infantil e lúdica. “Alra” se mantém num nível superior à figura masculina, ainda que ele represente sua proteção e segurança. Há avanços, pois se no passado a relação era de ameaça, hoje é de proteção. A imagem lembrou-me jogos de sedução, ainda que infantis. Ela realiza o jogo de sedução, ou jogo erótico, mas se mantém à uma certa distância, preservando a margem de segurança e proteção. Assim ele representa uma auto-segurança que está associada à defesa e que é mantida pelo distanciamento. O artifício é utilizado por pessoas que não querem se expor. Ao longe sinalizam envolvimento, mas não permitem a proximidade, por medo de exposição ou de envolvimento emocional que as tirem de seus “controles”. Mantêm vínculos afetivos platônicos, idealizados, relações que não se realizam ou que ficam apenas nos jogos de sedução, típico de adolescentes. Mas o envolvimento sinaliza uma dinâmica de maturação significativa no seu processo de desenvolvimento: o estabelecimento de uma conexão com o masculino em evolução. As relações corporais são relações primarias que evoluem para a conversação, para o diálogo elaborado e a codificado através de símbolos e signos. Inicialmente os contatos são visuais ou envolvem o universo sensorial (cheiros, estética, química, energia de corpo, sons, etc.) para em seguida estabelecer-se a conexão verbal.


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Sobre o oitavo disse-lhe que Tupaciguara é uma palavra tupi que significa Terra da Mãe de Deus. Naturalmente o nome registrado no inconsciente salta e chama a atenção para o significado, algo que focaliza sua atenção. Terra da Mãe de Deus pode ser referência à Terra Santa. Se for sonho pessoal pode ser referência à relação com a religiosidade ou com a proximidade à terra santa. Se coletivo, pode fazer referência ao Campo Santo associado à avó. A terra é a matriz, representa a mãe, simboliza a fecundidade e a regeneração, nosso pouso e elemento, fonte de nosso alimento. É a perfeição passiva fecundada pela ação do principio ativo. É o pó em que nos transformaremos. É símbolo do consciente, dos desejos terrenos, das nossas possibilidades de sublimação, bem como de perversão no sentido de transgressão, de transformar-se no rumo oposto, na oposição. É o espaço de nossas vidas, o lugar dos conflitos e das batalhas, dos embates, fracassos e vitórias do ser humano. É também nossa casa, nossa estação de parada na viagem cósmica de nossas vidas. A terra é representação do princípio de realidade, do sustento, dos pés no chão, do presente. Neste aspecto contrapõe o ilusório, o imaginário, a idealização e o aéreo, o suspenso, o etéreo.
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Quando ao nono sonho, para saber se teria ou não a ver, seria necessário avaliar quem é esse primo, o que ele representou ou representa e procurar o que ele tem de identidade e diferenças que se mostre significativo. Se ele morou, significa que não mora mais. Mas ressalva-se a raiva e a intenção de matar. A raiva indica energia que precisa ser trabalhada, principalmente, na intensidade de matar. Neste caso é conteúdo de origem masculina que precisa ser integrado, disciplinado e aplicado positivamente no dia a dia. Em sonhos anteriores localizei conteúdos que funcionam determinando boicotes na vida de “Alra”. O sonho fala em uma representação, conteúdo, que possui uma relação negativa com ela a ponto de querer matá-la. Se pensarmos, que esse assassinato possa ser simbólico, poderia significar matar o pior ou o melhor dela mesma. Se ele quer matar o pior os sinais são auspiciosos, mas se quer acabar com o seu melhor, realmente funciona com um núcleo dissociado, um fragmento que interfere boicotando seu desenvolvimento. O nome Gustavo significa bastão de combate ou cetro do rei e indica uma pessoa impetuosa e tão segura de si que às vezes pode parecer arrogante. E ele morava na casa de “Alra”. Hoje é sem casa, sem teto, mas pode continuar a agir já que tem energia acumulada para sentir raiva e querer seu aniquilamento. Possivelmente é um conteúdo que está associado ao seu lado competitivo, impulsivo, prepotente e arrogante. Para concluir: Se essas associações fizerem sentido e se estiverem corretas, possivelmente, quando “Alra” aciona ou se permite ser dominada por pulsões que a levam a comportamento de arrogância, presunção, prepotência, orgulho e competição, ela mobiliza em si conteúdos destrutivos, reativos e impulsivos que a descompensam impedindo-a de circular de forma mais harmoniosa pelo mundo.

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A primeira parte do décimo sonho é singular e particularmente significativa em sua dinâmica. É extraordinário ver a construção de um sonho que coloca o sujeito inserido em uma situação crítica que lhe exija, de forma decisiva, uma tomada de atitude frente ao risco. Na vida real existem acontecimentos significativamente tão decisivos, ou momentos tão graves, que exigem todo o melhor de nós, e quando superamos esses momentos saímos deles diferenciados, pois já não somos os mesmos. Essa é a importância que dei a esse sonho. Ele contraria a postura passiva de vítima e exige o melhor de “Alra”. E ela consegue acumular força para não sucumbir ao medo ou ao pânico, de forma que enfrenta o desafio e sai transformada. Esse é para mim foi um sonho de transformação e de metamorfose. A energia aprisionada em nossa tensão, bloqueada pelas defesas, em amarras que nos aprisionam, são como que superadas e transformadas e uma nova força surge, percorre o corpo e focaliza a ação. O fenômeno no corpo é a superação da paralisia. O corpo inerte e aprisionado, submetido ao domínio, onde o sujeito não consegue aglutinar sua força e nem focalizá-la, se supera e mobilizando-a, aglutinando essa energia, transforma-a de difusa, fora de controle, em concentrada e direcionada. Isso é o que costumo chamar de um ato de poder, um passo de aglutinação da energia pessoal. Quando “Alra” diz: “Uma força estranha surgiu em mim... Instantaneamente aquela já não era mais eu” fica visível que ela se transformou e avançou. Este é o desígnio. Somos uma energia bruta, dispersa, difusa, que busca foco e transformação.
A segunda parte do sonho pode ser ainda mais extraordinária. Frente à transformação vivida, a vida como que agracia o sujeito com um momento de magia e, no caso de “Alra”, ela consegue ver a rede que a une ao passado, a conexão de sua vida com o “tempo do não tempo”, com o todo sempre, que passando, está, como que, no seu presente. Ela é agraciada com um mistério decifrado. Neste aspecto, Jesus somos todos nós. Jesus vive em cada um de nós, porque a história Dele é a da humanidade, a qual reina em cada ser humano enquanto renúncia e sacrifício, como símbolo do sagrado, como o pão que alimenta e o vinho que alivia nossas dores nos dando vida. Cristo é mais do que um símbolo, é arquétipo de desígnio de nossas vidas: representa renúncia, referência de princípios construídos na formação do homem social, paradigmática da evolução do primitivo predador para o coletivo protetor, sacrifício para a superação e educação de nosso lado sombra, renascimento, transformação da matéria em luz e realização do nosso desígnio. “Era como se eu tivesse tomando rápido conhecimento de todas as aparências de rosto que tive de encarnação a encarnação.” Essa é a graça recebida pelo comportamento impecável que a vida nos exige. Mas lembrei-a que quando superamos um obstáculo, um desafio, outros se seguirão. Essa foi a leitura realizada de seus sonhos.

COLABORAÇÃO ESPECIAL: M. EDUARDO
APOIO: A_LINGUAGEM_DOS_SONHOS

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